Deputados e entidades destacam importância de capacitação para PPAG

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais iniciou, nesta quinta-feira (9/10/08), as atividades da 1ª Revisão Participa...

09/10/2008 - 00:02
 

Deputados e entidades destacam importância de capacitação para PPAG

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais iniciou, nesta quinta-feira (9/10/08), as atividades da 1ª Revisão Participativa do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) 2008-2011, com reflexos no Orçamento para 2009. Representantes dos movimentos sociais participaram, durante todo o dia, de curso de capacitação promovido pelas equipes técnicas do Legislativo e do Executivo, com o repasse de informações para qualificar a intervenção popular nos projetos do PPAG e do Orçamento, que tramitam na ALMG. Com 155 inscritos, o curso foi aberto com a presença dos presidentes das Comissões de Participação Popular, deputado André Quintão (PT), e de Fiscalização Financeira e Orçamentária, deputado Zé Maia (PSDB). As atividades foram na Escola do Legislativo.

Os deputados destacaram a importância do trabalho integrado das duas comissões na condução do processo de revisão participativa do PPAG, enfatizando a essencial parceria com o governo. Para André Quintão, esse é um processo político, de negociação com o Executivo, e de cidadania, com o verdadeiro controle social exigindo capacitação e informações qualificadas. O deputado Zé Maia lembrou que o Orçamento estadual é finito e que as demandas, infinitas, por isso destacou a necessidade de uma intervenção focada em ações coletivas e abrangentes. Ele elogiou a participação do Executivo, lembrando que é a sociedade mineira quem sai ganhando nesse "debate em alto nível", que envolve população e deputados de governo e de oposição.

A capacitação da manhã ficou a cargo das gerentes de Orçamento da Consultoria Temática, Suzanne Bouchardet, e de Acompanhamento e Avaliação de Políticas Públicas, Maria Regina Magalhães. As duas consultoras da ALMG abordaram os conceitos necessários à compreensão e interpretação do sistema orçamentário. Elas falaram sobre as 13 áreas de resultado do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), os 57 programas estruturadores do PPAG e o Orçamento, que mostra quem vai gastar, em que ação ou programa de governo, quanto e como.

Saiba mais - O PPAG é um plano de médio prazo, de caráter estratégico, com eficácia dependente do Orçamento anual. É ele que dá visibilidade às políticas que o governo se compromete a implantar nos quatro anos de mandato, estabelecendo metas gerenciais e de captação de recursos. Como já é tradição na ALMG desde 2003 e seguindo norma legal, a aprovação do PPAG e dos seus projetos anuais de revisão acontece sempre de forma participativa, com a intervenção da sociedade civil por meio de audiências públicas. Elas são promovidas pelo Legislativo e pelo Executivo, preferencialmente de forma regionalizada.

Em 2008, serão realizadas audiências em Itaobim, no Vale do Jequitinhonha, em 23/10; Ituiutaba, no Triângulo, em 28/10; Barbacena, na Região Central, em 30/10; e, em Belo Horizonte, de 5 a 7/11. A revisão tem o objetivo de avaliar se o que foi programado foi cumprido, mas também é o momento em que parlamentares e destinatários das políticas públicas têm a oportunidade de sugerir mudanças nos programas de governo. Antes das audiências, a Assembléia promove oficina de capacitação, a fim de preparar as entidades da sociedade civil para o debate e apresentação de propostas de emenda ao projeto de revisão do PPAG.

Participantes revelam expectativas e demandas

O coordenador do Fórum Estadual da Juventude Negra, Marcos Donizetti da Silva, participou pela primeira vez da atividade. "Quando surgiu a oportunidade, decidimos vir e conhecer todo o trabalho para, assim, podermos atuar", conta ele, opinando que a discussão de políticas públicas direcionadas para a juventude é recente em Minas. Uma das estratégias de atuação da entidade é apresentar propostas na área da defesa social, a fim de viabilizar ações que contribuam para reduzir o genocídio da população jovem, negra, de periferia. Essa é uma bandeira nacional do movimento. Ele sugere mais divulgação do processo de revisão do PPAG e a oferta de novas oportunidades de capacitação, com horários, formatos e linguagem adaptada à juventude que trabalha.

"Veterano" nos debates sobre o PPAG, Adriano Guerra, da ONG Oficina de Imagens, destaca que esse é um momento de atuação estratégica dos movimentos sociais. Em 2008, na elaboração do PPAG, ele informa que emendas populares ampliaram em R$ 19 milhões os recursos destinados a políticas exclusivas de atendimento à infância e adolescência. A meta, agora, é entender o que o governo alterou em relação à lei em vigor e, a partir daí, atuar. Guerra avalia que foi baixa a execução orçamentária deste ano relativa às medidas socioeducativas para o adolescente em conflito com a lei. Segundo ele, de oito ações que têm como foco essas medidas, 50% teriam tido menos de 20% de execução. "Queremos garantir que, além de bem planejados, os programas sejam implementados", opina.

A Oficina de Imagens trabalha há 10 anos na área da infância e adolescência, com foco na formação de lideranças juvenis nos campos da educação e da comunicação e, há cerca de três anos, na formação de conselheiros e lideranças sociais no campo do orçamento público. O objetivo é qualificar a participação dos grupos organizados da sociedade civil nas decisões do ciclo orçamentário. O trabalho, informa Guerra, é inspirado nas ações da Frente Estadual de Defesa dos Direitos da Criança de Minas e da frente parlamentar da ALMG que atua nessa área.

A presidente do Conselho Estadual da Mulher, Carmen Rocha, destaca que a proposta do segmento é assegurar, no Orçamento para 2009, na rubrica de operacionalização de conselhos, recursos para que o conselho possa se mobilizar e chegar até os municípios. "É preciso dinheiro para produzir material informativo, capacitar mulheres e se deslocar", reivindica. A meta é triplicar o número de conselhos nos 853 municípios mineiros. Hoje são apenas 40.

Técnicos da Seplag tratam de mudanças nos projetos estruturadores

A parte da tarde do curso de capacitação foi destinada aos representantes da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), João Victor Rezende (superintendente do Geraes, escritório que monitora os projetos estruturadores) e André Reis (superintendente de Planejamento e Programação Orçamentária). João Victor falou sobre as principais alterações efetuadas nos projetos estruturadores para a revisão do PPAG 2008-2011.

O superintendente do Geraes anunciou a criação de um novo projeto estruturador: Convivência com a Seca e Inclusão Produtiva. O projeto tem o objetivo de prover condições para a convivência com a seca e promover políticas públicas para inclusão através do desenvolvimento nos 188 municípios abrangidos pela Secretaria de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas e o Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene). Por fazer parte do escopo desse novo projeto estruturador, o projeto Desenvolvimento da Produção Local e Acesso a Mercados foi excluído e suas ações transferidas para o primeiro, conforme explicou João Victor.

Ele destacou também a transferência do projeto estruturador Centro da Juventude de Minas Gerais, da Secretaria de Estado de Esporte e Juventude para a Secretaria de Estado de Cultura. Mas ressalvou que o projeto não sofreu qualquer alteração no seu escopo, uma vez que já era executado em parceria por essas secretarias.

Num segundo momento, o superintendente do Geraes abordou as readequações executadas nos seguintes projetos estruturadores: Atendimento às Medidas Socioeducativas, Circuitos Culturais de Minas Gerais, Destinos Turísticos Estratégicos, Ensino Médio Profissionalizante, Gestão Integrada de Ações e Informações de Defesa Social, Implantação do Sistema Único de Assistência Social (Suas), Lares Geraes, Novos Padrões de Gestão e Atendimento da Educação Básica, Prevenção Social da Criminalidade, Projeto Travessia: Atuação Integrada em Espaços Definidos de Concentração de Pobreza, Rede de Formação Profissional Orientada pelo Mercado, RMBH, Universalização do Acesso à Energia Elétrica no Campo, Viva Vida, Programa de Aumento da Capacidade e Segurança dos Corredores de Transporte.

Consórcios - Sobre o projeto Implantação do Sistema Único de Assistência Social (Suas), João Victor Rezende disse que uma das ações previstas - Execução de Ações Regionalizadas de Proteção Especial e Fomento a Consórcios Intermunicipais - foi excluída. O motivo alegado seria o fato de ainda não haver uma lei regulamentando a criação de consórcios intermunicipais de assistência social, o que denotaria que isso estaria em fase embrionária. O gestor foi questionado por três participantes que discordaram da exclusão da ação, uma vez que, mesmo sem ter uma legislação específica, há experiências bem sucedidas de consórcios em outras áreas (como a de saúde, por exemplo). E elas poderiam servir de referência para os consórcios de assistência social.

Já o superintendente de Planejamento e Programação Orçamentária, André Reis, informou que atualmente estão em execução aproximadamente 1.400 ações nos cerca de 300 programas do Governo do Estado (os 57 projetos estruturadores estão entre eles).

Emendas - Logo depois, a gerente de Acompanhamento e Avaliação de Políticas Públicas da ALMG, Maria Regina Magalhães, explicou como é a tramitação do PPAG na Assembléia e detalhou as maneiras de apresentar emendas ao plano e ao Orçamento. Por último, a gerente de Acompanhamento da Execução Orçamentária, Suzanne Bouchardet, apresentou os requisitos e as limitações para viabilizar emendas ao PPAG.

 

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