Legislação sobre a pesca motiva críticas em reunião

A necessidade de melhoria das portarias editados pelo Executivo para tratar da pesca no período da piracema, com o ob...

09/09/2008 - 00:02
 

Legislação sobre a pesca motiva críticas em reunião

A necessidade de melhoria das portarias editados pelo Executivo para tratar da pesca no período da piracema, com o objetivo de incentivar o turismo de pesca, foi debatida nesta terça-feira (9/9/08) em reunião conjunta das Comissões de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo e de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Os representantes do Executivo e da Polícia Militar convidaram os parlamentares a colaborar na elaboração da portaria que será editada em 2008 e que irá regulamentar a pesca durante a piracema na Bacia do Rio São Francisco.

O presidente da Comissão de Turismo e autor do requerimento para realização da reunião, deputado Vanderlei Miranda (PMDB), fez vários questionamentos sobre as portarias editadas em 2006 e 2007. O parlamentar questionou, por exemplo, a proibição, durante a piracema, na Bacia do São Francisco, de embarque de peixes para os pescadores amadores, enquanto os pescadores profissionais e de subsistência são autorizados a embarcar até cinco quilos de peixe. Vanderlei Miranda afirmou que esse tipo de proibição prejudica o turismo de pesca no Brasil. "Estamos deixando de aproveitar um grande potencial turístico que é a pesca", disse.

O assistente técnico da Diretoria de Meio Ambiente da Polícia Militar, José Antônio Pimenta de Faria, explicou que as portarias são editadas após discussão e participação dos vários segmentos envolvidos, inclusive os pescadores. Ele convidou os parlamentares a também participarem das discussões que são promovidas antes da edição das portarias. José Antônio Pimenta explicou que, durante a piracema, o embarque de peixes é proibido para todos os pescadores em todo o Estado, com exceção da Bacia São Francisco. "Nessa bacia optamos por liberar o embarque de até cinco quilos de peixe para os pescadores profissionais e de subsistência devido ao fato de a população ser mais carente e necessitar da pesca para sobreviver", afirmou.

José Antônio Pimenta explicou ainda que, atualmente, existem cerca de 18.500 pescadores profissionais cadastrados, enquanto os amadores são mais de 600 mil. Ele lembrou que o período da piracema é de quatro meses, e que se fosse liberada a pesca para os amadores, os danos ao meio ambiente poderiam ser grandes. "Nossa idéia é liberar a pesca para os peixes exóticos e manter a proibição dos peixes de piracema", afirmou. Para José Antônio Pimenta, é importante fazer adequações para cada região. "Seria interessante, por exemplo, incentivar a pesca amadora, de turismo, no Lago de Furnas", destacou.

Preservação - O presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), defendeu que a legislação de pesca possibilite a preservação das várias espécies de peixes. Para ele, ao serem elaboradas, as portarias deveriam levar em consideração pesquisas que indiquem a situação da vida nas bacias. "O dano ambiental e a preservação das espécies deveria ser o objetivo maior da legislação", considerou. Já o vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Fábio Avelar (PSC), e o deputado Inácio Franco (PV) defenderam que a regulamentação da pesca deve ter a participação do governo e da população.

Fiscalização enfrenta dificuldades no Estado

Na reunião, foram ainda apontadas deficiências na fiscalização feita em Minas Gerais. O deputado Vanderlei Miranda afirmou que é impossível, por exemplo, controlar os estoques de peixes. Ele também criticou o número limitado de fiscais que fazem o controle da pesca no Estado. Para o parlamentar, o incentivo ao turismo contribui com a fiscalização, na medida em que o turista ajuda no controle dos abusos que acontecem nos rios.

José Antônio Pimenta afirmou que atualmente existem 1.200 policiais na fiscalização, mas que esse número ainda é insuficiente para controlar toda a extensão hidrográfica de Minas Gerais. Para ele, apesar de ainda existirem fraudes, a fiscalização e as portarias contribuem para diminuir o número de pessoas que não respeitam as regras.

Outra crítica feita pelos parlamentares na reunião foi o fato de o Governo do Estado não ter respondido a um ofício encaminhado pela Assembléia solicitando informações acerca da fiscalização feita em 2006 e 2007. Os deputados solicitaram dados como o número de equipamentos apreendidos, a quantidade de multas aplicadas e o valor recolhido pelo Estado. Para Vanderlei Miranda, esses dados são fundamentais para que os deputados possam contribuir na elaboração da nova portaria.

O representante do Executivo e gerente regional de Pesca do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Leandro Gervásio de Oliveira, explicou que essa solicitação não lhe foi encaminhada. Entretanto, ele garantiu o envio dos dados aos parlamentares antes do encontro que será realizado em Pirapora, entre os dias 7 e 9 de outubro, com os pescadores, para discutir a pesca durante a piracema em 2008.

Presenças - Deputados Vanderlei Miranda (PMDB), presidente da Comissão de Turismo; Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente da Comissão de Meio Ambiente; Fábio Avelar (PSC), vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente; e Inácio Franco (PV).

 

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