Especialistas desmistificam risco de câncer pelo uso do
celular
Representantes da Anatel, Secretaria de Estado da
Saúde e especialistas apresentaram estudos que negam a relação entre
o uso de telefones celulares e o câncer. Eles falaram nesta
quinta-feira (11/9/08) aos deputados das comissões de Saúde e de
Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de
Minas Gerais. A reunião conjunta recebeu ainda representantes do
Procon e das operadoras de telefonia móvel do Estado. A audiência
aconteceu a pedido do deputado Carlos Pimenta (PDT).
Segundo o consultor da Organização Mundial de Saúde
(OMS) e professor da Universidade de Campinas (Unicamp) Renato
Sabbatini, não há evidências científicas mostrando que o uso
excessivo de celulares cause qualquer tipo de câncer. A afirmação,
de acordo com ele, é feita com base em um estudo realizado a
respeito de mais de 600 trabalhos científicos em todo o mundo, que
apontam que os níveis de emissão de radiação dos telefones móveis
são muito inferiores aos limites máximos tolerados pela OMS.
O professor explicou que a única alteração
provocada pelo uso de longa duração do celular é o aumento de até
1oC na temperatura corporal, o que não representa risco,
tendo em vista as defesas naturais do organismo. "Se nosso corpo não
tivesse como controlar o aumento de temperatura do nosso organismo,
o sol simplesmente nos fulminaria", disse.
Questionado pelo deputado Carlos Mosconi (PSDB)
sobre o fato de existirem diversos estudos que mostram riscos pelo
uso do celular, o professor afirmou que o a incidência é muito
pequena e, normalmente, esses estudos são conduzidos por
não-especialistas. "O câncer causado pelo celular não é uma polêmica
na comunidade científica, pois os estudos mostram não haver risco.
Apenas em crianças, ainda não temos dados suficientes para dizer se
pode haver danos no longo prazo", ponderou. Ao final de sua
exposição, Sabbatini mostrou os resultados de uma pesquisa
considerada modelo, realizada na Dinamarca, que comprovou a
inexistência de relação entre o uso do telefone móvel e os casos de
câncer na população.
O especialista em Regulação da Anatel Agostinho
Linhares fez coro às palavras do professor da Unicamp, e afirmou que
a agência regula as operadoras e fabricantes de telefones celulares,
seguindo os parâmetros e limites de radiação estabelecidos pela OMS.
Segundo ele, não há risco para a população com o uso do celular. Em
sua apresentação, questionou os estudos nacionais e internacionais
que alarmaram a população, ao afirmar que suas fontes são formadas
por não especialistas e que os resultados são contraditórios. "Todos
os aparelhos passam por testes que aprovam apenas aqueles que emitem
um nível de radiação permitido. Definitivamente, os estudos
realizados até hoje rechaçam qualquer risco à saúde dos usuários da
telefonia móvel", salientou.
Diagnósticos - O
coordenador do Instituto Mineiro de Neurocirurgia, Jair Raso, também
concorda que não há evidências científicas de que o celular cause
câncer, e lembrou que os casos não cresceram, mas os avanços da
medicina tem proporcionado um aumento nos diagnósticos nos
pacientes.
Secretaria de Saúde sugere precaução
A coordenadora da Epidemiologia da Avaliação de
Vigilância do Câncer da Secretaria de Estado da Saúde, Berenice
Navarro, disse que, apesar de não haver estudos suficientes que
comprovem os riscos de câncer causado por celulares, são prudentes
algumas ações por parte dos especialistas, das operadoras e das
autoridades como medida de precaução. Em sua exposição, ela levantou
a possibilidade de serem desenvolvidas novas tecnologias que
minimizem o contato do usuário com o aparelho; a realização de
campanhas que informem os usuários sobre os riscos, como o fato de
existirem aparelhos e modelos com maior ou menor emissão de
radiação; um monitoramento mais rigoroso das causas de câncer na
população; a redução do apelo comercial para o consumo dos
celulares, especialmente entre as crianças; mais investimentos em
estudos e pesquisas científicas sobre o tema; além do aprimoramento
da legislação que trata da poluição eletromagnética, tanto nos
grandes centros quanto nas áreas rurais. Ela mostrou ainda, por meio
de dados da secretaria, que o câncer é a segunda causa de
mortalidade em Minas Gerais, mas que os números não mostram a
relação entre o uso do celular e a doença.
Para o deputado Carlos Mosconi, é preciso que haja
mais campanhas informativas com a população, especialmente
direcionada às crianças, sobre as quais ainda não há estudos
suficientes quanto ao risco. O deputado Hely Tarqüínio (PV) se disse
mais tranqüilo quanto aos resultados dos estudos científicos, mas
também afirmou que é preciso que as pesquisas avancem. Já o deputado
Délio Malheiros (PV) chamou a atenção para a necessidade de cuidados
com o impacto visual das antenas nas cidades, que tem transformado
os grandes centros em verdadeiros "paliteiros".
Teste - Ao final da
reunião, o engenheiro de segurança Carlos Queirós demonstrou, por
meio de um medidor isotrópico, que marca o índice de radiação de
aparelhos eletromagnéticos, a baixa incidência radioativa do
telefone celular. Ele aproximou uma peça de césio, que registrou
valor máximo de radiação, enquanto um celular chega a um nível que
não oferece risco para os usuários.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente da Comissão de Saúde; Délio
Malheiros (PV), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do
Contribuinte; Hely Tarqüínio (PV); e Célio Moreira (PSDB), além dos
convidados citados na matéria.
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