ALMG continua a mediar conflito entre cooperativas médicas e fiscais

A Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deve continuar a mediar o conflito instalado entre fisc...

14/10/2008 - 00:01
 

ALMG continua a mediar conflito entre cooperativas médicas e fiscais

A Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deve continuar a mediar o conflito instalado entre fiscais do trabalho e as cooperativas de serviço médico, seja em forma de novos debates e audiências, seja em forma de um contato com a Câmara dos Deputados, com a apresentação de sugestões para mudanças na legislação das cooperativas. Este foi o saldo da reunião da comissão nesta terça-feira (14/10/08), em que foi apresentado um relatório com os resultados da reunião realizada no dia 12 de setembro na Delegacia Regional do Trabalho (DRT), em que foi discutida a fiscalização trabalhista nas cooperativas de médicos que prestam serviços a hospitais de Belo Horizonte.

Os resultados foram apresentados pelo presidente da Federação Nacional das Cooperativas Médicas, José Augusto Ferreira, e pelo assessor da comissão, consultor Wladimir Rodrigues Dias, que participaram do encontro na DRT. Para José Augusto, a federação aguarda um novo encontro com a Delegacia, para que o caso seja resolvido em definitivo. Ele disse que as últimas autuações e multas ocorreram em abril e maio, quando oito hospitais particulares foram visitados.

Segundo o relatório que agora integra os documentos oficiais da Comissão de Saúde, 25 cooperativas médicas atuam na Região Metropolitana de Belo Horizonte, atendendo 80% dos hospitais e congregando cerca de 12 mil médicos filiados, o que representa 90% dos profissionais que atuam na região. O documento indica a disposição da DRT de rever as autuações contra as cooperativas médicas e de conversar com as entidades, avaliando caso a caso, mesma disposição demonstrada pelos representantes do Ministério Público. O relatório indica ainda que o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, o Conselho Regional de Medicina, a Federação das Cooperativas e a Federação dos Hospitais defenderam a relação de autonomia entre médico e hospital, relação mediada pelas cooperativas.

A reunião desta terça-feira (14) foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Carlos Mosconi (PSDB), como seqüência das outras ações sobre o tema, que começaram em 18 de junho, com uma audiência pública das Comissões de Saúde e do Trabalho, uma visita ao ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Luppi, e a reunião do dia 12 na DRT. Mosconi lamentou a atitude de alguns fiscais que criticaram a participação dos parlamentares na questão.

Na audiência das duas comissões, os médicos e representantes de cooperativas e hospitais reclamaram de como a fiscalização e as autuações estavam sendo feitas pelo Ministério do Trabalho, para quem a contratação via cooperativas seria, na verdade, uma substituição do vínculo trabalhista entre profissionais e hospitais. Na mesma oportunidade, os representantes do Ministério do Trabalho disseram que fatores como plantão fixo em hospital, subordinação, impessoalidade e remuneração são características que configuram vínculo trabalhista e são proibidas pela legislação que rege as cooperativas, que muitas vezes têm suas funções desvirtuadas.

Deputados criticam autuações dos fiscais do Trabalho

Os membros da comissão, deputados Carlos Mosconi, Carlos Pimenta (PDT) e Doutor Rinaldo (PSB) fizeram críticas duras às autuações da Delegacia do Trabalho, destacando as peculiaridades da profissão dos médicos e suas dificuldades. Carlos Pimenta foi especialmente duro, ao lembrar que a profissão médica está inteiramente desprestigiada no Brasil, com baixas remunerações, desestruturação dos programas públicos como o Saúde da Família e falta de segurança para o exercício profissional. "E quando os médicos se organizam para defender sua profissão, criando as cooperativas, vem o Governo Federal e quer acabar com tudo", lamentou.

Ele lamentou ainda o descaso com a saúde no País, criticando as pequenas verbas liberadas para o setor, "como a festejada verba para o combate à dengue, de R$ 1 bilhão, doença que já matou milhares de pessoas só este ano, enquanto para socorrer o sistema financeiro o governo libera R$ 100 bilhões". A disparidade de recursos para a saúde e para o sistema financeiro também foi destacada por Mosconi e Doutor Rinaldo. "O mundo inteiro se mobiliza para salvar bancos, para salvar o capitalismo, com cifras de trilhões de dólares, dinheiro que a gente nunca imaginou e que aparece assim de repente, do nada, enquanto para matar a fome e melhorar a saúde, nunca tem recurso", lamentou Carlos Mosconi.

O deputado disse que precisa haver uma mudança na legislação das cooperativas, para evitar conflitos futuros. O presidente da Federação das Cooperativas Médicas informou que a entidade encaminhou uma sugestão de projeto de lei para o deputado federal Rafael Guerra (PSDB-MG), com uma legislação que atenda exclusivamente as cooperativas médicas. Mosconi ficou de agendar uma audiência da comissão com o parlamentar, para conhecer o teor do projeto e, se necessário, voltar ao ministro do Trabalho. Os três deputados, todos médicos, afirmaram que a situação das cooperativas médicas mineiras é diferente de outros Estados, onde existem entidades de fachada. Para eles, a sistemática deu certo em Minas e os médicos é que criaram a fórmula.

Requerimentos - Os deputados aprovaram dois requerimentos de Carlos Mosconi. O primeiro encaminha ofício à Secretaria de Estado da Saúde e à Prefeitura de Betim, solicitando apuração de denúncias de possível vazamento de gás na Refinaria Gabriel Passos, da Petrobrás, em Betim. E o segundo encaminha ofício à Secretaria de Estado de Defesa Social solicitando que seja editada portaria definindo que todas as perícias médicas sejam feitas por peritos daquela secretaria, de forma direta, quando possível, ou de forma indireta, quando não for possível a presença do perito oficial, no local e momento em que houver necessidade de emissão de laudo pericial.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüínio (PV), vice; Carlos Pimenta (PDT) e Doutor Rinaldo (PSB).

 

 

 

 

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