MP apresentará nova orientação sobre cobrança em conta de luz

Uma nova recomendação será apresentada pelo Ministério Público do Estado (MP), no início de dezembro, para solucionar...

13/11/2008 - 00:01
 

MP apresentará nova orientação sobre cobrança em conta de luz

Uma nova recomendação será apresentada pelo Ministério Público do Estado (MP), no início de dezembro, para solucionar o impasse provocado pelo cancelamento dos contratos de cobranças de outros valores na conta de energia elétrica. A suspensão desses débitos, que são em sua maioria de doações para entidades filantrópicas, atendeu a uma recomendação do MP em resposta a reclamações de colaboradores que continuaram sendo descontados mesmo após o pedido de cancelamento da contribuição. O assunto foi debatido nesta quinta-feira (13/11/08) pela Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, a requerimento do deputado Célio Moreira (PSDB), com a participação de representantes das entidades, do Ministério Público e da Cemig. A recomendação deve levar em conta as posições apresentadas na audiência.

Os deputados apresentaram um requerimento, que deve ser votado na próxima reunião, que resume algumas sugestões do promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, José Antônio Baeta de Melo Cançado. O requerimento faz um apelo ao presidente da Cemig para que a cobrança por meio da conta de luz seja restabelecida e para que a suspensão dos débitos possa ser negociada entre os clientes e a própria Cemig. De acordo com o requerimento, a entidade beneficiada deve ser filiada a algum conselho de assistência social e os contratos só devem ser feitos com entidades sem fins lucrativos.

Sugestão de códigos de barras separados foi descartada

Na primeira recomendação de suspensão dos contratos de cobrança pela Cemig, o Ministério Público sugeria que a conta de luz trouxesse dois códigos de barras - um para a tarifa de energia e outro para as outras cobranças - para facilitar a suspensão de doações quando fosse do interesse do colaborador. A proposta, no entanto, foi considerada inviável pelos representantes da Cemig. O superintendente Márcio Baumgratz afirmou que a inserção de outro código de barras na conta dependeria de um sistema de informática que nem a Cemig e nem os bancos dispõem. O gerente de faturamento da Cemig, Sérgio Freesz, acrescentou que o custo dessa medida também seria bastante alto para as entidades.

O superintendente de Relacionamento Comercial da Cemig, Márcio Baumgratz, defendeu que a solução precisa ser buscada junto ao Ministério Público, ao Procon e à Assembléia Legislativa. "A marca Cemig hoje é mundial e a empresa não pode ter sua imagem associada a procedimentos sobre os quais ela não tem controle", afirmou. Ele explicou que esse controle do sistema de cobrança implica em aumento de custos e que a política da empresa é de reduzir gastos para reduzir tarifas. A sugestão de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) estabelecendo novas condições para os contratos foi rejeitada pelo superintendente da empresa. "O TAC está associado a uma situação de irregularidade e não há irregularidades nos procedimentos da Cemig", enfatizou. Ele esclareceu que a empresa age de acordo com as normas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

José Marcos Soares Souza, presidente da Associação das Entidades do Terceiro Setor, criada a partir da mobilização das entidades que se sentiram prejudicadas com a recomendação do MP, reforçou que até 90% da receita de algumas entidades vêm de doações nas contas de luz. Ele defendeu que as entidades que estão descumprindo os contratos sejam excluídas do processo, evitando medidas que prejudiquem as instituições que agem corretamente.

O deputado Célio Moreira (PSDB) reforçou que a cobrança na conta é interessante para as entidades porque é mais simples, barata e traz comodidade para o colaborador. O deputado Antônio Carlos Arantes (PSC) lembrou que a cobrança na conta de luz traz segurança para as entidades e para os colaboradores. "Muitos oportunistas aparecem para fazer arrecadação em nome de entidades e o dinheiro nunca chega ao destino", concluiu.

Cemig manterá cobranças provisoriamente

Uma nova audiência pública para apresentação de uma solução para o problema foi sugerida pelo deputado Fábio Avelar (PSC). Ele também fez um apelo para que a Cemig continue fazendo as cobranças até que seja encontrada uma solução definitiva para as entidades. A sugestão foi aceita e a audiência deve ser marcada para o início de dezembro, quando o MP irá apresentar a nova recomendação, fruto de acordo entre as partes envolvidas. O deputado Antônio Júlio (PMDB) ficou satisfeito com os resultados da reunião e defendeu a apresentação de um projeto de lei para regulamentar as cobranças feitas pela Cemig. No entanto, a consultoria informou que essa matéria deve ser regulamentada pelas concessionárias, no caso pela Cemig, não cabendo projeto da ALMG.

O deputado Domingos Sávio (PSDB) defendeu que o colaborador tenha a mesma facilidade para contribuir ou para deixar de contribuir. Ele sugeriu que fosse criado um formulário simples de cancelamento da contribuição que pudesse ser protocolado na entidade beneficiada ou em alguma agência da Cemig.

Durante os debates, as entidades com fins lucrativos pediram que fosse prorrogado o prazo de 31 de dezembro dado pela Cemig para as empresas fazerem a migração para outro sistema de cobrança. Além disso, as empresas insistiram para que sejam chamadas para conversar sobre a possibilidade de renovação de seus contratos com a Cemig.

Projeto determina inclusão de dados de empresas na internet

Durante a reunião, a comissão também analisou o Projeto de Lei (PL) 2.758/08, que determina a inclusão dos dados cadastrais das empresas fornecedoras de produtos e prestadoras de serviços que atuam em Minas Gerais em seu endereço eletrônico e nas correspondências encaminhadas aos consumidores. O projeto, do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), recebeu parecer pela aprovação na forma do substitutivo nº 1. O relator foi o deputado Célio Moreira (PSDB).

Originalmente, o PL 2.758/08 estabelece que os provedores de internet que atuam em Minas Gerais devem incluir nas correspondências enviadas aos consumidores e nas suas páginas na internet os seguintes dados: nome empresarial, endereço completo da sede ou filial, telefone de atendimento ao consumidor e o número do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).

O substitutivo ampliou o projeto, determinando que todas as empresas fornecedoras de produtos e prestadoras de serviços devem cumprir a norma. O PL 2.758/08 também prevê punições às empresas no caso de descumprimento.

Requerimentos - Dez requerimentos foram aprovados na reunião, nove deles do deputado Antônio Júlio. Ele pede a realização de reunião conjunta com a Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial para discutir alternativas para a crise que atinge os produtores de leite do Estado e também que sejam enviadas ao Laboratório de Referência Animal (LARA), do Ministério da Agricultura, amostras de leite em pó integral e leite UHT longa vida comercializados no Estado, para análises quanto à adição de soro de leite aos produtos.

O deputado solicitou ainda o envio de pedidos de informações ao secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio Exterior; ao ministro da Agricultura e Abastecimento; ao secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento; ao procurador-geral de Justiça do Estado; ao presidente do Conselho de Administração de Defesa Econômica (CADE); e ao secretário de Estado de Fazenda. O parlamentar quer conhecer as providências tomadas por esses órgãos em relação às conclusões do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou, entre 2001 e 2002, os mecanismos de formação do preço do leite no comércio e na indústria de Minas Gerais.

O deputado Délio Malheiros (PV) apresentou requerimento pedindo a realização de reunião conjunta com a Comissão de Transportes, Comunicação e Obras Públicas para debater a possível implantação de novos postos de pedágio nas estradas de Minas.

Presenças - Deputados Célio Moreira (PSDB), que presidiu a reunião; Antônio Júlio (PMDB); Domingos Sávio (PSDB); Antônio Carlos Arantes e Fábio Avelar, ambos do PSC. Além dos convidados citados na matéria, participaram da reunião o superintendente-geral da Associação de Promoção Humana Divina Providência, Edson Nunes de Oliveira; e o analista da Promotoria de Tutela de Fundações e Entidades de Interesse Social do Ministério Público, Eduardo de Souza Maia.

 

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