Comissão de Direitos Humanos vai intermediar conflito na Vila da Luz

A notificação administrativa do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) a moradores da Vila da...

22/10/2008 - 00:02
 

Comissão de Direitos Humanos vai intermediar conflito na Vila da Luz

A notificação administrativa do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) a moradores da Vila da Luz, região Nordeste de Belo Horizonte, para que desocupassem suas moradias em 15 dias foi alvo de muitas críticas na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Em audiência pública nesta quarta-feira (22/10/08), o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), autor do requerimento da reunião, representantes dos moradores, de movimentos populares e da Pastoral da Terra da Igreja Católica decidiram agendar uma reunião com a Secretaria de Estado de Habitação, o Dnit, Ministério das Cidades e Sudecap para encaminhar as reivindicações sobre o assentamento.

A Vila da Luz é uma estreita faixa de terra localizada entre as BRs 381 e 262, próxima ao bairro Nazaré, ocupada por cerca de 600 famílias há cerca de 15 anos. No início do mês os moradores foram surpreendidos pela notificação assinada por um supervisor do Dnit em Minas, Alexandre de Oliveira, pedindo a desocupação dos imóveis, sob ameaça de uso de força policial. Depois de diversas reuniões, segundo o morador Rodrigo Aparecido Rodrigues, representante da associação de moradores, o próprio Dnit esclareceu que o documento havia sido um "trote", já que o supervisor não tinha competência para emitir o documento, que era apenas administrativo. Mas agora, junto com a Comissão de Direitos Humanos, os moradores querem definir os termos da desocupação.

Ação judicial - Segundo o deputado Durval Ângelo, não há ação judicial de despejo, por isso as coisas não podem ser feitas conforme a notificação do Dnit. "Há espaço para negociação com o órgão, a prefeitura e o Estado, com mediação da Defensoria Pública", disse. Esta foi também a posição do defensor público Gustavo Corgosinho, que expressou ainda preocupação com o aumento dos conflitos de moradia na cidade.

Para o padre Pier Luigi Bernareggi, da Paróquia de Todos os Santos, do bairro Primeiro de Maio, é necessária uma discussão sobre a política de reassentamentos de moradores de vila. Para ele, "o Vila Viva é muito bonitinho, pintadinho, mas espreme as pessoas em apartamentos de 50, 60 metros quadrados". O padre disse que os moradores têm direito ao mesmo espaço que ocupam nas vilas desapropriadas, "que segundo levantamentos da própria prefeitura, é de pelo menos 120 metros quadrados por família".

Solidariedade - Atuando na Vila da Luz há mais de dois anos, irmã Maria Tereza de Jesus Molina Estrella e Marcos Vinícius de Souza, da Pastoral da Terra, disseram que a notificação do Dnit causou constrangimentos aos moradores. Para eles, foi um desrespeito, um autoritarismo, e provocou danos psicológicos. Também alguns moradores se manifestaram na fase de debates, para informar suas dificuldades e a disposição de não ceder sem luta. Eles foram apoiados pelo padre Gilvander, da Igreja do Carmo, e por outros movimentos, como o de advogados de causas populares.

Comissão vai encaminhar discussão sobre reassentamento

Como desdobramento dos debates, a Comissão de Direitos Humanos também vai encaminhar as notas taquigráficas da audiência para a Pastoral da Terra, Dnit e Sudecap, e enviar um ofício à Defensoria Pública do Estado pedindo a reestruturação do órgão, para a volta de defensores para a área de direitos humanos. Requerimentos nesse sentido vão ser apresentados na próxima reunião da comissão.

Os representantes da Pastoral da Terra, do Vicariato Episcopal para Ação Social e Política da Arquidiocese de Belo Horizonte e o padre Pier Luigi Bernareggi aplaudiram a sugestão de Durval Ângelo de realizar na Assembléia um fórum metropolitano sobre populações de vilas e favelas. "Precisamos discutir políticas que orientem as desapropriações e reassentamentos desses moradores de forma global", disse Durval.

O deputado Durval Ângelo criticou a Secretaria Geral da Mesa da Assembléia pela demora na assinatura dos convites para as audiências públicas da Comissão de Direitos Humanos. Segundo ele, com esse problema, que vem se repetindo há pelo menos três audiências, os convidados não comparecem porque recebem os convites em cima da hora.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão.

 

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