Comissão de Meio Ambiente quer aperfeiçoar projeto da Agência RMBH

Em tramitação na Assembléia Legislativa de Minas Gerais desde agosto do ano passado, o Projeto de Lei Complementar (P...

12/11/2008 - 00:02
 

Comissão de Meio Ambiente quer aperfeiçoar projeto da Agência RMBH

Em tramitação na Assembléia Legislativa de Minas Gerais desde agosto do ano passado, o Projeto de Lei Complementar (PLC) 28/07, do governador do Estado, foi alvo de críticas de deputados do PMDB, principalmente. O projeto, que cria a Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi discutido nesta quarta-feira (12/11/08), na Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais, a pedido do deputado Gilberto Abramo (PMDB). O principal questionamento dos deputados refere-se à competência de instituir taxas e multas pelo novo órgão, o que em sua avaliação, retiraria autonomia e receitas dos municípios.

O PLC 28/07 cria a agência em forma de autarquia, dotada de autonomia administrativa e financeira, como está previsto na Lei Complementar 88, de 2006. A agência terá a missão de criar, propor e promover políticas públicas integradas para os 34 municípios da RMBH. O projeto já foi analisado nas Comissões de Constituição e Justiça, de Assuntos Municipais e Regionalização e de Fiscalização Financeira e Orçamentária. A Comissão de Assuntos Municipais acatou substitutivo encaminhado pelo governador, que, entre outras alterações, atribui à Agência RMBH a competência para a fiscalização e a aplicação de sanções aos infratores das normas e diretrizes de planejamento e execução de atribuições públicas de interesse comum da RMBH, em especial quanto a normas de parcelamento do solo metropolitano, previstas na legislação federal e estadual. O substitutivo acrescenta ainda novos órgãos de assessoramento, como assessorias de comunicação e de apoio técnico-administrativo. Entre fontes de receita da Agência estão as definidas no Orçamento do Estado e as transferências do Fundo de Desenvolvimento Metropolitano, entre outras. O projeto está pronto para ser analisado em 1º turno pelo Plenário.

Deputados criticam poderes amplos da agência

Entre as principais críticas dos deputados em relação à agência está seu caráter executivo, o que, para alguns deles, representará perda de autonomia dos municípios. Especialmente o deputado Antônio Júlio (PMDB) criticou a ingerência da agência nas competências municipais. Segundo ele, as agências não funcionam em lugar nenhum, tomando como base os órgãos similares nacionais de regulações diversas. Outra preocupação foi demonstrada pelo autor do requerimento pela audiência pública, o deputado Gilberto Abramo, que é o Líder do partido na Assembléia. Lembrando que o PMDB não é contra a Agência RMBH, ele estranhou seu enfoque exclusivo no uso e ocupação do solo. E questionou a ausência de ações para outras áreas, como transporte e saneamento.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB) criticou especialmente o caráter autoritário da agência, "cujo detalhamento de ações e até nomes são todos remetidos para decretos posteriores". Para ele, não há disposição do Estado de democratizar a agência, "caso contrário teria colocado tudo no próprio PLC 28, que é o instrumento jurídico legal".

Já o deputado Fábio Avelar (PSC) questiona a abrangência da entidade, questionando se sua atuação será só sobre os municípios da Região Metropolitana ou também sobre os do Colar Metropolitano. Também questionou as multas e as taxas. O parlamentar defendeu a discussão ampla dos assuntos de interesse comum dos municípios e disse que a agência não deve agir em detrimento da vontade popular.

Na opinião do deputado João Leite (PSDB), a ALMG não pode perder a oportunidade de dar à população um marco legal para o planejamento metropolitano. "Um órgão com essa visão metropolitana seria uma grande contribuição", avalia o deputado que acredita que a proposição pode ser aperfeiçoada. Entre os problemas que poderiam ser solucionados com o auxílio da agência, ele citou a destinação de recursos para Ribeirão das Neves, onde está o maior número de presos do Estado; e a decisão sobre o município que deverá receber o lixo da região metropolitana.

A importância da agência para promover um desenvolvimento equilibrado entre os municípios da RMBH foi defendida pela deputada Gláucia Brandão (PPS). Ela acredita que o momento é de buscar ajustes para a implementação da lei, corrigindo os erros do passado. O deputado Dinis Pinheiro (PSDB) também acredita que a agência poderá proporcionar um crescimento mais equilibrado da região. Para ele, o redesenho institucional proposto pelo governo é inadiável. O deputado criticou o excesso de burocracia e de decretos encontrados pelos empreendedores imobiliários. O parlamentar também defendeu a inclusão das funções e prerrogativas ligadas ao serviço de transporte no projeto.

O deputado Irani Barbosa (PSDB) disse que nenhuma iniciativa foi tomada pelo governo para gerar empregos em Ribeirão das Neves. "A cidade só recebe penitenciária e lixão. Nenhuma indústria foi levada para lá", criticou. Ele defendeu que os empreendimentos sejam distribuídos de forma equilibrada entre os municípios da RMBH e que a agência facilite os novos empreendimentos. "Espero que não seja criado mais um órgão dificultador dos investimentos no Estado", concluiu.

Para o deputado Wander Borges (PSB), sem a capacitação das lideranças para uma abordagem metropolitana das questões que envolvem os municípios, o desenvolvimento da região poderá ficar comprometido. Ele criticou o Ministério Público por proibir as prefeituras de instalarem redes de água e esgoto em loteamentos irregulares. "Existem pessoas que moram nesses loteamentos há mais de 10 anos e vão ficar sem água?", questionou. O deputado Fábio Avelar acredita que as concessionárias deveriam buscar soluções técnicas para esses casos.

Sedru esclarece e pede aprovação

O secretário de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), deputado licenciado Dilzon Melo, disse que o projeto está na Assembléia para ser aperfeiçoado e elogiou a realização da audiência pública, como forma de contribuir para sua melhoria. E pediu que os deputados apresentem sugestões para melhorar o projeto, "mas de forma urgente, para que o projeto seja analisado no Plenário e não atrase mais o planejamento das cidades". Ele ressaltou que as falas dos parlamentares deram a ele a certeza ainda maior da necessidade de criação da agência. "A solução para os problemas localizados dos municípios vem da abordagem coletiva desses problemas", argumentou.

A secretária-adjunta da Sedru, Maria Coeli Simões Pires, fez uma exposição sobre o PLC 28 e mostrou os marcos legais da agência, garantindo que Minas Gerais está sendo pioneira na criação desse modelo de planejamento. Também a subsecretária para a Região Metropolitana da Sedru, Maria Madalena Garcia, fez esclarecimentos, destacando que a agência não pretende tirar a autonomia dos municípios. E, respondendo a perguntas de deputados, esclareceu que as taxas e multas são pagas pelos empreendedores de loteamentos e construções, e não pelas prefeituras. Ela garantiu que o foco em parcelamento e regularização do solo é um primeiro momento da agência, por se tratar da área que não tem nenhum órgão de atuação conjunta, como acontece com outras áreas, como meio ambiente e saneamento. "Em outro momento, o planejamento desenvolvido pela Agência RMBH se voltará para o trânsito, saneamento, saúde, com convênios entre as prefeituras".

Prefeitos pedem aprovação urgente

Os prefeitos de Itaguara, Ubiraci Prata, e de Ribeirão das Neves, Walace Ventura, destacaram a importância da aprovação do projeto e a criação da agência. E pediram pressa à Assembléia, adiantando que os prefeitos das cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte não têm mais tempo para esperar a implantação de políticas comuns. O prefeito de Itaguara, que é também o presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel) acrescentou que o desafio atual é equilibrar o desenvolvimento das cidades da região e que a criação da Agência RMBH é o coração de todo o processo de planejamento que começou com a instalação da Assembléia Metropolitana e do Fundo Metropolitano, no ano passado. Ele destacou como principais problemas da ausência de planejamento conjunto a questão do trânsito, da segurança pública e da saúde.

O assessor da prefeitura de Contagem, ex-embaixador Tildem Santiago, disse que essa é também a visão da prefeita reeleita de Contagem, Marília Campos, para quem, segundo ele, não dá mais para se fazer planejamento urbano em cada município isoladamente. Ele garantiu que a prefeita de Contagem apóia a criação da Agência RMBH.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Fábio Avelar (PSC), vice; Almir Paraca (PT); Inácio Franco (PV); Wander Borges (PSB); Irani Barbosa (PSDB); Antônio Júlio (PMDB); Alencar da Silveira Jr. (PDT); Dinis Pinheiro (PSDB); Ivair Nogueira (PMDB); João Leite (PSDB); Adalclever Lopes (PMDB); Gilberto Abramo (PMDB); Weliton Prado (PT); e a deputada Gláucia Brandão (PPS).

 

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