Comissão discute denúncias sobre poluição na Lagoa dos Ingleses

Um impasse sobre a existência ou não de problemas relacionados ao tratamento do esgoto na Lagoa dos Ingleses, em Nova...

05/11/2008 - 00:02
 

Comissão discute denúncias sobre poluição na Lagoa dos Ingleses

Um impasse sobre a existência ou não de problemas relacionados ao tratamento do esgoto na Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, marcou a audiência pública desta quarta-feira (5/11/08) da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. A reunião teve a participação de representantes do Governo do Estado, da Prefeitura de Nova Lima, de moradores da região e da empresa responsável pelo tratamento sanitário da lagoa, entre outros.

A reunião foi requerida pelo deputado Agostinho Patrús Filho (PV) para discutir a poluição na Lagoa dos Ingleses, especialmente sobre um laudo da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) em que análises da Copasa teriam indicado a presença de coliformes fecais na lagoa acima do previsto nas normas técnicas. "Não queremos fazer denuncismo. Queremos é assegurar que o local continue a ter a água com a qualidade que sempre teve para turistas, desportistas e moradores. É preciso evitar que aconteça o mesmo que houve com a Lagoa da Pampulha", alertou o deputado.

Grande parte do entorno da Lagoa dos Ingleses é abrangida pelo condomínio Alphaville, sendo que há partes já ocupadas e outras em fase de licenciamento. A empresa Samotrácia é responsável pelo serviço de saneamento básico (coleta e tratamento de esgoto e entrega de água potável) na lagoa. Na reunião, um diretor do Clube Serra da Moeda, vizinho do local, Roberto Assumpção, mostrou fotos e um vídeo que indicariam lançamento de esgoto in natura na lagoa. Ele criticou o fato de os licenciamentos dos empreendimentos no entorno do local serem feitos de maneira fracionada, sem considerar o todo da região. "O adensamento populacional ali vai ficar absurdo no futuro", disse.

O representante da Samotrácia, o advogado Tiago Cosenza, afirmou que não há laudo que comprove que as imagens se tratam de esgoto. Ele ressaltou que todas as exigências ambientais são cumpridas e que a empresa tem documentos que comprovam que não existe contaminação das águas da lagoa. O advogado completou que, se for constatado problema na rede de esgoto do condomínio, a empresa irá fazer os reparos necessários. O empreendimento, segundo ele, está à disposição dos moradores, que devem entrar em contato quando problemas forem constatados.

O secretário de Meio Ambiente de Nova Lima, Sandro Ribeiro, falou a respeito do laudo da Feam sobre a má qualidade da água. Ele afirmou que a coleta das amostras de afluentes próximos à estação de tratamento de esgoto da lagoa foi feita, junto com a Polícia Militar Ambiental, após o recebimento de denúncia no mês de abril. O documento foi anexado a um procedimento administrativo da prefeitura, que ainda deverá se posicionar sobre o assunto.

Licenciamento seguiu normas

Representando a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, o analista ambiental Vinícius Melo informou sobre os procedimentos que foram tomados no processo de licenciamento ambiental dos empreendimentos no entorno da lagoa. Ele afirmou que toda a documentação está em conformidade com as exigências legais e à disposição da comissão, se necessário. O representante do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), o analista ambiental Wagner Teixeira, afirmou que o condomínio funciona hoje com um terço de sua capacidade, mas que o licenciamento prevê providências a serem tomadas em caso de expansão. Ele alertou para o fato de que há cisternas clandestinas que usam o sistema pluvial para controlar o esgoto.

A representante do Ministério Público na reunião, a analista em Direito Vanessa Andrade Ferreira, chamou atenção para o aumento das denúncias ambientais na região, motivadas por loteamentos que estão sendo feitos com cada vez mais freqüência no local. Em relação ao serviço prestado pela Samotrácia, ela afirmou que, se for comprovada alguma irregularidade, tanto a empresa quanto a prefeitura poderão ser responsabilizadas judicialmente, caso em que seria interessante firmar um termo de ajuste de conduta.

Deputados fazem considerações

O deputado Agostinho Patrús Filho destacou que é importante aguardar a manifestação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, para que seja verificada a necessidade de ser feita alguma correção do sistema de esgotos da empresa Samotrácia. Ele considerou importante a disponibilidade apresentada pela empresa para efetuar qualquer reparo que seja necessário.

Para o deputado Fábio Avelar (PSC), é necessário criar um sistema de monitoramento ambiental na região para controlar a qualidade da água da Lagoa dos Ingleses, incluindo possíveis serviços clandestinos. Já o deputado Sávio Souza Cruz (PMDB) cobrou do município que assuma a responsabilidade pelo serviço, se a empresa que tiver recebido a concessão não estiver cumprindo o serviço adequadamente.

Requerimento - Como desdobramento das discussões, a comissão aprovou requerimento dos deputados Sávio Souza Cruz e Fábio Avelar pedindo providências. Eles solicitam envio de ofício ao prefeito de Nova Lima para que informe sobre a situação dos efluentes do sistema de esgotos do condomínio Alphavile e sobre a destinação dos efluentes que são despejados pelo shopping Alphavile. Também pede que Ministério Público, Feam e prefeitura acompanhem a situação ambiental da Lagoa dos Ingleses; que o MP acompanhe o cumprimento do contrato de concessão de serviços entre a prefeitura e a Samotrácia; e que a Feam verifique a possibilidade de implantar monitoramento da qualidade das águas da lagoa e determine uma fiscalização das fontes de poluição naquela bacia.

Outro requerimento aprovado, de autoria do deputado Irani Barbosa (PSDB), pede apuração das denúncias sobre lagoas marginais do Rio São Francisco, por uso de terras de área de preservação permanente e de área de proteção ambiental em Buritizeiros e Pirapora.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Fábio Avelar (PSC), vice; Almir Paraca (PT), Inácio Franco (PV), Agostinho Patrús Filho (PV) e Adalclever Lopes (PMDB).

 

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