Especialistas apóiam agência reguladora do saneamento

Representantes da Copasa, do Ministério Público, do Executivo e de entidades civis apoiaram a criação de uma agência ...

25/11/2008 - 00:02
 

Especialistas apóiam agência reguladora do saneamento

Representantes da Copasa, do Ministério Público, do Executivo e de entidades civis apoiaram a criação de uma agência reguladora dos serviços de saneamento básico em Minas Gerais. Eles participaram de audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (25/11/08), que teve como objetivo debater a criação de entidade reguladora prevista na Lei Federal 11.445, de 2007, que dispõe sobre o saneamento básico no Brasil. Os parlamentares presentes na reunião também se posicionaram favoravelmente à criação do mecanismo regulador.

O promotor de Justiça José Antônio Baeta de Melo Cançado afirmou que, como está prevista na legislação federal, a criação de entidade reguladora não é uma opção do poder público, mas uma obrigação que deve ser cumprida. Ele explicou que uma agência regional pode ser criada pelo Estado e que os municípios podem aderir para que o saneamento básico local seja também regulado pela entidade. "Acredito que através de um trabalho de conscientização desenvolvido pela Assembléia Legislativa a grande maioria dos municípios vai optar por ter seus serviços regulados pela futura entidade", disse.

José Antônio Baeta explicou que, de acordo com a legislação federal, a agência reguladora deverá ter independência decisória, autonomia administrativa, orçamentária e financeira e transparência nas decisões. Segundo ele, a criação da entidade irá contribuir para garantir o cumprimento dos direitos presentes nos contratos que delegam os serviços de saneamento básico, para a construção de alternativas de assistência aos municípios e para a criação de mecanismos reguladores dos serviços.

Representantes da Copasa também se declararam favoráveis à criação da agência reguladora. O gerente do Departamento Estratégico da Copasa, Juarez Pereira Panisset, considerou que a empresa está participando ativamente das discussões sobre a implantação da agência e também sobre a política estadual de saneamento básico. Ele lembrou que a Lei 11.445 ainda é recente e que a empresa está se adaptando a nova legislação. "Para nós, a agência irá evidenciar para a população a qualidade do serviço prestado pela Copasa", considerou. Já o superintendente de Saneamento da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), João Ubirajara Nogueira, afirmou que o governo estadual apóia a criação de mecanismos que irão contribuir para o desenvolvimento do saneamento básico em Minas Gerais.

Agência deve garantir defesa dos direitos dos consumidores

A representante da Associação de Defesa dos Consumidores (Adec), Liza Prado, afirmou que a agência deve funcionar como um mecanismo para a defesa dos direitos dos consumidores. Entretanto, ela alertou para o fato de que várias das agências criadas, principalmente no âmbito federal, prometiam atuar no combate à corrupção na administração pública, mas acabaram representando uma experiência amarga para a população.

Já o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), Márcio Tadeu Pedrosa, afirmou que a agência terá uma contribuição fundamental para a universalização do saneamento básico no Brasil. Segundo ele, a Abes está participando das discussões da criação da entidade nas Assembléias Legislativas de vários Estados. Márcio Tadeu Pedrosa afirmou ainda que é importante repassar essa discussão para os prefeitos e para os municípios para que eles conheçam a legislação e a possibilidade de aderir ou não à regulação da agência estadual.

O presidente da Comissão de Assuntos Municipais e autor do requerimento para realização da reunião, deputado Weliton Prado (PT), destacou que as empresas prestadoras do serviço de saneamento básico, como a Copasa, não podem se auto-regulamentar, sendo necessária a criação da agência. Para o parlamentar, a nova entidade vai contribuir para coibir os abusos que acontecem na cobrança das tarifas. Weliton Prado defendeu a instituição de uma força-tarefa no Estado com o objetivo de acelerar a implantação da entidade reguladora em Minas Gerais. "Vamos levar essa discussão às várias regiões do Estado", afirmou.

O deputado Carlos Pimenta (PDT) considerou que a Copasa tem um papel importante no desenvolvimento do Estado, mas que falta um controle sobre o que acontece dentro da empresa. O parlamentar afirmou que é preciso que a empresa tenha uma maior transparência e preste contas à população. "Eu sou deputado e não tenho acesso aos lucros da Copasa, por exemplo", destacou.

Os deputados Ademir Lucas (PSDB) e Fábio Avelar (PSC) lembraram que a agência deverá regulamentar não somente a Copasa, mas os serviços prestados por municípios e por empresas particulares. "Não existe controle na qualidade da água fornecida à população pelas empresas municipais e pelas empresas privadas", afirmou Fábio Avelar. Já o vice-presidente da comissão, deputado Ronaldo Magalhães (PSDB), considerou que é preciso tomar as medidas necessárias para a criação da agência.

Requerimento - Os deputados Fábio Avelar e Carlos Pimenta apresentaram requerimento, que deve ser aprovado na próxima reunião da comissão, para que seja enviado ofício à Sedru solicitando estudos para a criação e implantação da agência reguladora.

Ministério Público sugere criação de fundo

O subsídio cruzado foi outro assunto debatido na reunião. O promotor de Justiça José Antônio Baeta fez críticas ao chamado subsídio cruzado aplicado pela Copasa, em que as populações de municípios mais ricos, como Belo Horizonte e Contagem, pagam uma conta mais cara, subsidiando parte do serviço em municípios mais pobres. Ele sugeriu que fosse criado um fundo estadual para custear a universalização dos serviços de saneamento básico no Estado. Segundo ele, o fundo poderia receber recursos provenientes das receitas de arrecadação, sendo que a população teria mais clareza sobre a aplicação dos valores pagos nas cotas da Copasa.

Entretanto, o analista da Assessoria Técnica da Copasa, Ronaldo Resende Pereira, defendeu a manutenção do subsídio cruzado. Para ele, é essa forma de cobrança que vem viabilizando a prestação dos serviços de saneamento básico no Norte de Minas. "O subsídio cruzado é um mecanismo de justiça social", afirmou. Segundo Ronaldo Pereira, a cobrança do subsídio cruzado está prevista na Lei 11.445.

Durante sua fala, o promotor de Justiça fez ainda outras críticas à Copasa, em especial, ao cálculo do valor das tarifas feito pela empresa. De acordo com ele, hoje não existe transparência no valor cobrado para a prestação do serviço pela Copasa, sendo que não há quem fiscalize esses valores. "A Sedru apenas homologa os valores apresentados pela Copasa, não fazendo nenhuma pesquisa ou estudo sobre a pertinência dos números apresentados", considerou.

O gerente do Departamento Estratégico da Copasa, Juarez Pereira Panisset, afirmou que, graças à vigilância feita pelo Ministério Público e por outras entidades, a empresa vem continuamente aperfeiçoando a forma de cobrança pelos serviços prestados. Ele lembrou que é preciso debater a regulamentação de todo o setor e não apenas da Copasa. Já o analista da Copasa Ronaldo Resende Pereira disse que a empresa está preocupada em atender todas as demandas, mas é preciso um tempo para se adequar às regras estabelecidas pela nova legislação.

Presenças - Deputados Weliton Prado (PT), presidente; Ronaldo Magalhães (PSDB), vice-presidente; Ademir Lucas (PSDB), Fábio Avelar (PSC) e Carlos Pimenta (PDT); e além dos convidados já citados, o gerente do Departamento de Novos Negócios da Copasa, Cláudio César Dotti; o membro do Conselho Diretor da Associação dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), Carlos Henrique de Melo; o assessor ambiental da Associação Mineira de Municípios (AMM), Licínio Eustáquio Xavier; e o assessor ambiental da AMM, Marcelo Albano Morais.

 

 

 

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