Famílias de Sabará conquistam escritura definitiva de terreno

Representantes das 829 famílias que há 12 anos lutam pelo direito à moradia no terreno conhecido com Fazenda Várzea d...

17/09/2008 - 00:02
 

Famílias de Sabará conquistam escritura definitiva de terreno

Representantes das 829 famílias que há 12 anos lutam pelo direito à moradia no terreno conhecido com Fazenda Várzea do Moinho, em Sabará, estiveram presentes na reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa nesta quarta-feira (17/9/08), com o objetivo de agradecer aos deputados e apresentar a escritura definitiva da área, que lhes foi concedida após acordo feito com o poder público. Além de ouvir os convidados, a comissão também opinou pela aprovação do Projeto de Lei (PL) 2.177/08, do governador, que cria o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir).

O caso das famílias se arrastava desde 1996, quando a Prefeitura de Sabará desapropriou o terreno da fazenda para realizar assentamentos de urgência. Porém, a área de 420 mil m² já havia sido comprada pelas 829 famílias no ano anterior, através do sistema de cotas, mas o registro do imóvel ainda não havia sido transferido para seus nomes. Por isso, na ocasião, a prefeitura fez a desapropriação no nome dos antigos proprietários. Com o objetivo de garantir o direito à moradia no terreno, as famílias criaram a Associação dos Lesados da Várzea do Moinho.

A presidente da associação, Jaqueline Luzia de Lima, lembrou a luta na Justiça travada pelas famílias para conseguir o direito ao terreno. Ela apresentou aos parlamentares a cópia da escritura definitiva da área e destacou a importância do apoio da Comissão de Direitos Humanos. "O apoio da comissão foi fundamental para que nós conquistássemos essa vitória", afirmou. O advogado Willian Santos e o empresário Walter Caetano Filho também lembraram a luta das famílias e agradeceram o apoio dado pelos deputados e assessores da comissão.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), lembrou o trabalho que vem sendo desenvolvido pelos parlamentares com o objetivo de garantir o direito de moradia de milhares de famílias em Minas Gerais. Segundo ele, a atuação da comissão, ao longo de dez anos, já garantiu esse direito a mais de 12 mil famílias, incluindo assentamentos rurais.

Durval Ângelo parabenizou os representantes das 829 famílias pela conquista da escritura e lembrou os esforço delas para pagar o terreno e depois as dificuldades enfrentadas na Justiça, ao longo de 12 anos, para garantir o direito à moradia. "Agora, com a escritura definitiva em mãos, vocês já podem começar a construir as ruas e casas", destacou.

Direitos Humanos analisa criação de Conselho de Promoção da Igualdade Racial

Na reunião, a comissão também analisou o PL 2.177/08, que trata da criação do Conepir. O relator, deputado Durval Ângelo, opinou pela aprovação da proposição em 1o turno na forma do substitutivo n° 1, da Comissão de Constituição e Justiça, com as emendas n°s 1 e 2, da Comissão de Administração Pública, e n°s 3 a 5, que apresentou. Entre as emendas apresentadas pela Comissão de Direitos Humanos, destaca-se a ampliação da composição do conselho (emenda n° 4). Agora a proposição já está pronta para ser apreciada pelo Plenário da ALMG.

Originalmente, o projeto estabelece a composição, as atribuições e a forma de funcionamento do Conepir. Sua principal função será a de propor políticas de igualdade voltadas principalmente para as populações negras, indígenas, ciganas e outras minoritárias, com o objetivo de combater a discriminação e as desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais. Durval Ângelo destacou a importância da criação do conselho para o desenvolvimento das políticas públicas e afirmou que as emendas apresentadas tiveram como objetivo aperfeiçoar a proposição.

A emenda n° 3 acrescenta entre as funções do Conepir formular critérios para a implementação de políticas que assegurem o acesso à terra (modifica a redação do inciso I do artigo 2° do substitutivo n° 1). A emenda n° 4 amplia o número de membros do conselho de 20 para 22, acrescentando um representante da ALMG e mais um representante de entidades da sociedade civil organizada (altera o artigo 4° do substitutivo). O texto original previa dez representantes do poder público e dez da sociedade civil organizada. A emenda n° 5 inclui entre os representantes da sociedade civil que participarão do conselho os ciganos e índios (altera a reação do inciso II do artigo 4°).

Substitutivo - O substitutivo apresentado pela Comissão de Constituição e Justiça faz algumas alterações em relação ao texto original, excluindo, por exemplo, artigo que permite aos conselhos municipais indicarem dois conselheiros para concorrerem a uma vaga no Conepir. Outra mudança é a supressão do artigo 9º, que revoga o Decreto 12.262, de 1996, que cria o Conselho Estadual de Participação e Integração da Comunidade Negra. Já as emendas n°s 1 e 2, da Comissão de Administração Pública, prevêem que o Executivo deverá enviar à Assembléia projetos de lei estabelecendo a Política Estadual de Promoção da Igualdade Étnica e Racial no Estado e criando o Fundo Estadual de Promoção da Igualdade Racial.

Requerimento - Foi também aprovado requerimento do deputado André Quintão (PT) para a realização de reunião conjunta entre as Comissões de Direitos Humanos, de Participação Popular e de Segurança Pública para debater as condições do Centro de Internação Provisória Dom Bosco. Já na fase de pinga-fogo, foram recebidas denúncias sobre a segurança dos trabalhadores nas obras do Centro Administrativo e sobre ameaças que estariam sendo feitas aos sindicalistas da Cohab. Durval Ângelo afirmou que vai aprovar requerimentos para a realização de visita da comissão às obras do Centro Administrativo e para que as denúncias sejam encaminhadas à Cohab.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Vanderlei Miranda (PMDB) e Luiz Humberto Carneiro (PSDB).

 

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