ALMG homenageia reduto que reúne gerações há 70
anos
Rua Tupinambás, entre Afonso Pena e Curitiba. É
neste endereço central que funciona um dos redutos de lazer mais
tradicionais de Belo Horizonte, cidade conhecida como a capital dos
bares e botequins. Trata-se do Café Palhares, que está completando
70 anos de atividades e recebeu uma homenagem da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais, na noite desta segunda-feira (8/9/08).
Na Reunião Especial de Plenário, convidados e deputados ressaltaram
a importância desse espaço, que vem reunindo diferentes gerações de
freqüentadores de toda a cidade. A homenagem foi conduzida pelo
1º-vice-presidente da ALMG, deputado Doutor Viana (DEM),
representando o presidente Alberto Pinto Coelho (PP). O autor do
requerimento foi o deputado Vanderlei Miranda (PMDB).
"O Café Palhares mantém uma importante tradição na
cidade, que merece ser preservada. Afinal, nosso patrimônio
histórico não se restringe às construções, matéria concreta, feita
de pedra, tijolo e cimento, mas é também o repositório de lembranças
e emoções, bem como a celebração de hábitos", afirmou o deputado
Doutor Viana. Ele fez um resgate do passado, lembrando os muitos
freqüentadores do Palhares, juntamente com seus congêneres, "de
saudosa memória", Café Estrela e Café Pérola. "Nas mesas dos cafés,
degustando a bebida, reuniam-se escritores, filósofos e artistas",
lembrou. Entre alguns dos fregueses ilustres, destaque para os
ex-governadores Juscelino Kubitschek, Magalhães Pinto e Hélio
Garcia.
Futebol - O deputado
Doutor Viana lembrou que o local sempre teve também grande
freqüência popular, caracterizada principalmente pelos amantes do
futebol. Isso porque, antes da existência do Mineirão, era ali que
se compravam os ingressos para os jogos no Estádio do Independência.
Antes de a TV começar a transmitir os jogos, o Palhares também
reunia grande clientela para acompanhar as partidas pelo rádio, como
aconteceu na primeira Copa do Mundo conquistada pelo Brasil, em
1958.
Cardápio marca tradição
O autor do requerimento pela reunião, deputado
Vanderlei Miranda, lembrou que o Café Palhares também é conhecido
por ter inventado e oferecer sempre em seu cardápio uma das iguarias
mais típicas de Belo Horizonte, o famoso "caol". O apelido foi
inventado pelo compositor Rômulo Paes para chamar uma receita de
carne, arroz, ovo e lingüiça, que alimentou muitos estudantes e
boêmios que moravam na Capital.
"Falar do Café Palhares é falar de uma história
bastante conhecida, que se confunde com a história de Belo
Horizonte", disse Vanderlei Miranda, que parabenizou as sete décadas
de existência do restaurante. "Poucas casas de negócios sobrevivem
por tanto tempo assim, em meio a toda a inconstância da economia do
nosso País ao longo dos anos. Esta é uma justa homenagem ao Café, às
famílias dos proprietários e a seus fundadores", completou o
parlamentar.
Um dos atuais proprietários do Café Palhares é João
Lúcio Ferreira, filho de Neném Ferreira, que comprou o
estabelecimento em 1944 dos fundadores, os irmãos Palhares. Depois
de receber uma placa alusiva à comemoração, João Lúcio agradeceu à
Assembléia pela realização da Reunião Especial. Ele e o irmão, Luiz
Fernando Ferreira, que trabalham na Casa há quase 40 anos também
fizeram uma homenagem a todos os freqüentadores do ambiente,
referindo-se a eles como "Família Palhares".
Além dos deputados Doutor Viana e Vanderlei Miranda
e dos irmãos João Lúcio e Luiz Fernando Ferreira, compôs a mesa da
solenidade o presidente do Sindicato da Indústria do Ferro de Minas
Gerais (Sindfer), ex-ministro e ex-deputado Paulino Cícero.
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