Policiais pedem mais segurança para suas famílias

A Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais se reuniu nesta quinta-feira (6/11/08) para...

06/11/2008 - 00:02
 

Policiais pedem mais segurança para suas famílias

A Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais se reuniu nesta quinta-feira (6/11/08) para debater a possibilidade de o Governo do Estado ampliar o prazo de dois anos para ocupação de casas funcionais por servidores da segurança pública que, pela natureza de sua atividade, tenham sua vida ou de seus familiares em situação de risco. Na reunião, que foi requerida pelo presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), mais que pedir uma solução para a questão das moradias, diversos policiais e suas esposas fizeram emocionados apelos pedindo mais segurança para trabalhar e viver.

Com o vencimento do prazo, os imóveis funcionais precisam ser desocupados. O benefício funciona no âmbito no Programa Lares Geraes - Segurança Pública, que viabiliza financiamento habitacional para compra, reforma, melhorias ou construção, conforme critérios da Companhia de Habitação do Estado (Cohab). Nos depoimentos, alguns policiais relataram que estariam sendo pressionados para liberar as casas sem que tenham outro local seguro para ir. Vários ressaltaram que não querem esmola ou favores, mas sim providências como financiamentos com prestações mais adequadas aos seus salários, valores mais altos de financiamento e investigação dos casos de ameaça.

De acordo com Sargento Rodrigues, o governo precisa tratar a questão com mais sensibilidade, sem considerar apenas o lado técnico das decisões. "Não há como o policial deixar sua residência para prestar segurança pública se está completamente preocupado com a família. É muito difícil receber recado de traficante, latrocida e estuprador, deixar a família em casa e ter cabeça para trabalhar. Não existe policial 'robocop'", enfatizou o deputado. Ele fez um apelo para que as regras do programa sejam desburocratizadas.

O deputado Carlos Pimenta (PSDB) destacou que a reunião teve grande relevância porque as reivindicações são uma busca legítima de uma parte da sociedade que luta pelo direito de moradia e vida. "Não tem condições de um ser humano trabalhar assim, é uma situação muito complexa", afirmou ele. O parlamentar disse que vai levar a demanda ao governador e lutar por ações que resultem em moradia digna aos militares e seus familiares. A deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM) também manifestou sua solidariedade aos policiais. O deputado Weliton Prado (PT) cobrou mais recursos estaduais para a área.

Benefício é decidido por comissão de risco

A concessão dessa moradia é decidida por uma comissão de risco e suas decisões são operacionalizadas pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag). Foi o que informou Naila Nery Ferrari, membro do Grupo Coordenador Lares Gerais - Segurança Pública, que representou a Seplag. Ela explicou que a idéia é permitir que os servidores se organizem financeiramente para que possam adquirir um imóvel ao final do prazo, quando passam a ter prioridade para cadastro no Lares Gerais.

Segundo ela, a convocação da Cohab é feita antes do prazo final, mas muitos não comparecem às entrevistas ou não têm margem para o financiamento. Já o chefe do Centro de Promoção Social da PM, Sérgio Baiense, explicou que, mesmo que não consiga dar uma resposta imediata, a comissão responsável analisa cada caso individualmente e vai considerar se o militar tem ou não condição de sair do imóvel.

O vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindipol), Denilson Martins, lembrou que, se os índices de criminalidade estão diminuindo, é porque o enfrentamento da violência está maior. Para ele, é dever do Estado cuidar dos policiais quando eles são vítimas de sua atividade profissional, e isso não inclui apenas moradia, mas também apoio psicossocial. Ele cobrou também que sejam oferecidos convênios habitacionais com a Caixa Econômica Federal.

O presidente da Associação dos Praças, Policiais e Bombeiros Militares (Aspra), Luiz Gonzaga Ribeiro, relembrou importantes conquistas que foram fruto da reivindicação das entidades de classe nos últimos anos. Na questão da moradia em caso de risco, ele afirmou que foi sugerido ao governo que oferecesse a modalidade de aluguel, para maior mobilidade, o que não foi incluído, e cobrou a necessidade de se criar um programa de proteção para o policial e sua família. "O que adianta ter casa funcional se depois o policial não sabe o que vai acontecer?", questionou.

Um apelo para melhorar a estrutura de trabalho dos agentes penitenciários, que recentemente assumiram o sistema prisional do Estado, foi feito pelo presidente do sindicato da categoria (Sindasp), José Maria Marques. "Há 15 anos tínhamos duas penitenciárias no Estado e hoje são 77", destacou, pedindo mais recursos para a categoria, principalmente no interior.

Ao final da reunião, a representante da Seplag afirmou que irá encaminhar todas as observações ao grupo coordenador e que o grupo e a comissão de risco estão sempre abertos para ouvir e procurar dar solução aos problemas apontados.

Requerimento - A comissão aprovou requerimento dos deputados Sargento Rodrigues e Carlos Pimenta para que seja agendada visita ao governador, ao vice-governador e ao secretário de Desenvolvimento Urbano para dar-lhes ciência sobre os problemas retratados na audiência pública, além de entregar as notas taquigráficas da reunião. Em outro requerimento, o deputado Sargento Rodrigues pede informações às forças de segurança sobre as providências tomadas para apurar ameaças de criminosos contra a vida de servidores da área e seus familiares.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente, Carlos Pimenta (PDT), Weliton Prado (PT) e deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM).

 

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