Estado vai negociar melhorias salariais para médicos do João XXIII

O presidente da Fundação Hospitalar do Estado (Fhemig), Luis Márcio Araújo Ramos, afirmou que o governo pretende nego...

19/11/2008 - 00:02
 

Estado vai negociar melhorias salariais para médicos do João XXIII

O presidente da Fundação Hospitalar do Estado (Fhemig), Luis Márcio Araújo Ramos, afirmou que o governo pretende negociar melhorias salariais para os médicos que trabalham no Hospital João XXIII. O assunto foi discutido, nesta quarta-feira (19/11/008), em reunião da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que contou com a participação de representantes dos médicos, que cobraram melhoria salarial e denunciaram a evasão de profissionais devido à baixa remuneração. O presidente da Fhemig disse que é a favor da possibilidade de que os médicos da instituição recebam vencimento maior que os profissionais de outras unidades de atendimento do Estado por causa da maior complexidade dos atendimentos prestados. Os deputados presentes apoiaram as reivindicações da categoria.

Luis Márcio Ramos afirmou que o governo conhece as dificuldades dos profissionais e está disposto a negociar melhorias nos vencimentos, sendo que uma reunião para debater esse assunto com o secretário de Saúde está agendada para a tarde desta quarta-feira (19). Segundo ele, o João XXIII é um hospital referência, e sua estrutura deve ser voltada para o atendimento dos casos de maior complexidade.

Ele defendeu que seus profissionais tenham uma política remuneratória diferenciada dentro do Estado, pois eles atendem situações de maior complexidade. "Nós estamos atentos para todas as necessidades do hospital. Desafios existem, mas estamos fazendo um grande esforço diário para que os problemas sejam resolvidos", considerou. O diretor do Hospital João XXIII, Antônio Carlos de Barros Martins, considerou que os profissionais que trabalham na instituição são diferenciados, já que o serviço prestado nos casos de maior complexidade exige uma maior qualificação dos médicos.

Plano de carreiras - O presidente da Fhemig lembrou que o Estado já vem fazendo um esforço para melhorar a situação salarial dos médicos, e citou como exemplo a implantação do plano de carreiras em 2005. Ele apresentou uma comparação entre os salários recebidos pelos médicos em municípios como Betim, Contagem e Belo Horizonte e os profissionais da Fhemig. Segundo ele, a remuneração (salário e abono emergência) do médico do João XXIII é de R$ 4.041,00, só inferior ao valor recebido pelos profissionais de Belo Horizonte, que é de R$ 4.096,00.

Entretanto, os representantes dos médicos contestaram os valores apresentados pelo representante do Executivo. O presidente do Sindicato dos Médicos, Cristiano Gonzaga da Matta Machado, afirmou que o salário-base dos médicos da Fhemig é hoje inferior ao salário pago, por exemplo, pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Segundo ele, enquanto os médicos da Fhemig têm um salário-base de cerca de R$ 2.400,00 os profissionais da PBH recebem cerca de R$ 3.200,00. Cristiano Gonzaga também destacou que conquistas como o plano de carreira somente foram obtidas após luta travada pela categoria.

O cirurgião-geral do Hospital João XXIII, Guilherme Durães Rabelo, e o chefe de Cirurgia Plástica e Queimados da Rede Fhemig, Carlos Eduardo Leão, lembraram que os abonos pagos atualmente pelo Executivo aumentam o salário, mas depois não são incorporados na aposentadoria dos médicos. Para Guilherme Durães, não é certo que os médicos do João XXIII recebam menos que os profissionais da PBH. "Nós estamos vivendo uma situação limite", afirmou.

Parlamentares defendem melhorias salariais

Os parlamentares presentes na reunião apoiaram as reivindicações de melhoria salarial feitas pelos médicos do Hospital João XXIII. O autor do requerimento para a realização da reunião, deputado Doutor Rinaldo (PSB), lembrou a importância que o hospital tem para o atendimento dos casos de urgência e alta complexidade no Estado e, principalmente, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. "Imaginem os danos que poderiam ser causados à população se os médicos entrassem em greve", destacou.

O deputado Ruy Muniz (DEM) sugeriu que os adicionais recebidos pelos médicos, como o abono de emergência, fossem incorporados ao salário, para que os profissionais não passem a receber, no momento da aposentadoria, um valor inferior. "Acredito que a adoção dessa medida já contribuiria para a solução de parte das demandas da categoria", considerou. Os deputados Hely Tarqüínio (PV), vice-presidente da comissão, e Carlos Pimenta (PDT) também defenderam a valorização dos médicos e dos outros profissionais da saúde para a melhoria do atendimento à população.

O presidente do Sindicato dos Médicos, Cristiano Gonzaga, lembrou que os baixos salários podem chegar a comprometer o atendimento à população prestado no Hospital João XXIII, apesar de todos os esforços feitos pelos médicos. Segundo ele, atualmente existe falta de profissionais no hospital, já que no último concurso realizado pelo Estado apenas 60% das vagas foram preenchidas, sendo que 5% desses profissionais já saíram do hospital devido aos baixos salários. "Sem uma política salarial adequada não há como fixar o médico no hospital. Quando a remuneração é justa não existe falta de profissional", destacou.

Essa posição também foi defendida pela vice-diretora clínica do Hospital João XXIII, Solange Magalhães. Segundo ela, a falta de profissionais devido aos baixos salários está sobrecarregando os médicos do hospital, que acumulam volume de trabalho que seria para dois ou três profissionais. "O concurso público não resolveu nosso problema porque os médicos não estão ficando no hospital", afirmou.

Reformas do João XXIII devem ser concluídas em 2010

Na reunião, o presidente da Fhemig falou ainda sobre os investimentos que estão sendo feitos pelo Executivo para melhoria da estrutura física e de equipamentos do Hospital João XXIII. Segundo ele, até 2010 estarão concluídas as reformas de todo o hospital. "Essa reforma, além de modernizar o hospital e melhorar as condições para os médicos e pacientes, foi também uma medida sanitária", afirmou. Ele também falou sobre os novos equipamentos que estão sendo comprados para a instituição.

Segundo Luis Márcio Araújo Ramos, o João XXIII possui atualmente 455 leitos, recebendo cerca de 11 mil pacientes por ano. O CTI do hospital disponibiliza 97 leitos para adultos e recebe cerca de 2.500 pacientes anualmente. "O João XXIII é um hoje um dos melhores hospitais do País, e estamos fazendo um esforço para que o atendimento seja cada vez mais direcionado aos casos de maior complexidade", considerou. De acordo com ele, atualmente cerca de 40% dos pacientes que chegam ou ainda são encaminhados ao hospital deveriam ser atendidos em outras unidades.

Os representantes dos médicos destacaram a importância das reformas que estão sendo feitas no hospital. Cristiano Gonzaga reconheceu que a reforma do João XXIII é um avanço importante e está sendo feita de uma maneira em que não prejudica o atendimento aos pacientes. Já Solange Magalhães lembrou que as instalações e os equipamentos novos são importantes, mas de nada servem se faltarem profissionais no hospital para colocá-los em utilização.

Na reunião, foi aprovado ainda requerimento de autoria dos deputados Doutor Rinaldo, Hely Tranqüínio e Ruy Muniz para que seja agendada visita ao Hospital João XXIII, para verificar os problemas que foram discutidos da reunião.

Presenças - Deputados Hely Tarqüínio (PV), vice-presidente; Carlos Pimenta (PDT), Doutor Rinaldo (PSB), Ruy Muniz (DEM) e Elmiro Nascimento (DEM). Também participaram da reunião o diretor assistencial da Fhemig, Alcyr Moreira dos Santos Pereira; o diretor de Planejamento, Gestão e Finanças da Fhemig, Ricardo Luiz de Guimarães; e o médico plantonista do João XXIII, André Felipe Zuccolo Barragat.

 

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