População pede regras mais rígidas para pesca profissional

A situação da pesca na região da Represa Nova Ponte, na bacia dos Rios Araguari e Quebra Anzol, no Alto Paranaíba, fo...

20/08/2008 - 00:01
 

População pede regras mais rígidas para pesca profissional

A situação da pesca na região da Represa Nova Ponte, na bacia dos Rios Araguari e Quebra Anzol, no Alto Paranaíba, foi discutida em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (20/8/08). Muitas pessoas que acompanharam a reunião e lotaram o Plenário da Câmara Municipal de Patrocínio, onde aconteceu o encontro, exibiram cartazes reivindicando a proibição da pesca predatória na região.

Atualmente, há uma portaria do Instituto Estadual de Florestas (IEF), datada de 2003, e uma lei municipal de Patrocínio - sancionada em 2002 e já com a constitucionalidade assegurada pelo Tribunal de Justiça -, que restringem o uso de alguns instrumentos de pesca, como rede e tarrafa. Alguns convidados presentes na reunião, que foi requerida pelo deputado Deiró Marra (PR), pediram apoio à ALMG para que seja elaborada uma lei estadual regulamentando de vez a questão.

De acordo com a promotora de Defesa do Meio Ambiente da região, Juliana Pedrosa Silva, a primeira questão que deve ser considerada é a construção da represa no local. Segundo ela, o empreendimento, por si só, já trouxe uma série de impactos ambientais com geração de desequilíbrio na vida aquática. Como conseqüência natural, a biodiversidade e o número de espécies no local foram reduzidos e o peixe tornou-se uma presa mais fácil.

Como já existe esse desequilíbrio, explicou a promotora, toda pesca profissional no lago já passa a ser considerada predatória, uma vez que o meio ambiente não consegue mais repor o que foi extraído. "Devemos minimizar os impactos ambientais causados pela usina, impedindo a pesca com esses instrumentos. É preciso desenvolver a atividade de forma sustentável", alertou a promotora, informando que a Polícia Militar Ambiental, mesmo com pequeno efetivo, tem exercido a fiscalização na região. Para ela, um modelo inovador de gestão da pesca profissional poderia ser proposto para toda Minas Gerais, atendendo as peculiaridades das regiões.

Quem também defendeu a construção de uma alternativa para disciplinar o uso sustentável da atividade foi o gerente de Fauna Aquática do IEF, Marcelo Coutinho Amarantes. Ele salientou que a portaria não proíbe a pesca, mas sim restringe o uso de instrumentos, além de determinar limites de captura, de forma a preservar a biodiversidade da melhor maneira possível. O representante do IEF cobrou, ainda, que a sociedade civil também chame para si a responsabilidade de preservação, evitando jogar materiais e objetos no reservatório, como costuma acontecer.

O prefeito de Patrocínio, Júlio César Elias Cardoso, defendeu que seja criada uma lei estadual específica para regulamentar a pesca predatória, o que tem o apoio de várias prefeituras. O presidente da Associação do Meio Ambiente Regional de Patrocínio, Cássio Ferreira Nunes, entregou à Comissão de Meio Ambiente abaixo-assinado com 11 mil nomes. O documento é uma manifestação contra a pesca predatória e a favor de uma lei estadual de proteção da bacia hidrográfica dos Rios Araguari/Quebra Anzol.

A necessidade de uma maior regulamentação sobre o assunto também foi citada pelo representante da Federação dos Pescadores Esportivos, João Carlos Kruel. Mesma posição foi mencionada pelo presidente da Câmara Municipal da cidade, vereador Carlos Ibrahim Daura.

Requerimentos pedem providências

O deputado Deiró Marra reforçou a necessidade de buscar uma solução para a pesca na região, de forma a desenvolver o ecoturismo e a pesca esportiva, mas proibindo a pesca predatória, que traz prejuízos para o meio ambiente. Como providência, apresentou dois requerimentos, que foram aprovados pela comissão. Um deles pede envio de ofício ao secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, solicitando a elaboração de um plano de reforço na fiscalização da pesca predatória na represa de Nova Ponte, em especial na região próxima à Patrocínio.

O outro requerimento pede envio de ofício ao secretário de Meio Ambiente, solicitando que a Portaria do IEF nº 39, de 2003, que trata das restrições à pesca, seja transformada em decreto estadual. As portarias criadas pelos órgãos ambientais foram, inclusive, motivo de críticas por parte do deputado Antônio Júlio (PMDB), para quem esse tipo de normatização não tem aparo legal e não leva em conta a realidade de cada região. Para ele, a aplicação de multas, previstas pelos decretos, reflete a falta de fiscalização por parte do governo. "A pesca profissional precisa de uma legislação específica e clara para cada região", opinou.

Também para o vice-presidente da comissão, deputado Fábio Avelar (PSC), é necessário resolver a questão, pois a população demonstrou preocupação com os prejuízos provocados pela pesca predatória. Ele lembrou que foi o autor da lei que atualmente rege a pesca em Minas, aprovada após meses de debates com os setores envolvidos, mas ressaltou que pode ser o momento de prever restrições mais específicas. Avelar afirmou que a comissão vai analisar as sugestões recebidas na reunião e que o desdobramento pode ser a apresentação de um projeto de lei para tratar do assunto.

Itabirito - A comissão também aprovou requerimento do deputado Délio Malheiros (PV), que pede audiência pública para discutir os impactos ambientais provocados pela criação de um distrito industrial em Itabirito, na região Central do Estado. Outro requerimento aprovado, do deputado Inácio Franco (PV), pede que seja encaminhado pedido de providências ao Ministério Público Estadual, à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e à Polícia Ambiental. O objetivo é apurar denúncia de crime de degradação ambiental na MG-050, na região da zona rural de Formiga.

Presenças - Deputados Fábio Avelar (PSC), vice-presidente; Deiró Marra (PR) e Antônio Júlio (PMDB), além dos convidados citados na matéria.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715