Deputados questionam métodos da SEE para exoneração de diretora

Os procedimentos adotados pela Secretaria de Estado da Educação (SEE) para exonerar a diretora da Escola Estadual Tib...

20/08/2008 - 00:01
 

Deputados questionam métodos da SEE para exoneração de diretora

Os procedimentos adotados pela Secretaria de Estado da Educação (SEE) para exonerar a diretora da Escola Estadual Tibiriçá, Rita de Cássia Luiz Berbert, foram questionados pelos deputados em audiência pública da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (20/8/08). A reunião foi solicitada pelo deputado Sebastião Costa (PPS) para apurar denúncias de irregularidades nas prestações de contas apresentadas contra a ex-diretora. Segundo o autor do requerimento, a intenção era que a reunião acontecesse antes do afastamento da diretora, que ocorreu no último mês.

O deputado Carlin Moura (PCdoB) foi enfático: "Existe um vício de origem no processo". Para o deputado, houve violação do princípio da presunção de inocência com a aplicação de duas penalidades: o bloqueio do caixa escolar e o afastamento da diretora, sem a abertura de processo administrativo. "O processo tem que começar por uma denúncia formal, que não houve", continuou. "Se a ex-diretora for inocente, quem irá reparar os danos que sofreu?", questionou. A deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM) concordou com Carlin Moura: "Queremos que as coisas sejam resolvidas dentro da legalidade", defendeu. "Eu não teria deixado um cargo sem processo administrativo", afirmou.

A supervisora regional Solange Tadeu Corrêa de Oliveira afirmou que esses procedimentos são previstos pela lei e normais dentro da SEE, e que o Governo do Estado trabalha com 100% de descentralização dos recursos públicos da educação, que são geridos pelas diretoras de escola. "Se não for feita a prestação de contas, a caixa fica inapta e é bloqueada", concluiu. Ela explicou que a superintendência teria recebido denúncias contra Rita Berbert por meio do Disque-Educação, relacionadas à prestação de contas.

A ex-diretora teria vendido produtos recebidos de ação da Receita Federal sem comunicar ao colegiado, por valor menor que o estipulado; vendido gêneros alimentícios comprados com verba do Governo Federal e também apresentado cupons sem valor fiscal para comprovar despesas. a equipe da Superintendência de Ensino foi à escola verificar se as denúncias eram procedentes e fez um relatório circunstanciado do que percebeu nas prestações de contas.

Superintendência de Ensino estipulou medidas saneadoras

Solange afirmou que foram estipuladas as medidas saneadoras que a ex-diretora deveria cumprir no prazo de 30 dias. A supervisora disse o caixa escolar foi bloqueado até que fosse feita a prestação de contas. "O prazo foi prorrogado várias vezes e, como a Rita não respondeu os nossos questionamentos, foi afastada do cargo e colocada uma diretora interventora no lugar", explicou. Para Solange, a medida seria necessária para que o caixa pudesse ser desbloqueado e os alunos não ficassem prejudicados.

De acordo com os relatos da supervisora regional, Rita Berbert cumpriu um primeiro mandato como diretora da escola do bairro Caiçara, em Belo Horizonte, a partir de 2004. Em 2007 disputou o segundo mandato com Letícia Olímpia Garcia Leão, que também foi diretora da Escola Tibiriçá, mas nenhuma das candidatas foi aprovada na prova, e seus nomes foram levados à Superintendência Regional de Ensino Metropolitana B para que fosse feita a indicação. A superintendente Suzana de Oliveira Martins reconduziu Rita Berbert ao cargo, após a indicação ter sido referenciada pelo colegiado da Escola Tibiriçá. Letícia Leão foi a denunciante do caso à Comissão de Educação da ALMG, mas não compareceu à audiência.

Ex-diretora se defende de acusações

Rita Berbert negou as acusações e explicou que foi orientada pela Receita Federal a vender os produtos por valores menores que os praticados pelo mercado. A diretora também afirmou que vendeu os bolos comprados com verba federal para arrecadar fundos para a escola. Segundo ela, no entanto, o lucro foi usado também para repor as mercadorias. "Se cometi erros, foi por desinformação", justificou. Ela sugeriu que as escolas pudessem ter a assessoria de um contador para fazer a prestação de contas. O advogado da ex-diretora, Dácio Fernando Juliani, também alegou que sua cliente não teve acesso às denúncias feitas contra ela e que ficou sem condições de defesa.

A diretora de Administração e Finanças da Secretaria da Educação, Fátima Antônia de Oliveira Bicalho, ponderou que Rita Berbert assinou um termo de compromisso com a escola no dia de sua posse e deveria ter prestado contas corretamente. "Ela tem o manual de prestação de contas e foi capacitada para isso. Esse é o papel do diretor", concluiu. Solange Corrêa também rebateu as críticas feitas pelo advogado de Rita Berbert. "Temos as cópias dos relatórios, porque os originais estão com a Rita. A prestação de contas também não é caso para advogado, porque é um procedimento normal da escola.

Requerimento - A responsabilidade com as denúncias foi defendida pelo deputado Vanderlei Jangrossi (PP), que lembrou o emblemático caso da Escola Base de São Paulo. Ele sugeriu uma nova reunião para tratar do assunto. A comissão aprovou requerimento assinado pelos deputados Carlin Moura, Sebastião Costa, Vanderlei Jangrossi e pela deputada Maria Lúcia Mendonça pedindo que a Secretaria de Estado de Educação envie aos deputados cópias das denúncias e dos relatórios investigativos contra a ex-diretora da Escola Tibiriçá, Rita Berbert.

Presenças - Deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), vice-presidente; deputados Carlin Moura (PCdoB), Vanderlei Jangrossi (PP), Sebastião Costa (PPS) e Antônio Carlos Arantes (PSC). Também participou da reunião a inspetora educacional Mônica Correia Santos.

 

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