Dispositivo eletrônico será útil para controlar sentenciados

A tornozeleira eletrônica para vigilância de sentenciados pode ser uma boa opção para reduzir custos e aumentar a efi...

26/08/2008 - 00:02
 

Dispositivo eletrônico será útil para controlar sentenciados

A tornozeleira eletrônica para vigilância de sentenciados pode ser uma boa opção para reduzir custos e aumentar a eficiência do controle em determinados casos, mas não poderá ser utilizada em criminosos perigosos, nem evitará fugas. Essa foi uma das conclusões obtidas após a audiência pública requerida pelo deputado Sargento Rodrigues (PDT), presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizada na tarde desta terça-feira (26/8/08). Rodrigues é relator do Projeto de Lei 1.939/07, de autoria do deputado Leonardo Moreira (DEM), que dispõe sobre o controle eletrônico de sentenciados.

A audiência começou com uma demonstração da tornozeleira, por parte de Marcelo Hildebrand, representante do fabricante, a Insielsat. O dispositivo pesa 150 gramas, é à prova d'água, sua bateria dura 18 horas, a memória interna é de sete dias. É capaz de registrar e informar, via GPS, a posição do portador e se cometeu alguma violação de horário ou local. A tecnologia é nacional e custaria cerca de R$ 600 mensais por unidade, incluindo o monitoramento. Está sendo testada em Minas desde 16 de abril.

Sargento Rodrigues apresentou dois questionamentos ao empresário: o primeiro, se é possível romper a tornozeleira. Hildebrand admitiu que sim, mas disse que seu uso é um benefício de liberdade que o juiz pode cancelar, se houver quebra do acordo. O segundo questionamento de Rodrigues foi sobre a comunicação da infração à autoridade. O empresário disse que a empresa comunica imediatamente a violação e cabe à polícia agir. Em São Paulo, os testes são integrados com as viaturas policiais.

Marcos Siqueira de Moraes, representante da Subsecretaria de Estado de Administração Prisional da Secretaria de Defesa Social, disse que testou oito equipamentos nacionais e israelenses, e que o Governo de Minas enviou missões a Israel e a Buenos Aires, para ver o funcionamento do sistema nesses países. Disse que os sentenciados cumprem estritamente as determinações e o sistema responde adequadamente. Admitiu, no entanto, algumas falhas, uma delas o fato de que nem todas as casas de sentenciados estão na área de cobertura de celular.

O diretor do Conselho de Criminologia e Política Criminal, Celso Magalhães, apontou uma falha de redação do projeto, que menciona os casos de indulto. Para ele, indultado não precisa ser monitorado, porque está fora do sistema. O texto deve se referir às saídas temporárias, autorizadas pela Justiça. O presidente do Conselho, Marcos Afonso de Souza, disse que as tornozeleiras permitirão controlar o cumprimento de pena em regime aberto, que é pouco fiscalizado.

Cinco tipos de sentenciados poderão usar a tornozeleira

O representante do Ministério Público, Joaquim José Miranda Júnior, relacionou cinco tipos de sentenciados que poderiam ser beneficiados pela tornozeleira: 1) os condenados a prisão domiciliar, poupando custos de vigilância por equipes policiais, como no caso do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto; 2) os condenados por crimes leves, com medidas alternativas; 3) aqueles em livramento condicional, que usariam o dispositivo nos primeiros meses; 4) os autorizados a saídas temporárias, cinco vezes por ano, sete dias por saída; 5) os autorizados a realizar trabalho externo.

Foram mencionados outros casos em que a tornozeleira seria útil: no caso de maridos que agridem as esposas e estão incursos na Lei Maria da Penha, a polícia colocaria uma base na casa, que dispararia um alarme se o marido se aproximasse. O mesmo aconteceria no caso de pedófilos que rondam escolas. Também seria útil para enviar prisioneiros ao fórum e a tratamentos médico-odontológicos externos sem necessidade de escolta.

Os representantes das forças policiais também vêem os aspectos positivos da inovação tecnológica. Mário Correia dos Santos, coordenador da Superintendência Geral da Polícia Civil, disse que a Secretaria de Estado de Defesa Social ainda tem 13.626 detentos acautelados sob sua custódia, e que 40% deles são albergados. "Esses são o calcanhar-de-Aquiles do sistema carcerário. A tornozeleira seria a solução para livrá-los do contato com os criminosos fechados". Por sua vez, o major Welton Baião, do Estado Maior da Polícia Militar, aplaude a tecnologia que ajudaria os policiais nas ruas a controlar on-line os sentenciados autorizados a sair.

O deputado Délio Malheiros disse que o importante é poupar custos e melhorar o controle. Ele pretende apresentar um substitutivo ao projeto do deputado Leonardo Moreira, adequando a proposição à nova realidade e aos interesses da administração pública. Malheiros criticou também a questão dos albergados, que deveriam, segundo ele, ficar detidos durante o dia e dormir em casa, ou então dormir nas escolas públicas como vigias para evitar o vandalismo, e isso já seria uma medida de ressocialização.

O deputado Sargento Rodrigues refutou as críticas de que a tornozeleira atingiria a dignidade dos presos e reafirmou sua posição de que a sentença precisa ter, primeiramente, o caráter punitivo. E em seguida, o de ressocialização.

Requerimento - Além dos três requerimentos numerados constantes na pauta, a comissão aprovou ainda um quarto requerimento do deputado Sargento Rodrigues, em que solicita moção de aplauso ao escrivão de Polícia André Luiz Lima, que baleou um assaltante e dominou o outro durante assalto em viagem de ônibus de Padre Paraíso, no Vale do Jequitinhonha, para Belo Horizonte.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Luiz Tadeu Leite (PMDB), Délio Malheiros (PV) e Hely Tarqüínio (PV).

 

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