Empresários pedem adiamento de decreto sobre transporte fretado

Convocada para debater o Decreto 44.604, de 2007, que determina a retirada de circulação de veículos de fretamento de...

16/09/2008 - 00:03
 

Empresários pedem adiamento de decreto sobre transporte fretado

Convocada para debater o Decreto 44.604, de 2007, que determina a retirada de circulação de veículos de fretamento de passageiros com mais de 15 anos de uso, a reunião da Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembléia Legislativa de Minas Gerais serviu para receber denúncias e reclamações contra o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG). Realizada nesta terça-feira (16/9/08) a requerimento do presidente da comissão, deputado Vanderlei Miranda (PMDB), a reunião terá como efeito imediato a formação de um grupo para encaminhar um relatório ao governador pedindo o adiamento do prazo previsto no decreto.

O Decreto 44.604 veio complementar o Decreto 44.035, de 2005, que determinou a retirada de circulação dos veículos de fretamento de passageiros com mais de 15 anos de uso. O segundo foi instituído depois de audiências públicas na Assembléia, com o objetivo de alongar o prazo de entrada em vigor da nova exigência, que passou para 31 de dezembro de 2008.

Entre as propostas da comissão que será formada por deputados e representantes dos setores envolvidos, como cooperativas e empresas de fretamento, está a de que o período de uso de 15 anos seja equiparado aos 25 anos previstos para o transporte rural, de acordo com Vanderlei Miranda. Classificando o Decreto 44.604 de "burro e unilateral", o deputado adiantou que a comissão vai pedir ainda uma linha de crédito para financiamento de frota nova, como é concedido a prefeituras atualmente.

Segundo Miranda, o problema não está na idade dos ônibus, mas na falta de fiscalização efetiva de suas condições de uso. Mesma interpretação foi manifestada pelo deputado Carlos Pimenta (PDT), para quem os microempresários do setor, em algumas regiões do Estado são considerados bandidos, "enquanto o transporte clandestino está ostensivamente sem qualquer fiscalização". São do deputado as sugestões que serão transformadas em requerimento, de se usar os mesmos critérios do tempo de uso do transporte rural para o de fretamento de passageiros; de cobrar melhor explicação do DER sobre alguns procedimentos exigidos desses empresários; de revisar multas administrativas; de desburocratizar o DER, com emissão de guias pela internet; e agilizar o serviço de vistoria.

Cooperativas denunciam "multas fantasmas"

Uma série de denúncias e reclamações de empresários dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas, como a existência de "multas fantasmas" aplicada por fiscais do DER como forma de perseguir empresas e cooperativas, foram feitas pelos participantes. Uma das principais reclamações foi sobre a incongruência da aplicação de multas devido a algumas infrações. Foi citada a multa por falta de luz de freio, no valor de R$ 483, pelo critério de infração administrativa do DER, ao invés da multa pelo Código de Trânsito, aplicada por policiais rodoviários, que é de R$ 85. Diversos participantes reclamaram da situação, adiantando que os clandestinos é que estão se beneficiando desta situação.

Outra reclamação partiu do presidente da Federação das Cooperativas de Transporte de Passageiros de Minas Gerais (Fecominas), Renato Soares. Adiantando ser um debate que tem se repetido na Assembléia, com idas diversas ao governo, Soares pediu a mudança do mecanismo que mais prejudica as cooperativas: a aplicação de multa a um cooperado impede o exercício da profissão de todos os demais sócios, enquanto o primeiro não quitar o débito. Vários cooperados reclamaram desse mecanismo.

Este segmento pediu ainda mudança na emissão da guia de Fretamento Contínuo (FC), hoje sujeita à vistoria, o que dificulta os contratos por tempo mais longo, segundo Renato Soares. Ele questionou ainda o fato de o DER estar preparando novo decreto - confirmado pelo representante da Secretaria de Transportes, Lindenberg Garcia -, para exigir que as cooperativas retirem de seu objeto social a locação de veículos, permanecendo unicamente como empresas de fretamento.

Lista de 12 horas - Presidentes de cooperativas do Vale do Jequitinhonha, de Pouso Alegre e Betim criticaram, além das multas administrativas, outra exigência do Decreto 44.604: a lista de 12 horas, que impede qualquer fretamento de última hora, já que a guia de autorização exige esse intervalo entre uma viagem e outra. Todos foram unânimes em dizer que o decreto que deveria regulamentar o setor acabou penalizando quem trabalha legalmente e beneficiando os clandestinos. O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes Turísticos e de Fretamento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Nivaldo José Soares Júnior, lembrou que 95% do setor é composto por microempresários. "Se o decreto for vigorar mesmo em dezembro, o segmento entrará em colapso", disse.

Lindenberg Garcia respondeu a vários questionamentos, mas não trouxe nenhuma solução, como pedido pelos participantes. Ele confirmou que o DER trabalha dentro de normas técnicas e legais. Mas prometeu levar as reivindicações para o secretário de Transporte.

Vanderlei Miranda lamentou a ausência dos representantes do DER e do Detran, enquanto os deputados Doutor Viana (DEM), 1º-vice-presidente da Assembléia, e Juninho Araújo (PRTB), vice-presidente da Comissão de Transportes, manifestaram solidariedade aos participantes. O líder do Governo na ALMG, deputado Domingos Sávio (PSDB), reconheceu a importância do segmento, mas enfatizou que a questão da segurança do passageiro é ponto pacífico para todos. Ele disse ainda que o decreto tem erros que devem ser apontados ao governador. "A maior lealdade ao governador é mostrar o erro, quando ele aparece", afirmou.

Presenças - Deputados Vanderlei Miranda (PMDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), Juninho Araújo (PRTB), Doutor Viana (DEM) e Domingos Sávio (PSDB).

 

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