Secretário Manoel Costa elogia atuação de comissão da Assembléia

"O desenvolvimento não chega sem regularização fundiária". A frase é do secretário Extraordinário para Assuntos de Re...

19/08/2008 - 00:01
 

Secretário Manoel Costa elogia atuação de comissão da Assembléia

"O desenvolvimento não chega sem regularização fundiária". A frase é do secretário Extraordinário para Assuntos de Reforma Agrária (Seara), Manoel da Silva Costa. Ele participou como convidado da reunião da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa de Minas Gerais desta terça-feira (19/8/08), a convite dos deputados Vanderlei Jangrossi (PP), Padre João (PT), Antônio Carlos Arantes (PSC) e Getúlio Neiva (PMDB). Dois assessores do Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais (Iter) acompanharam o secretário, que elogiou a atuação dos deputados da comissão. Os parlamentares reforçaram a necessidade do trabalho conjunto entre os membros do Legislativo e da secretaria.

Segundo Manoel Costa, a prioridade absoluta da secretaria é a regularização de propriedades de até 50 hectares, o que corresponde ao atendimento de cerca de 200 mil famílias mineiras. Informou também que a metodologia está sendo alterada. "A primeira ação é o cadastramento rural, feito pelo Iter ou por empresa terceirizada, escolhida via pregão eletrônico. Isso já foi feito em Salinas. Outros 21 municípios serão contemplados até sexta-feira", explicou. A perspectiva é que mais 60 municípios sejam incluídos nos próximos 15 dias. A licitação para a realização de um levantamento topográfico e de geoprocessamento é o segundo passo do processo de regularização de pequenas posses.

Padre João lembrou importância do levantamento de dados numéricos confiáveis. "Existem cidades em Minas Gerais em que mais da metade do território está nas mãos de empresários. Também devemos lembrar que a regularização passa pela estruturação do Iter. É preciso uma boa estrutura para um trabalho tão importante", alertou. "Um grande problema que também devemos lembrar é que o Judiciário tem legalizado muitas terras. A Justiça autoriza e o cartório aceita", avisou o secretário. A regularização fundiária em Minas Gerais é desenvolvida pela Seara e pelo Iter.

Segundo o secretário, em 2007, foram entregues 2.257 títulos de posses rurais, num total de 44,9 mil hectares, em 150 municípios. "A previsão é que, em 2009, este número chegue a mais de 7 mil títulos. Em Minas, 17 mil famílias já foram assentadas", afirmou o secretário. O deputado Antônio Carlos Arantes (PSC) afirmou que falta política de incentivo ao produtor, lembrando da política de reforma agrária nacional. "Assentar família com 30, 40 mil reais não dá certo", disse.

Já o deputado Carlos Pimenta citou o caso de uma empresa que pretende fazer uma permuta de terras. "O contrato com o governo está para terminar e a empresa quer manter o terreno onde planta eucalipto e doar um outro, em Januária, de melhor qualidade para o produtor rural, mas está encontrando empecilhos para fazer isso", explicou. O secretário avisou que o melhor caminho seria a empresa fazer essa sugestão formalmente, ao governo, que poderia apresentar um projeto a ser aprovado na ALMG.

Iter vai fazer vistoria específica em alienação de terra suspeita de irregularidade

A presença do secretário também ajudou a elucidar o caso de um projeto de resolução sobre alienação de terras devolutas (propriedades sem registro regular, que por direito pertencem ao Estado, mas em geral estão ocupadas por posseiros) que chegou à comissão e cuja veracidade dos dados foi questionada pelo deputado Padre João (PT). Ele afirmou que o Iter fará uma vistoria no local. Segundo o diretor fundiário do Iter, Antônio Alves de Araújo, o processo está regular. "Não percebemos que as áreas são próximas e consideramos que as informações repassadas eram verídicas. A renda anual do requerente, neste caso, não é levada em conta", disse o diretor. "A ação desta comissão foi benéfica para nós. Encaramos como um alerta", afirmou o secretário.

O Projeto de Resolução (PRE) 2.207/08, do governador, trata de 17 processos de alienação de terras, entre os quais três que foram criticados pelo deputado. Um deles beneficia José Carvalho Moreira, que solicita a alienação de 248,8 hectares em seu favor, no município de Rio Pardo de Minas; e Túlio José Mesquita de Carvalho, que solicita 244,8 hectares. Os dois terrenos integram a mesma fazenda, de nome Ponte Nova. De acordo com Padre João, José Carvalho Moreira é promotor aposentado e alegou no processo ter uma renda de R$ 6 mil anuais. Ainda segundo o deputado, Túlio Carvalho é filho de José Carvalho e proprietário de uma empresa de terraplenagem. Ele alegou, no processo, uma renda de R$ 5 mil.

Antônio Carlos Arantes questionou: "se é legítimo, porque a renda foi omitida? Alguém está sendo passado para trás". Padre João disse que, de acordo com a lei, é vedada a alienação de terra a diversos membros do governo, inclusive servidores do Ministério Público, o que é o caso do requerente. O assessor do Iter, Luiz Felipe da Mata Machado explicou que o promotor é aposentado, o que legalizaria a situação.

Três requerimentos foram apresentados e deverão ser votados na próxima reunião ordinária. Padre João solicitou que seja encaminhado pedido de informação ao Procurador Geral de Justiça sobre o vínculo entre o Ministério Público e seus servidores inativos. O presidente da comissão, Vanderlei Jangrossi (PP), solicitou realização de audiência pública em Jaíba, para colher informações sobre a condição dos agricultores familiares da região. Ele também pediu a formação de um grupo de trabalho com participação dos parlamentares e de representantes da Seara e do Iter, com o objetivo de atuar junto aos prefeitos, para esclarecimentos relativos à legitimação de terras.

Presenças - Deputados Vanderlei Jangrossi (PP), presidente da comissão; Padre João (PT), vice-presidente; Antônio Carlos Arantes (PSC), Carlos Pimenta (PDT) e Getúlio Neiva (PMDB).

 

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