Volta de vôos para Pampulha é classificada como
retrocesso
O aeroporto da Pampulha é inadequado para vôos de
grande porte e a volta dos jatos comerciais seria um retrocesso
inadmissível, segundo autoridades e lideranças que participaram da
audiência pública da Comissão dos Aeroportos, realizada na tarde
desta quarta-feira (8/10/08). O superintendente do Aeroporto Carlos
Drummond de Andrade (Pampulha), Cláudio Figueiredo Salviano, admitiu
que a acessibilidade não é a ideal, mas garantiu que o aeroporto é
seguro.
O presidente da Comissão, deputado Fábio Avelar
(PSC), lembrou as conclusões de uma comissão homônima da qual
participou em 2003 e 2004, que culminaram com a transferência dos
vôos para Confins, e deram origem às decisões políticas que
resultaram na construção da Linha Verde e na revitalização do
Aeroporto Tancredo Neves. Lembrou ainda que a insegurança da pista
da Pampulha, segundo depoimento de pilotos veteranos, levava a um
número fora do comum de 'arremetidas', ou seja, de aterrissagens
abortadas que exigiam novas manobras de aproximação.
Cláudio Salviano afirmou que o nível de segurança
da pista é satisfatório, inclusive por contar com o sistema ILS, e
que há possibilidade de alongar a cabeceira da pista por mais 300
metros. "Nossa pista é segura para aeronaves que levam até 160
passageiros. No entanto, o pátio não comporta grande movimento de
aeronaves e o terminal também está subdimensionado para receber de
volta os vôos das grandes companhias", informou, acrescentando que
hoje, operando apenas com aviação regional, geral e executiva, o
movimento cresceu 34% em relação a 2004.
Salviano disse ainda que operar na Pampulha seria
um "filé" para as grandes companhias, que poderiam cobrar tarifa
cheia e pagar taxas menores. Ele acredita que a Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac) deverá autorizar alguns vôos com algumas
restrições, beneficiando empresas que adquirissem as novas aeronaves
da Embraer com capacidade para 100 passageiros, as quais seriam
apropriadas para pistas curtas. As operações com o sistema ILS
seriam substituídas pelas de GPS, que têm maior precisão e evitariam
o alto número de arremetidas.
Aeroporto saturado - Os
representantes dos aeroviários também não admitem uma volta ao
congestionamento de quatro anos atrás. Walter de Assis Aguiar, do
Sindicato Nacional dos Aeroviários, que reúne todo o pessoal de
solo, exceto os funcionários da Infraero, recordou os tempos
difíceis que precederam a transferência dos vôos para Confins.
Segundo ele, mesmo hoje, quando chegam em seguida três vôos
regionais de 40 passageiros cada, já ocorre congestionamento no
pátio e no terminal. "Num dia assim, se chegar também um avião com
150 passageiros, o terminal se torna inviável, saturado como uma
lata de sardinha", comparou.
Ricardo Alvarenga, representante da Associação
Pró-Civitas, que reúne os moradores dos bairros no entorno do
aeroporto da Pampulha, disse que a comunidade aprova o uso atual
para aviação geral, regional e executiva, conforme a portaria do DAC
em vigor. Ele relatou como o aeroporto de Confins foi paulatinamente
esvaziado, a partir da década de 80, pela iniciativa do Comandante
Rolim, da TAM, de operar nas áreas centrais das cidades, primeiro
com aviões Fokker 27 e 50, e depois com os jatos Fokker 100. Na
esteira deles, vieram os Boeings e os Airbus das outras companhias.
"Não queremos ver esse filme de novo. Os moradores
aqui sabem o que é ter dez jatos passando a cada hora sobre suas
cabeças, e nunca se esquecem dos barulhentos jatos da Vasp. O nível
de decibéis inclusive supera os limites estabelecidos pela Lei
Ambiental de Belo Horizonte", argumentou Alvarenga.
Copa de 2014 exigirá adequações na Pampulha
Ricardo Alvarenga revelou que a solicitação
apresentada à Anac pela Gol e pela TAM, na verdade, seria uma
antecipação das pretensões da companhia aérea Azul, que está sendo
formada no Brasil com a filosofia da Bluejet americana, de
"low-cost, low-fare" (baixo custo, baixas tarifas). Em seguida,
viriam as reivindicações também da Ocean Air e da WebJet.
O deputado Fábio Avelar questionou os convidados
sobre a proposta de construção de um prédio de estacionamento de
sete pavimentos no local onde hoje está a praça diante do aeroporto
da Pampulha. Cláudio Salviano reconheceu que o problema de
estacionamento é grave na região, mas revelou que o pacote de
investimentos que o aeroporto exigirá para adequar-se à demanda
trazida pela Copa do Mundo de 2014 prevê, além de uma pista de
taxiamento paralela à do aeroporto, a ocupação da área militar da
Aeronáutica, que será transferida para Lagoa Santa. As casas de
militares do outro lado da praça seriam demolidas para a construção
de grandes estacionamentos.
Requerimentos: Foram
aprovados dois requerimentos durante a reunião. O primeiro deles, de
autoria da comissão, prorrogando por mais 30 dias o prazo para a
conclusão dos trabalhos. O segundo, do deputado Célio Moreira
(PSDB), propondo uma visita ao governador Aécio Neves e ao
secretário de Transportes e Obras Públicas, para discutir assuntos
da comissão.
Presenças - Deputados
Fábio Avelar (PSC), presidente; Célio Moreira (PSDB) e Vanderlei
Jangrossi (PP).
|