Comissão constata precariedade da cadeia de Campos Gerais

Numa cadeia com capacidade para 22 presos estão detidos mais do dobro: 47, muitos com doenças como sarna, anemia e pn...

02/09/2008 - 00:01
 

Comissão constata precariedade da cadeia de Campos Gerais

Numa cadeia com capacidade para 22 presos estão detidos mais do dobro: 47, muitos com doenças como sarna, anemia e pneumonia. Do total de detentos, quatro são menores e quatro, mulheres. As celas têm pouca iluminação, grandes rachaduras e o mau cheiro predomina. Resumidamente, essa é a situação da cadeia pública de Campos Gerais, no Sul de Minas, visitada pelos deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta terça-feira (2/9/08).

Alguns integrantes da equipe da ALMG - fotógrafo, repórter cinematográfico da TV Assembléia e seu auxiliar - foram impedidos de entrar no estabelecimento em função de determinação da Secretaria de Estado de Defesa Social. O chamado Procedimento Operacional Padrão do órgão proíbe "a entrada de máquinas fotográficas, filmadoras, gravadores" e outros artigos, sob o argumento de que essas normas visam à manutenção da segurança interna e à garantia da integridade dos detentos.

Para tomar conta dos presos, há apenas dois servidores da Polícia Civil - o delegado e um escrivão. Segundo o diretor da cadeia, Mauro Nogueira de Paulo, os outros dois policiais civis lotados na cidade estão afastados por licença médica. Também a Polícia Militar (PM) é obrigada a ceder parte de seu efetivo no município para o trabalho na cadeia. De acordo com o tenente-coronel José Fernando Cantalino, comandante da PM local, dos 22 policiais que atuam em Campos Gerais, oito trabalham na cadeia, em sistema de revezamento.

Também há cinco agentes penitenciários lotados na cadeia, mas como a situação é muito precária, eles sempre demandam apoio policial, segundo o juiz da comarca, Flávio Junqueira Silva. A infra-estrutura da corporações policiais no município também não é adequada. São apenas quatro viaturas da PM e duas da Polícia Civil (só uma funcionando). Isso para uma realidade de índices altos de criminalidade para o Sul de Minas: são 1.600 processos criminais em Campos Gerais, cidade com 28 mil habitantes, número alto se comparado a municípios maiores como Alfenas, que tem 800 processos desse tipo, de acordo com o juiz.

Secretaria anuncia reforma e inauguração de penitenciária

Representando a Superintendência-Geral da Polícia Civil, a delegada Cláudia Edna Calhau informou que já está licitado o projeto de reforma da cadeia. Mas, segundo ela, a Secretaria de Defesa Social aguarda a transferência de cerca da metade dos presos (inclusive mulheres e menores) para a penitenciária de Alfenas, com previsão de inauguração na primeira quinzena deste mês.

Por outro lado, o prefeito de Campos Gerais, Joaquim Geraldo de Carvalho, avalia que a cadeia pública não comporta reparos. "A reforma é antieconômica e inviável. Temos laudos do Governo do Estado que mostram isso", completou o prefeito, que declarou estar lutando junto com outras autoridades locais por uma solução adequada.

O presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), informou que será feito um relatório com todas as informações obtidas na visita, o qual será entregue ao secretário de Defesa Social, Maurício Campos Jr. Ele explicou que, assim como nas outras visitas realizadas a unidades prisionais do Estado, o objetivo da comissão é diagnosticar os problemas e contribuir para uma solução. Dessa forma, a Assembléia estaria atuando na prevenção de danos maiores, como a morte de presos em incêndios como os ocorridos em Ponte Nova, Arcos, Rio Piracicaba e no Ceresp de Belo Horizonte.

Já o deputado Délio Malheiros (PV) lamentou o problema recorrente nas unidades prisionais visitadas: o desvio dos policiais de suas funções devido à necessidade de custodiarem presos. Mesmo assim, o parlamentar salientou que as visitas realizadas e o posterior contato com o secretário de Defesa Social têm surtido um bom efeito e soluções vêm sendo encaminhadas.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente da comissão; e Délio Malheiros. Também participaram da visita o presidente da Câmara Municipal de Campos Gerais, Antônio Marcos Jorge; o promotor Fernando Ribeiro Cruz; o delegado regional de Alfenas, João Simões de Almeida; o presidente da Loja Maçônica de Campos Gerais, José Maurício Vilela; e o representante da OAB, Cláudio Lúcio Ribeiro.

 

 

 

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