ALMG e Ministério Público unem esforços contra leilões de lance único

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais e o Ministério Público...

23/10/2008 - 00:01
 

ALMG e Ministério Público unem esforços contra leilões de lance único

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais e o Ministério Público Estadual vão unir esforços para tentar barrar a prática dos chamados leilões reversos ou leilões do menor lance único, que envolvem empresas, companhias telefônicas e emissoras de rádio e televisão. Após audiência nesta quinta-feira (23/10/08), a comissão decidiu que irá analisar o conteúdo das reclamações e auxiliar o MP no sentido de propor uma ação civil pública para coibir essa prática, considerada abusiva e também criminosa. Outra atitude será encaminhar representação formal à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para cobrar providências.

O assessor técnico da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, Renato Ângelo Salvador Ferreira, esclareceu que o MP vai estudar o assunto e, em especial, algumas reclamações que chegaram ao órgão. Serão instaurados procedimentos administrativos que, ao final, poderão ou não culminar em uma ação civil pública. Ferreira informou que o entendimento dos promotores em Minas é o mesmo do Ministério Público Federal em São Paulo - que considera a prática um jogo de azar e, por isso, ilícito penal, além de ser abusiva e lesiva ao consumidor. Naquele Estado, já foi ajuizada ação civil pública.

Os procedimentos administrativos do MP podem envolver fiscalização, além de preverem o direito ao contraditório e à ampla defesa. Independentemente do aspecto administrativo, se confirmada a tese inicial de que os leilões de menor lance configuram ilícito penal, os promotores poderão requisitar da Delegacia Especializada de Crimes contra o Consumidor a instalação de inquérito policial para averiguar o fato. A sugestão de abertura de inquérito criminal foi feita pelo coordenador do Procon Assembléia, Marcelo Barbosa, para quem o assunto é também um caso de polícia.

Deputados avaliam prática como criminosa e abusiva

O presidente da comissão, deputado Délio Malheiros (PV), e o deputado Antônio Júlio (PMDB), que solicitaram a audiência, enfatizaram que os leilões reversos configuram uma violação ao direito do consumidor. Malheiros destacou que a prática não é fiscalizada e permanece no limbo entre a legalidade e a ilegalidade. Ele explicou que o consumidor adere aos leilões acreditando na sorte e acaba perdendo dinheiro, linha telefônica e tem o nome inscrito nos cadastros negativos do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

O parlamentar avaliou que, caso a Justiça de São Paulo decida favoravelmente ao pleito do MP, mas a decisão fique restrita àquele Estado, caberá a ação civil pública em Minas. Em 1998, ação civil pública semelhante conseguiu proibir o que Malheiros classifica de "jogatinas televisivas", com a veiculação de loterias e cartomancia por meio do prefixo 0900.

O deputado Antônio Júlio reforçou a cobrança por transparência e mais informação, questionando que "ninguém fica sabendo dos resultados" dos leilões reversos. Ele avaliou que as pessoas acabam induzidas ao jogo, que é atrativo, sem saberem quanto estão pagando de fato. Sua crítica foi também às empresas de telefonia, que segundo a Lei Geral das Telecomunicações, não poderiam explorar outra atividade.

Entenda como funciona - A prática dos leilões do menor lance único tem sido muito utilizada por empresas para premiar apostadores que acertam os menores valores oferecidos a determinados produtos. A forma de participação é via mensagem de telefone e, conforme os parlamentares, no leilão a reverso os lances são realizados por meio de telefonemas e mensagens enviadas por celular, que são tarifadas especificamente para esse fim.

Os leilões de menor lance estão em operação no Brasil desde 2006 e podem ser feitos pela internet, telefone ou mensagem SMS. Algumas telefônicas, como a Oi, criaram empresas especialmente para atuar na área, a Super Leilão Oi. Mas há outras que atuam via internet e até emissoras de TV. Mas a principal forma de acesso aos lances ainda é via telefone.

Renato Ferreira, assessor técnico do MP, enfatizou que é preciso proteger o consumidor, parte mais frágil das relações de consumo, e os princípios constitucionais que orientam a radiodifusão. Na avaliação dele, há programas de rádio e televisão que parecem ir ao ar somente para auferir vantagem econômica sobre as pessoas.

Outro assunto abordado, desta vez por Marcelo Barbosa, do Procon Assembléia, foi a cobrança de taxa a título de pedágio pelas empresas de ônibus intermunicipais. Segundo ele, estaria havendo lucro exorbitante pelas empresas. A comissão analisará o assunto.

Eleições - O deputado Antônio Júlio criticou a forma como está sendo conduzido o processo eleitoral em Belo Horizonte, com o acirramento da disputa e agressões verbais. Ele afirmou que o governador Aécio Neves tentou "empurrar" um candidato à prefeitura e agora usa seu poder de mando para controlar as instituições, com danos à democracia. Segundo Antônio Júlio, na ALMG as reuniões de Plenário não têm sido abertas à tarde, para que não haja debate sobre a sucessão à prefeitura da Capital.

O deputado disse que a Assembléia foi usada para um ato político e para propaganda fora de horário, transmitida ao vivo pela TV Assembléia. Ele se referiu à reunião da Comissão de Direitos Humanos realizada na última segunda-feira (20). Na reunião, foi aprovada moção de solidariedade ao candidato Márcio Lacerda (PSB), que foi acusado por seu adversário, o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB), de ter sido ladrão de banco durante o regime militar. Na avaliação de Antônio Júlio, o que ocorreu foi um crime eleitoral. "Alguém terá que ser responsabilizado", cobrou.

Presenças - Deputados Délio Malheiros (PV), presidente, e Antônio Júlio (PMDB).

 

 

 

 

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