Diferença para pagamento à vista ou com cartão divide opiniões

O projeto de lei federal que pretende permitir a cobrança de preços diferentes em vendas com pagamento à vista ou com...

20/11/2008 - 00:01
 

Diferença para pagamento à vista ou com cartão divide opiniões

O projeto de lei federal que pretende permitir a cobrança de preços diferentes em vendas com pagamento à vista ou com cartão de crédito dividiu opiniões na reunião da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (20/11/08) pela manhã. Hoje essa cobrança diferenciada é proibida. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) é favorável à proposta, pois defende que o consumidor tem o direito de escolher a forma de pagar. Já as empresas de cartão de crédito e o Ministério Público (MP) são contrários à medida e alegam, respectivamente, violação do princípio da livre concorrência e prejuízos para o consumidor.

O presidente da comissão, deputado Délio Malheiros (PV), que solicitou a reunião, acompanhou a posição do MP. Para ele, o projeto do senador Adelmir Santana (DEM-DF), "abre a porteira" para novos ataques ao Código de Defesa do Consumidor, ao estabelecer que não é abusiva a cobrança de preços diferenciados. Já os deputados Carlos Pimenta (PDT), Antônio Júlio (PMDB) e Fábio Avelar (PSC) elogiaram o Projeto de Lei do Senado (PLS) 213/07, opinando que ele beneficia o consumidor ao permitir que o comércio conceda descontos para o pagamento à vista de produtos e serviços sem infringir determinações legais.

Reunião revela falta de consenso sobre o assunto

A defesa inicial do PLS 213/07 foi feita pelo senador Adelmir Santana, para quem o projeto propiciará transparência nas relações de consumo e redução de preços. Na avaliação do parlamentar, a medida permitirá que as empresas retirem do preço à vista das mercadorias os custos relativos aos cartões de crédito. Entre esses custos, estão os referentes à cobrança de taxas de administração, telefonia e aluguel de equipamentos. "Hoje, todos estão pagando por um serviço que não é de todos. Isso é subsídio cruzado", opinou.

O vice-presidente da CDL, Salvador Ohana, enfatizou que o projeto permitirá que o consumidor exercite seu direito de escolher a forma de pagamento. Lembrando que os preços cobrados à vista pelo comércio têm embutidos os custos financeiros do cartão de crédito, Ohana prevê que, com a aprovação do projeto, o comerciante poderá dar desconto sem infringir o Código de Defesa do Consumidor.

O posicionamento contrário veio do MP e das empresas de cartão de crédito. O coordenador da Área de Finanças do Procon Estadual, promotor Alexandre Motta Benevides, declarou que, caso o projeto vire lei, ele vai gerar "insegurança jurídica gravíssima". Repetindo argumento usado pelo deputado Délio Malheiros, o promotor questionou como ficará a situação dos contratos atualmente em vigor, firmados entre administradoras de cartão de crédito e consumidores e entre aquelas e o comércio. Esses contratos determinam que a cobrança do preço à vista tem que ser igual à do cartão. "Isso criará uma enxurrada de demandas jurídicas", avaliou.

Em contraposição à fala do autor do projeto, Benevides estimou que o cenário futuro não seria de redução do preço das mercadorias, mas sim da aplicação de um preço à vista e outro, mais elevado, no cartão. O promotor afirmou que o problema atual é de custo de operação do cartão de crédito e envolve tão somente empresas e administradoras. "O Código de Defesa do Consumidor precisa de cumprimento e não de alterações", enfatizou, pedindo que deixem a lei "em paz".

Para o vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Anastácio Ramos, o PLS 213/07 tem conseqüências negativas. Ele avalia que ocorrerá a quebra do princípio da livre concorrência e iniciativa, lembrando ainda que não há garantias de transparência na formação dos preços nem como regular e controlar o repasse do custo do cartão.

Deputados comentam - Dos deputados presentes à reunião, Carlos Pimenta, Antônio Júlio e Fábio Avelar elogiaram o PLS 213/07. Todos enfatizaram o direito do consumidor de ter descontos, dependendo da modalidade de pagamento. "Estou vendo o projeto como consumidor", disse Pimenta. Já o deputado Antônio Júlio declarou-se defensor dos comerciantes, que devem ter respaldo legal para oferecerem descontos. A mesma opinião tem o deputado Fábio Avelar, que opinou ter, sim, o Poder Legislativo a competência para resolver o impasse.

O posicionamento contrário veio do deputado Délio Malheiros. Para ele, essa questão deve ser resolvida entre as empresas e as administradoras de cartões de crédito. "O consumidor não pode ficar com essa responsabilidade", pontuou, lembrando que os contratos são taxativos ao estabelecerem que o mesmo preço à vista deverá ser cobrado na compra com cartão.

Requerimentos - O deputado Fábio Avelar apresentou requerimento, a ser aprovado em outra reunião, de audiência pública para discutir estratégias de divulgação de fabricante do equipamento eliminador de ar em tubulações. O parlamentar opinou que a propaganda induz o consumidor a pensar que, usando o equipamento, terá garantida a redução do valor da conta. Segundo Avelar, a propaganda não informa as situações em que o aparelho é eficiente.

O deputado Antônio Júlio também pediu audiência para discutir projeto que permite a inclusão, no Cadastro Informativo de Inadimplência em Relação à Administração Pública (Cadin), de qualquer contribuinte devedor de imposto, independentemente do valor do débito.

Presenças - Deputados Délio Malheiros (PV), presidente; Fábio Avelar (PSC), Antônio Júlio (PMDB), Carlos Pimenta (PDT) e Inácio Franco (PV).

 

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