Comissão protesta contra declarações de candidato em
BH
A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais aprovou moção de solidariedade ao
candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), que
foi acusado por seu adversário, o deputado federal Leonardo Quintão
(PMDB), de ter sido ladrão de banco durante o regime militar. Em
reunião no Auditório da ALMG na tarde desta segunda-feira
(20/10/07), a comissão decidiu ainda pedir à Comissão de Ética da
Câmara dos Deputados para que tome providências em relação a
Quintão.
Segundo o deputado Durval Ângelo (PT), houve no
mínimo falta de decoro por parte do candidato do PMDB. "Lacerda foi
tratado de forma desrespeitosa, como se tivesse sido um preso comum
na época da ditadura e não um preso político. Aqui na Assembléia há
sanção pública quando um deputado se excede e nós entendemos que é
um caso de sanção, mas só quem pode fazer isso é a Câmara",
afirmou.
Durval Ângelo, que preside a Comissão de Direitos
Humanos, disse que o desagravo desta segunda-feira (20) não era um
ato partidário. "Esta comissão sempre se posicionou pela defesa dos
direitos humanos e tem desenvolvido, ao longo dos últimos anos, um
conjunto de ações sobre o tema ditadura, que representa uma triste
chaga ainda aberta na sociedade brasileira", afirmou.
Além de deputados, participaram da reunião
sindicalistas, vereadores, militantes da luta contra a ditadura,
advogados e simpatizantes do candidato Márcio Lacerda. O prefeito de
Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), manifestou solidariedade ao
ato e elogiou a Comissão de Direitos Humanos. "Não está aqui o
prefeito, mas sim um ex-combatente dos anos de chumbo da ditadura",
disse.
O prefeito ressaltou que o povo brasileiro sempre
reverenciou a memória dos combatentes pela liberdade e pelos
direitos humanos. Segundo ele, se temos hoje uma sociedade e uma
imprensa livres e também se temos eleições livres "não podemos
esquecer que o terreno onde a democracia floresceu foi adubado pelo
sangue de muitos heróis".
O advogado Fahid Tahan Sab, um dos responsáveis
pela defesa de Lacerda quando este esteve preso, disse se sentir
privilegiado por defender aqueles que lutaram contra o regime
opressor e violento. "Se hoje qualquer um pode se candidatar a
prefeito e ter o direito de falar o que quiser é porque no passado
houve guerreiros que foram presos, torturados, exilados e banidos em
nome da liberdade", afirmou.
A presidente do Conselho Estadual dos Direitos
Humanos, Emely Vieira Salazar, disse que a história do Brasil foi
desrespeitada por Leonardo Quintão. Para ela, ser ex-preso político
não deveria estar no currículo de ninguém. "Ser jovem não significa
ser ignorante. Lamentável que o candidato não conheça a história
deste País", opinou.
Deputados lamentam afirmação
Os deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Dinis
Pinheiro (PSDB) e Roberto Carvalho (PT), vice de Márcio Lacerda,
lamentaram o ataque de Leonardo Quintão e consideraram a atitude
falta de patriotismo e de respeito à história do Brasil. Num
discurso inflamado, o deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG)
chegou a chamar Leonardo Quintão de "lambe-botas da ditadura
militar".
Requerimento - Outro
requerimento aprovado pela comissão é de envio ao candidato Leonardo
Quintão do documento final do Seminário Legislativo "64 Nunca Mais",
realizado pela ALMG em março de 2004, além das notas taquigráficas
da reunião desta segunda-feira (20). O objetivo, conforme Durval
Ângelo, é dar a chance de Quintão refletir sobre a "bobagem" dita
por ele em relação a Lacerda.
Presenças - Deputados
Durval Ângelo (PT), presidente; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Dinis
Pinheiro (PSDB), Domingos Sávio (PSDB), Paulo Guedes (PT), Roberto
Carvalho (PT), Sebastião Costa (PPS), Tiago Ulisses (PV), Wander
Borges (PSB) e Weliton Prado (PT).
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