Comissão quer reunião com o governo para tratar de salários no
HPS
A Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de
Minas Gerais vai marcar uma reunião com o Governo do Estado na
tentativa de negociar uma remuneração diferenciada para os médicos
do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), em função da
complexidade dos atendimentos feitos na unidade. A decisão foi
tomada durante visita da comissão ao hospital nesta terça-feira
(25/11/08), quando os deputados Carlos Mosconi (PSDB) e Doutor
Rinaldo (PSB) ouviram as reivindicações dos médicos. Os
profissionais reconhecem que houve melhorias na estrutura do
hospital, com obras que estão em curso desde 2005 e com a aquisição
de novos equipamentos, mas queixam-se de que as condições salariais
não acompanharam essas melhorias.
Na visita os deputados foram acompanhados pelo
presidente da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Luís
Márcio Araújo Ramos; pelo diretor do HPS, Antônio Carlos de Barros
Martins; e por vários médicos do hospital. Eles percorreram as áreas
que foram reformadas, como as salas de recuperação pós-operatória,
de neurologia, de emergências clínicas, politraumas, toxicologia e a
UTI. Está previsto ainda o início de funcionamento de um segundo
tomógrafo no dia 15 de dezembro.
Os médicos ponderam, no entanto, que as melhorias
não foram suficientes para atrair profissionais para o hospital. Na
opinião deles, o último concurso realizado pela Fhemig foi um
fracasso, porque vários médicos aprovados não tomaram posse e outros
pediram exoneração com pouco tempo de trabalho. Mesmo assim, a
renovação, segundo o gerente de Terapia Intensiva do HPS, Athos
Victor Gomes, foi de 70% com o concurso.
Defasagem salarial acarreta déficit nas equipes
médicas
Para o diretor do Sindicato dos Médicos, Jacó
Lampert, a defasagem salarial no HPS, que é um dos maiores hospitais
de urgência e emergência da América Latina, acarreta outros
problemas, como o déficit na composição das equipes. "É um problema
muito sério: o colega chega aqui para dar um plantão de extrema
complexidade, e onde deveriam estar três ou quatro colegas, tem no
máximo um", explica Lampert. Ele acrescentou que o salário-base pago
a um médico da Prefeitura de Belo Horizonte chega a ser 34,75% maior
que o de um médico da Fhemig, que seria de R$ 2.400. O presidente da
fundação discordou desse dado e disse que a diferença seria de 10%.
Ele também argumentou que o médico da Fhemig recebe outras
gratificações, como as pagas por plantões, por exemplo. Luís Márcio
Ramos também citou a carreira dos médicos, criada em 2005, como um
avanço para a categoria. Os argumentos do presidente da Fhemig não
convenceram os médicos que acompanhavam a visita. Para eles, abono é
diferente de salário. "Os abonos são descontados na aposentadoria e
quando o médico falta porque está doente", explicou Solange
Magalhães. Luís Márcio Araújo Ramos informou, no entanto, que o
orçamento da Fhemig não comporta um reajuste para este ano, embora
ele concorde com a necessidade de diferenciação salarial. Ele
acrescentou que foram investidos mais de R$ 40 milhões na melhoria
das condições físicas do HPS.
Piso nacional - O deputado
Doutor Rinaldo sugeriu que fosse estudada uma forma de desvinculação
do HPS da rede Fhemig para que os médicos do hospital pudessem
receber um salário maior. Os médicos discordaram de uma
desvinculação de gestão e disseram que a categoria luta pela
recomposição das perdas do piso salarial nacional. "Somos favoráveis
a uma diferenciação na remuneração dos médicos do HPS, mas não no
vencimento básico", explicou Jacó Lampert. O deputado Carlos Mosconi
concordou que o salário dos médicos brasileiros é uma "tragédia" e
defendeu que a diferença salarial para os médicos do HPS seja feita
por meio de abono. Paralelamente a isso, a categoria deve continuar
se mobilizando por um salário-base melhor. Uma paralisação dos
médicos do hospital está prevista para esta quinta-feira (27).
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; e Doutor Rinaldo (PSB).
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