Setor de reforma e reciclagem de pneus reivindica medidas de incentivo

A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai solicitar do Executivo ...

19/11/2008 - 00:02
 

Setor de reforma e reciclagem de pneus reivindica medidas de incentivo

A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai solicitar do Executivo que adote medidas de incentivo ao setor de reforma e reciclagem de pneus. Requerimento nesse sentido foi aprovado nesta quarta-feira (19/11/08) como resultado da audiência pública que discutiu as demandas do segmento.

Entre as medidas, sugeridas pelas próprias empresas, destacam-se a regulamentação do setor, com apoio creditício; a concessão de status de "indústria verde" ao ramo; a eliminação ou a isenção da Taxa de Fiscalização Ambiental (TFA); mais fiscalização da atividade e a implantação de um sistema estadual de recolhimento de pneus.

De autoria do presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), o requerimento é dirigido ao secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho. Também autor do requerimento da reunião, Souza Cruz destacou que a audiência foi emblemática para esclarecer a sociedade sobre a importância do setor para a preservação ambiental. Na avaliação dele, o potencial desse ramo é, mais que inexplorado, desconhecido. Ele informou que está pronto para ser apreciado pelo Plenário, em 1º turno, o Projeto de Lei (PL) 40/07, que incentiva a produção de asfalto com o uso de pneus inservíveis. Do deputado Gustavo Valadares (DEM), a proposição aproveitou idéias de projeto de Souza Cruz apresentado em 1999.

O Brasil é o segundo maior mercado de reforma de pneus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos - onde uma lei prevê que 30% da frota de automóveis rodem com pneus reformados. O setor no Brasil fatura R$ 4 bilhões anualmente, gerando cerca de 50 mil empregos diretos e 160 mil indiretos. Em Minas, são mais de 10 mil empregos diretos gerados com a atividade. Estima-se que o número de pneus de automóveis reformados no País chegue a 8 milhões, anualmente.

Empresas buscam certificações e melhorias, mas muitos ainda estão na informalidade

O presidente e o gerente-executivo da Associação Mineira de Reformadores de Pneus (Amirp), Paulo César Pereira Bitarães e Ader Fernandes Alves de Pádua, mostraram que as empresas de reforma e reciclagem de pneus têm buscado um novo posicionamento, com ênfase na sua contribuição para o meio ambiente. Apesar de admitirem que muitas empresas estão na informalidade em Minas, os diretores da Amirp lembraram que o setor tem buscado certificações ambientais e o aprimoramento das atividades. Hoje há 28 reformadoras registradas no Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) em Minas e 16 certificadas por organismos de certificação de produtos, mas a estimativa é de que existam cerca de 300 empresas de reforma de pneus no Estado.

Entre os aspectos positivos da atividade destacados tanto pela Amirp quanto pelos demais convidados e deputados, destacam-se a contribuição para evitar a disposição inadequada dos pneus na natureza e a sua queima, que libera gases tóxicos na atmosfera; e a retirada do meio ambiente de carcaças que poderiam se transformar em criadouros de mosquitos transmissores de doenças como dengue, febre amarela e malária.

Os deputados Fábio Avelar (PSC), vice-presidente da comissão, e Wander Borges (PSB) também lembraram a importância do setor, defenderam incentivos e mais debate sobre o tema. Já o deputado Inácio Franco (PV) ponderou que ainda há reformadoras que não fazem seu serviço de maneira correta, o que precisa ser corrigido.

Revisão de norma - O assessor da presidência da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Demerval Alves Laranjeira, trouxe uma boa notícia para as empresas. Ele informou que deverá ser apreciada, no fim deste mês, a proposta de revisão da Resolução 258, de 1999, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que trata da coleta e da destinação final dos pneus inservíveis. O presidente da Feam, José Cláudio Junqueira, é o relator da proposta de revisão, que passará pela análise da Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos do Conama.

Entre as mudanças previstas, está a permissão de armazenamento temporário de pneus triturados, o que poderá contribuir para ampliar o poder de negociação das empresas; e medidas para promover maior articulação de todos os agentes que participam das etapas de coleta, armazenamento, transporte e destinação final do produto.

A analista ambiental Ubaldina Isaac, responsável pela área de licenciamento ambiental do Ibama em Minas, informou sobre o trabalho de apreensão de pneus inservíveis no Estado.

Analisado PL que ajusta decreto ambiental para permitir expansão de "vetor norte"

Está pronto para o Plenário, em 1º turno, o PL 1.444/07, do governador, que modifica o Decreto 20.597, de 1980, que dispõe sobre área de preservação em Lagoa Santa, Pedro Leopoldo e Matozinhos. Com o projeto, o governo pretende implementar ações para desenvolver o chamado "vetor norte" na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

A comissão aprovou parecer favorável do deputado Sávio Souza Cruz, que ressaltou ser necessária a revisão urgente do decreto. Segundo ele, a expansão urbana dos municípios, da mineração e das áreas industriais tem superado a capacidade de fiscalização dos governos estadual e federal para a Área de Proteção Especial (APE) Carste Lagoa Santa. Ele apresentou o substitutivo nº 2, que incorpora propostas apresentadas em audiência da comissão e também pelo próprio Executivo. Para ele, o substitutivo passa a trazer regras claras para a preservação e a ocupação racional dos espaços da APE. O parecer informa que o governo, após reação desfavorável de setores organizados da sociedade, acabou propondo mudanças no texto enviado originalmente à Assembléia, depois de ouvir diversos segmentos, entre eles ONGs e Ministério Público.

De acordo com o substitutivo, a ementa do decreto passa a definir APE compreendendo o município de Confins e partes dos municípios de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Matozinhos, Funilândia e Prudente de Morais.

Conteúdo - O substitutivo organiza as regras de proteção da área. Desta forma, enumeram-se como Áreas de Preservação Permanente (APPs), entre outras, aquelas necessárias à proteção do patrimônio arqueológico, paleontológico, espeleológico, da flora e fauna endêmica ou ameaçada de extinção e também à criação de corredores ecológicos e à conservação prioritária da biodiversidade. O projeto dá o prazo de 180 dias após a publicação da lei para que o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) delimite essas áreas objetivamente.

Também são definidas regras para supressão e exploração de vegetação nativa nas áreas não declaradas de preservação permanente. O substitutivo determina que a supressão e a exploração atendam aos seguintes critérios: a implantação de empreendimentos novos se dará, preferencialmente, em áreas já substancialmente alteradas ou degradadas; a emissão de autorização para exploração ou supressão de vegetação nativa estará condicionada à anuência do conselho consultivo da Área de Proteção Ambiental (APA) Carste Lagoa Santa; além de compensação ambiental por meio instituição de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), de área equivalente em extensão e características ecológicas à área a ser desmatada, dentro da APE.

Quanto às regras de compensação ambiental propostas pelo governo, o relator acrescentou mais uma opção, permitindo, em casos de difícil solução interna da compensação, a doação ao Estado de áreas pendentes de regularização fundiária em Unidades de Conservação (UCs) de domínio público estaduais. Também é regulada a outorga de água e o licenciamento de novos empreendimentos, exigindo-se do Copam a formação de cadastro georreferenciado de sítios arqueológicos, espeleológicos e paleontológicos.

O substitutivo propõe também alterar o artigo 1º do decreto para que ele tenha o mesmo texto do memorial descritivo que consta em decreto federal que define o perímetro da APA federal Carste de Lagoa Santa. O objetivo é corrigir a sobreposição dos perímetros da APE estadual, criada em 1980, e da APA federal, criada em 1990, mas com o mesmo objetivo.

Projeto do Fhidro está pronto para ser votado pelo Plenário em 1º turno

Outro projeto que passou pela comissão nesta quarta foi o PL 1.888/07, do governador, que dispõe sobre a utilização de recursos do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas (Fhidro), de que trata a Lei 15.910, de 2005. O objetivo do projeto original é autorizar a utilização dos recursos para custear a criação e implantação de Unidades de Conservação (Ucs) destinadas à proteção de recursos hídricos, mas ele recebeu três substitutivos durante a tramitação.

O deputado Sávio Souza Cruz apresentou parecer sobre a emenda nº 1, apresentada em Plenário pelo deputado Almir Paraca e pela deputada Elisa Costa, do PT, durante a discussão da matéria em 1º turno. O relator opinou pela aprovação do projeto na forma do substitutivo nº 3, da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, com a subemenda nº 1 à emenda nº 1 e com as emendas nºs 2 a 5, que apresentou. Agora a proposição está pronta para o Plenário.

Entenda o projeto - O substitutivo nº 3 incorpora sugestões do Executivo e propõe várias alterações no Fhidro. Entre elas, que o volume de recursos a serem aplicados na modalidade não reembolsável passe de 55% para, no mínimo, 70% do volume total de recursos alocados no fundo; e que a responsabilidade de atuar como agente financeiro dos recursos não reembolsáveis, a cargo do BDMG, passe a ser da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

O substitutivo também determina que, na aplicação de recursos não reembolsáveis, será dada prioridade a projetos que tenham a finalidade de implantar os instrumentos de gestão de recursos hídricos previstos na legislação e de proteger, conservar e recuperar bacias; que a criação e a estruturação de UCs poderão ser custeadas utilizando-se superávits financeiros apurados ao término de cada exercício fiscal; e que poderão ser utilizados recursos não reembolsáveis para financiar projetos que visem à destinação final de resíduos sólidos urbanos.

Conteúdo das emendas

As emendas nºs 2 a 4 estabelecem as seguintes medidas: incluir, entre as prioridades do Fhidro, o financiamento de projetos que visem à proteção e à recuperação de áreas de recarga de aqüíferos e de áreas com mananciais estratégicos para o abastecimento público de água; estender aos municípios a possibilidade de utilizarem recursos do Fhidro para a criação e estruturação de unidades de conservação, de domínio público, que sejam relevantes para a preservação das águas; e criar nova modalidade de unidade de conservação que tenha por finalidade a proteção de áreas de recarga de aqüíferos ou com mananciais considerados estratégicos para a garantia do abastecimento público de água.

A emenda nº 5 adéqua, segundo a técnica legislativa, o dispositivo que estabelece prazo para a vigência do Fhidro, mantendo-se a data de 2017.

A subemenda nº 1 à emenda nº 1 dá nova redação aos incisos III, IV e VII do artigo 4º da lei, a que se refere o artigo 1º do substitutivo nº 3. O artigo 4º lista quem poderá ser beneficiário dos programas financiados pelo Fhidro. A subemenda lista entre os beneficiários as concessionárias de serviços públicos municipais que tenham por objetivo atuar nas áreas de saneamento e meio ambiente (inciso III); os consórcios intermunicipais regularmente constituídos que tenham por objetivo atuar nas áreas de saneamento e meio ambiente (inciso IV); e as seguintes entidades civis: consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; associações de usuários de recursos hídricos; organizações técnicas de ensino e pesquisa e organizações não-governamentais (inciso VII).

Relator explica - Segundo o relator, na lei em vigor os incisos III e IV estabelecem como aptos a receber recursos as concessionárias de serviços públicos municipais e os consórcios intermunicipais que atuam nas áreas de saneamento e de meio ambiente diretamente relacionadas aos recursos hídricos. No substitutivo nº 3, retira-se a exigência dessa atuação. Já a emenda nº 1 visa suprimir a proposta de alteração do inciso III. Para o relator, no entanto, deve-se retirar do texto do projeto apenas a obrigatoriedade de relação direta com recursos hídricos, para evitar a exclusão de atividades relevantes como a destinação final de resíduos sólidos e a recomposição de matas nativas.

Na lei em vigor, o inciso VII define como beneficiárias do Fhidro as demais organizações civis de que trata a política estadual de recursos hídricos (ou seja, consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas, associações de usuários de recursos hídricos, organizações técnicas de ensino e pesquisa e ONGs na área de recursos hídricos). O relator explica que, no substitutivo nº 3, mantêm-se apenas as organizações técnicas de ensino e pesquisa como beneficiárias do Fhidro, excluindo-se as demais. Para ele, não se pode, no entanto, eliminar a possibilidade de participação de entidades civis dedicadas à preservação ambiental. Para sanar essas questões é que ele apresentou a subemenda nº 1.

Requerimentos - A comissão aprovou os seguintes requerimentos: do deputado Fábio Avelar, para realização de Debate Público que avaliará o cumprimento da Meta 2010, que prevê nadar, pescar e navegar no Rio das Velhas; do deputado Délio Malheiros (PV), de realização de audiência para discutir norma da Feam que regulamenta a atividade minerária em Minas; do deputado Neider Moreira (PPS), de realização de audiência pública para discutir resolução do Conama que trata da ligação de energia elétrica em APPs; e do deputado Wander Borges (PSB), de realização de audiência pública em Coronel Fabriciano para discutir projeto da Copasa de construção de estação de tratamento de esgoto na cidade.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Fábio Avelar (PSC), vice; Almir Paraca (PT), Inácio Franco (PV), Wander Borges (PSB) e Alencar da Silveira Jr. (PDT). Também participaram da reunião a diretora de Qualidade do Ipem, Adriane Lacerda, e o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Revenda e de Prestações de Serviços de Reforma de Pneus e Similiares (Sindpneus).

 

 

 

 

 

 

 

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