Comissão protesta contra declarações de candidato em BH

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou moção de solidariedade ao candidato ...

20/10/2008 - 00:02
 

Comissão protesta contra declarações de candidato em BH

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou moção de solidariedade ao candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), que foi acusado por seu adversário, o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB), de ter sido ladrão de banco durante o regime militar. Em reunião no Auditório da ALMG na tarde desta segunda-feira (20/10/07), a comissão decidiu ainda pedir à Comissão de Ética da Câmara dos Deputados para que tome providências em relação a Quintão.

Segundo o deputado Durval Ângelo (PT), houve no mínimo falta de decoro por parte do candidato do PMDB. "Lacerda foi tratado de forma desrespeitosa, como se tivesse sido um preso comum na época da ditadura e não um preso político. Aqui na Assembléia há sanção pública quando um deputado se excede e nós entendemos que é um caso de sanção, mas só quem pode fazer isso é a Câmara", afirmou.

Durval Ângelo, que preside a Comissão de Direitos Humanos, disse que o desagravo desta segunda-feira (20) não era um ato partidário. "Esta comissão sempre se posicionou pela defesa dos direitos humanos e tem desenvolvido, ao longo dos últimos anos, um conjunto de ações sobre o tema ditadura, que representa uma triste chaga ainda aberta na sociedade brasileira", afirmou.

Além de deputados, participaram da reunião sindicalistas, vereadores, militantes da luta contra a ditadura, advogados e simpatizantes do candidato Márcio Lacerda. O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), manifestou solidariedade ao ato e elogiou a Comissão de Direitos Humanos. "Não está aqui o prefeito, mas sim um ex-combatente dos anos de chumbo da ditadura", disse.

O prefeito ressaltou que o povo brasileiro sempre reverenciou a memória dos combatentes pela liberdade e pelos direitos humanos. Segundo ele, se temos hoje uma sociedade e uma imprensa livres e também se temos eleições livres "não podemos esquecer que o terreno onde a democracia floresceu foi adubado pelo sangue de muitos heróis".

O advogado Fahid Tahan Sab, um dos responsáveis pela defesa de Lacerda quando este esteve preso, disse se sentir privilegiado por defender aqueles que lutaram contra o regime opressor e violento. "Se hoje qualquer um pode se candidatar a prefeito e ter o direito de falar o que quiser é porque no passado houve guerreiros que foram presos, torturados, exilados e banidos em nome da liberdade", afirmou.

A presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Emely Vieira Salazar, disse que a história do Brasil foi desrespeitada por Leonardo Quintão. Para ela, ser ex-preso político não deveria estar no currículo de ninguém. "Ser jovem não significa ser ignorante. Lamentável que o candidato não conheça a história deste País", opinou.

Deputados lamentam afirmação

Os deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Dinis Pinheiro (PSDB) e Roberto Carvalho (PT), vice de Márcio Lacerda, lamentaram o ataque de Leonardo Quintão e consideraram a atitude falta de patriotismo e de respeito à história do Brasil. Num discurso inflamado, o deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG) chegou a chamar Leonardo Quintão de "lambe-botas da ditadura militar".

Requerimento - Outro requerimento aprovado pela comissão é de envio ao candidato Leonardo Quintão do documento final do Seminário Legislativo "64 Nunca Mais", realizado pela ALMG em março de 2004, além das notas taquigráficas da reunião desta segunda-feira (20). O objetivo, conforme Durval Ângelo, é dar a chance de Quintão refletir sobre a "bobagem" dita por ele em relação a Lacerda.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Dinis Pinheiro (PSDB), Domingos Sávio (PSDB), Paulo Guedes (PT), Roberto Carvalho (PT), Sebastião Costa (PPS), Tiago Ulisses (PV), Wander Borges (PSB) e Weliton Prado (PT).

 

 

 

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