Fhidro tem R$ 77 milhões para financiar projetos em 2008

O Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fh...

20/08/2008 - 00:01
 

Fhidro tem R$ 77 milhões para financiar projetos em 2008

O Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro) é formado pela Compensação Financeira pela Utilização de Águas para Geração de Energia, recolhida pelas hidrelétricas que operam no Estado. Este ano, serão recolhidos R$ 77 milhões para o Fhidro e igual quantia para sustentar o Sistema Estadual do Meio Ambiente. A legislação permite que esses recursos sejam utilizados para financiar a elaboração de projetos de saneamento ambiental e também para a sua execução.

Essas informações foram prestadas aos deputados da Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio São Francisco (Cipe São Francisco), por especialistas e autoridades do Governo de Minas, reunidos na tarde desta quarta-feira (20/8/08), no auditório da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

A questão do financiamento para projetos ambientais, especialmente aqueles destinados a revitalizar a bacia do São Francisco, foi o principal tema do debate. Antônio Eustáquio Oliver, coordenador do Proágua da Secretaria de Meio Ambiente e do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), disse que o Fhidro ficou engessado durante muitos anos, até que a legislação permitiu sua flexibilização. Disse que, em 2006, foi assinado seu decreto de regulamentação, e atualmente estão em andamento para obter recursos do Fhidro 109 projetos, no valor de R$ 66 milhões.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Thomaz da Matta Machado, criticou a burocracia que impediu que fossem concedidos financiamentos em 2006 e 2007, e disse estar esperançoso de que os R$ 77 milhões disponíveis sejam efetivamente gastos em 2008. Machado disse também que a discussão agora é sobre o formato de uma agência de bacia para cobrar pelo uso da água. Uma dessas agências já foi criada, a do Rio das Velhas. Seu presidente, José Nelson Machado, informou que pretende iniciar a cobrança em maio de 2009, e que a Copasa será seu maior contribuinte.

Especialista teme a formação de "latifúndios da água"

Ênio Rezende Souza, da Emater, fez um extenso relato das iniciativas da empresa para recuperar e revitalizar sub-bacias degradadas, com ênfase na dificuldade para trabalhar em áreas particulares. Foram formados 111 educadores ambientais pela Emater numa parceria com o Cefet de Bambuí. Souza aponta um lado negativo da cobrança da água, que poderia exacerbar as desigualdades regionais, criando o que chama de "latifúndios da água". Sua tese é que, com a cobrança da água, agências de rios como o das Velhas e o Doce, que têm grandes empresas usuárias em suas margens, receberiam grandes somas de dinheiro, enquanto a do Jequitinhonha, de margens desabitadas, ficaria à míngua de recursos.

Alexandre Pinheiro Neto, do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), explicou que o banco está aprendendo a lidar com o Fhidro, que tem uma parte reembolsável e outra não-reembolsável. Segundo disse, a parte reembolsável é uma operação de crédito como as demais, e pode ser oferecida pelo banco, mas a parte não-reembolsável não é de sua alçada, já que se trata de transferência voluntária de recursos. Ele informou que até hoje não foi concluída nenhuma operação de crédito do Fhidro, e que essa linha ainda não foi bem divulgada.

O representante da Prefeitura de Carmópolis de Minas relatou suas dificuldades para concluir a estação de tratamento de esgotos da cidade. "Ficamos prensados pelos prazos, porque temos até o final do ano para expirar nossa licença e não conseguimos os recursos necessários. Teremos que recorrer a financiamento bancário para terminar nossa obra e colocá-la em funcionamento", disse ele.

Antônio Eustáquio Oliver disse que às vezes é mais fácil conseguir recursos para a execução de uma obra de saneamento do que para elaborar o projeto, mas que agora é permitido ao Fhidro custear também os projetos. Matta Machado completou que o problema do saneamento ambiental tem três fases: falta projeto, falta execução e depois de pronto, falta gestão.

Presenças - Deputados Gil Pereira (PP), coordenador da Cipe São Francisco; Antônio Carlos Arantes (PSC), Ruy Muniz (DEM) e Carlos Pimenta (PDT), e a deputada Ana Maria Resende (PSDB).

 

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