Participantes de audiência condenam volta de vôos para a
Pampulha
A operação de novos vôos no Aeroporto Carlos
Drummond de Andrade (Pampulha) com destino ao Rio de Janeiro, São
Paulo e Brasília foi condenada pelos participantes da audiência
pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (28/8/08),
que consideram a medida um retrocesso. A reunião foi solicitada pelo
deputado Délio Malheiros (PV) para apurar notícias veiculadas pela
imprensa mineira de que as empresas aéreas TAM e Gol estariam
solicitando da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorização
para voltar a operar no aeroporto.
A secretária de Estado de Turismo, Érica Drumond,
afirmou que o Estado, o setor turístico e a sociedade mineira não
têm interesse em retomar os vôos entre capitais partindo do
Aeroporto da Pampulha. Segundo ela, a Portaria da Anac 993, que está
em vigor, determina que os vôos da Pampulha para outras capitais têm
que fazer escalas em aeroportos regionais. "Os investimentos que o
Estado tem feito no vetor norte da Capital, com a Linha Verde e o
Centro Administrativo, não podem ser desprezados pelo Governo
Federal", ressaltou.
Érica Drumond considera legítimos os interesses das
empresas aéreas de se manterem competitivas no mercado, mas defende
que as companhias respeitem a vontade do Estado e da comunidade e
não operem no Aeroporto da Pampulha, mesmo que uma nova portaria
permita isso. Para a secretária, o Aeroporto Tancredo Neves
(Confins) consolidou Belo Horizonte como hub internacional,
ou seja, como central de distribuição de vôos. "Se os investimentos
no aeroporto internacional continuarem, Belo Horizonte poderá ter o
maior e melhor aeroporto do País", concluiu.
"Belo Horizonte representa hoje o quarto mercado em
importância para a TAM", afirmou o diretor comercial da empresa em
Minas Gerais, Eduardo Teci. Ele explicou que a TAM solicitou da Anac
autorização para operar na Pampulha com aeronoves de 140
passageiros. Teci avaliou que a transferência dos vôos para o
Aeroporto de Confins foi positiva para a empresa que já têm vôos
diretos para o Sul do Brasil e também está internacionalizando vôos
a partir de Confins. "Se a Anac autorizar, estamos prontos para
operar", afirmou.
Deputados lembram trabalho de comissão
especial
O deputado Délio Malheiros (PV) analisou que a
questão é mercadológica. Ele ressaltou os problemas de segurança e
conforto para os passageiros na Pampulha, e disse que a
transferência dos vôos, se fosse confirmada, criaria uma situação
preocupante. O deputado Célio Moreira (PSDB) também se manifestou
contrariamente a uma portaria permitindo novos vôos na Pampulha e
lembrou o trabalho da Comissão Especial dos Aeroportos, que apontou
a necessidade de revitalização de Confins.
A criação de uma nova comissão especial, a pedido
do presidente Alberto Pinto Coelho (PP), para estudar a situação dos
aeroportos foi lembrada pelo deputado Fábio Avelar (PSC). Ele
defendeu a união de todos os esforços na ampliação do Aeroporto
Tancredo Neves. A ausência de representantes da Anac na reunião foi
duramente criticada pelo deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT).
Segundo ele, essa postura é a mesma do Departamento de Aviação Civil
(DAC), que deu lugar à agência. "Não vamos conseguir resolver nada
sem a presença da agência", lamentou. O deputado afirmou que vai
entrar com uma ação civil pública contra a permissão para os vôos
partindo da Pampulha.
Aeroportos de BH têm vocações diferentes
De acordo com o superintendente de Comércio
Exterior da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico,
Accácio Ferreira Santos Júnior, existem duas vocações bem visíveis
nos aeroportos de Belo Horizonte: Confins já funciona como
hub internacional e o Aeroporto da Pampulha como hub
das cidades de Minas. "Não vejo conflitos", avaliou. O
superintendente afirmou que a Pampulha não oferece condições para
receber jatos entre 100 e 120 passageiros. "O aeroporto é bom, mas
não justifica investimento de R$ 300 milhões só para ampliar o
terminal", defendeu.
O superintendente do Aeroporto Carlos Drummond de
Andrade, Cláudio Figueiredo Salviano, tem opinião semelhante. "Minas
Gerais tem o sistema aeroportuário mais equilibrado do Brasil",
afirmou. Segundo ele já foram solicitadas autorizações para 46 novos
vôos, com aumento de 150 mil passageiros por mês, o que seria
inadequado para o aeroporto. Salviano rejeitou as críticas de que o
Aeroporto da Pampulha estaria às moscas e argumentou que o terminal
tem hoje o dobro do movimento de passageiros que Confins tinha em
2004 e cinco vezes mais aeronaves em circulação. Ele também garantiu
que serão investidos recursos em obras de melhorias do
aeroporto.
Os investimentos feitos pela Infraero no Aeroporto
Internacional Tancredo Neves foram apresentados pelo superintendente
do terminal, Adair Moreira Júnior. Segundo ele, entre 2003 e 2007
foram aplicados R$ 34 milhões em Confins, com previsão de mais de R$
14 milhões a partir do segundo semestre deste ano. Estão previstas
reformas nas salas de embarque e desembarque internacional,
recuperação do atual pátio de aeronaves, ampliação do estacionamento
e reforma do terminal de passageiros, além da ampliação da pista
principal e do terminal de cargas. "Confins está crescendo 20% ao
ano, contra os 7% da média nacional", afirmou Adair Moreira Júnior.
O superintendente disse que o terminal atingirá a capacidade máxima
de 5 milhões de passageiros no final deste ano. "Estamos trabalhando
para que os mineiros não tenham um aeroporto saturado",
concluiu.
O deputado Alencar da Silveira Jr. apresentou
requerimento de protesto junto ao presidente da Anac, que será
votado na próxima reunião da comissão. Segundo o deputado, a
autarquia se recusa a discutir com a sociedade mineira questões
relativas à utilização do Aeroporto da Pampulha. O deputado Délio
Malheiros informou ainda que serão encaminhadas as notas
taquigráficas do debate de à comissão especial a ser criada pela
Assembléia para estudar o assunto.
Presenças - Deputados Délio
Malheiros (PV), presidente; Célio Moreira (PSDB), Fábio Avelar
(PSC), Alencar da Silveira Jr. (PDT) e Adalclecer Lopes (PMDB).
Também participaram da reunião o presidente da Associação dos Amigos
da Pampulha, Flávio Marcus Ribeiro de Campos; o diretor sindical do
Aeroporto de Confins, Ricardo Gomes da Silva; o vice-presidente da
Associação Comercial de Minas Gerais, Roberto Luciano Fortes
Fagundes; o assessor da Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Econômico, Hilton Gordilho Freitas; e o presidente da Associação
Brasileira de Agências de Viagens, José Maurício Miranda Gomes.
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