Para comissão, população deve participar do combate à
violência
Apesar das estatísticas que demonstram uma certa
estabilidade e até queda nas ocorrências de crimes em Paraopeba e
Caetanópolis, na Região Central do Estado, a violência nesses
municípios preocupa a Comissão de Segurança Pública da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais. Nesta terça-feira (23/9/08), a comissão
realizou uma audiência pública em Caetanópolis para debater o tema
com a população e autoridades locais, buscando soluções para
diminuir os índices de criminalidade. Um dos resultados da reunião
foi o compromisso assumido pelos deputados de pressionar a chefia da
Polícia Civil e a Secretaria de Estado de Defesa Social a destacarem
pelo menos mais dois policiais civis para Caetanópolis.
Requerida pelo deputado Célio Moreira (PSDB), a
audiência pública foi prejudicada pela fraca participação da
comunidade. Várias das autoridades presentes se queixaram de que a
população cobra soluções, mas na hora de debatê-las, não aparece. O
promotor de Justiça Flávio César de Almeida Santos, por exemplo,
citou que a segurança pública é um dever do Estado, mas também uma
responsabilidade da sociedade. Ele pediu uma mudança de
comportamento das pessoas no sentido de assumirem seu papel na luta
contra a violência.
Célio Moreira lembrou que a localização dos
municípios - às margens de uma rodovia federal, a BR-040 - facilita
a ocorrência de crimes, e que o tráfico de drogas tem alavancado
outros delitos como roubos, seqüestros e até assassinatos. Os
números, porém, mostram um declínio da violência nas duas cidades.
Segundo levantamento da Polícia Militar, entre janeiro e agosto de
2008 foram registradas 39 ocorrências de roubo, contra 45 no mesmo
período do ano passado. O número de homicídios ficou estável (3) e a
quantidade de prisões e apreensões caiu de 826 para 701.
Apesar disso, argumentou o major Aloysio Vaz de
Oliveira Jr., a realidade pode ser diferente. Segundo ele, o medo da
população de fazer as denúncias e o próprio descrédito das
instituições policiais podem ter contribuído para a queda nos
registros. Célio Moreira lembrou que há várias formas de se
denunciar um crime anonimamente. Ainda pelos dados da PM, Paraopeba
é a 102ª cidade mais violenta do Estado, enquanto Caetanópolis ocupa
a 162ª posição.
A maior causa do aumento da violência, segundo o
major Aloysio, está ligada à perda de valores e laços familiares.
Sem o resgate desses valores, disse ele, de nada adiantam medidas
como aumento no número de viaturas ou contratação de policiais. O
presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), concordou
com o major e acrescentou a importância da igreja e da escola na
formação do cidadão.
Poder público precisa de mais ação
Além de cobrar a participação da comunidade, o
promotor Flávio César fez críticas à administração municipal das
duas cidades e ao Governo do Estado. As prefeituras, segundo ele,
não exercem o seu papel fiscalizador, permitindo que se instalem nas
cidades o transporte clandestino e o comércio de gado roubado. Já o
Estado permitiu o sucateamento das Polícias Civil e Militar,
facilitando a vida dos criminosos. "A cadeia pública de Paraopeba
está em estado caótico", alertou.
Por outro lado, os palestrantes lembraram o sucesso
de iniciativas como o Programa Estadual de Resistência às Drogas e à
Violência (Proerd), um curso oferecido pela Polícia Militar nas
escolas de nível fundamental, no qual são repassadas informações
sobre os males físicos, psicológicos e sociais causados pelo uso de
drogas. O Proerd será, ainda este ano, homenageado com uma Reunião
Especial na ALMG, informou o deputado Sargento Rodrigues.
Presenças - Deputados
Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Délio Malheiros (PV) e Célio
Moreira (PSDB). Também participaram da reunião o prefeito de
Caetanópolis, Romário Vicente Alves Ferreira; a vereadora da cidade
Tânia Mascarenhas Bachur; o vereador de Paraopeba Arísio Alves
Ferreira; e o delegado regional da Polícia Civil de Sete Lagoas,
Pedro Antônio Mendes Loureiro.
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