Conselho Estadual de Saúde quer mais recursos para área

Mais recursos para a área de saúde no Estado e a formação de uma câmara técnica para analisar o repasse de verbas seg...

13/08/2008 - 00:02
 

Conselho Estadual de Saúde quer mais recursos para área

Mais recursos para a área de saúde no Estado e a formação de uma câmara técnica para analisar o repasse de verbas segundo a Emenda 29 foram os principais pontos abordados na audiência pública da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (13/8/08). Os deputados ouviram integrantes do Conselho Estadual de Saúde (CES) sobre o orçamento deste ano e a regulamentação da Emenda 29 à Constituição Federal (EC), que determina a aplicação de 12% dos orçamentos estaduais na saúde.

A audiência foi aprovada a requerimento do deputado Carlos Mosconi (PSDB), presidente da comissão, em atendimento a uma solicitação do conselho. O órgão questiona, inclusive judicialmente, a aplicação dos recursos na saúde em Minas Gerais. Em 2004 entrou com ação judicial, acatada na 1ª instância, sobre a discordância dos percentuais de aplicação, segundo o conselho, menores do que determina a EC 29. A ação foi contestada pelo Estado e se encontra em tramitação.

Percentuais divergentes - Com uma tabela evolutiva dos recursos destinados à saúde desde 2003, o vice-presidente do CES, Geraldo Heleno Lopes, disse que Minas Gerais aplica somente 6,1% no orçamento de 2008, aprovado em 2007. Já o Estado indica o uso de 14,19%. Tanto Heleno Lopes, como o assessor técnico, Paulolinto Pereira e o secretário geral da entidade, Nicodemus de Arimathéa Silva Jr. discordam dos números oficiais. Segundo eles, o governo vem aplicando o percentual em três grupos diferentes: no A, que concentra as ações diretas de saúde, onde se concentram os 6,1% e em dois outros grupos: o B, que inclui secretarias, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Unimontes; e o C que inclui a Copasa e o Fundo Financeiro de Previdência. Esses dois grupos receberam no orçamento 2008, 8,29%, segundo a tabela do conselho, que usou como fonte o Siaf-MG. A divergência encontra-se nesta última aplicação, que não são investimentos em áreas primárias de atendimento à população, segundo os integrantes do Conselho de Saúde.

Os representantes do CES chamaram a atenção ainda para o fato de que o investimento percentual nas ações prioritárias de saúde apresentou decréscimo de 2003 para cá, enquanto a aplicação em áreas afins cresceu. Naquele ano, o percentual aplicado nas ações exclusivas de saúde era de 62%, enquanto no atual orçamento é de 42,33%. Já nos grupos B e C o investimento saltou de 38% para 57,67%. O orçamento mineiro de 2008 é de R$ 35,5 bilhões, sendo que a área de saúde tem uma destinação de R$ 2,5 bilhões.

Nicodemus de Arimathéa pediu que a Assembléia seja mais ousada reposicionando os percentuais da saúde, sem necessidade de regulamentação da EC 29. "Com este entendimento torto, Minas Gerais consegue falsear a aplicação dos recursos da saúde", garantiu.

Deputados reconhecem problemas mas destacam avanços

Mas a própria tabela do Conselho Estadual de Saúde mostra o avanço dos investimentos na área de saúde, como destacou o deputado Ruy Muniz (DEM). Ele lembrou que, apesar de percentuais serem destinados a outros setores, é inegável o avanço na gestão da saúde no Estado. "A tabela mostra que, em 2003, a saúde tinha R$ 686 milhões, enquanto no orçamento vigente na área conta com mais de R$ 1 bilhão, só no grupo A da tabela. Considerando os três grupos, o investimento saltou de R$1,1 bilhão, em 2003, para R$ 2,5 bilhões este ano". O deputado foi contestado por Nicodemus de Arimathéa, que enfatizou que o parlamentar se esqueceu de falar que, no mesmo período, também as receitas e inversões para o Estado cresceram.

O principal ponto da divergência entre conselho e Estado, o percentual destinado à Copasa, foi abordado também pelos deputados Carlos Mosconi, Carlin Moura (PCdoB) e Carlos Pimenta (PDT). Todos reconheceram que o investimento em saneamento tem melhorado a saúde da população. Mosconi lembrou que a EC 29 originou-se de um projeto de lei dele quando era deputado federal e que tramitou conjuntamente com projeto de outro parlamentar. Ele também destacou que há aumento da verba para a saúde e a exclusão, no orçamento deste ano, de entidades que antes participavam do bolo, como o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). O deputado informou que apresentou um projeto regulamentando a Emenda 29 (PLC 25/07), que tramita na Comissão de Constituição e Justiça. A CCJ pediu diligência para informações à Secretaria de Saúde e de Planejamento e Gestão. Mosconi disse que incluiu o saneamento como beneficiário dos recursos de saúde, "mas não o remunerável, aquele que a Copasa já recebe do consumidor". Os membros do conselho pediram que a Comissão de Saúde "abrace este projeto".

O deputado Carlin Moura concordou integralmente com a análise dos membros do CES. Segundo ele, a saúde é o gargalo das administrações municipais e "a ausência da aplicação constitucional dos 12% na saúde cria distorções que se perpetuam". O deputado disse que usar a não-regulamentação da EC 29 como justificativa para a índices diferenciados de aplicação "é uma balela". Para ele, a Copasa já tem recursos próprios, "o cidadão paga pelos serviços de saneamento e a destinação de recursos da saúde para a empresa é colocar duas vezes recursos no mesmo orçamento", garantiu. Carlin Moura disse que a Assembléia precisa enfrentar este problema dos recursos da saúde.

Comissão inquieta - Para o deputado Carlos Pimenta, que dirigiu parte da reunião, a Comissão de Saúde tem-se mostrado inquieta com os números apresentados. "Várias vezes nos reunimos com a Seplag e a SES para mostrar que não estamos satisfeitos, porque o investimento da saúde tem de ser lá na ponta, no cidadão que está no município". Ele disse que a comissão tem brigado por mais investimentos nas ações básicas, destacando que Minas Gerais tem programas importantes, mas não tem recursos. E que a comissão pretende, este ano, pressionar para que o governo suba um pouco os percentuais destinados à saúde.

Carlos Pimenta criticou o fato de não ter sido aprovado o projeto de lei, no Congresso, que regulamenta a Emenda 29. "O que acontece em Brasília é uma covardia, e o governo federal usa a EC 29 como moeda de troca quando quer aprovar outras coisas, como foi quando da extinção da CPMF". O deputado se comprometeu a discutir a idéia da criação da Câmara Técnica com os demais membros da comissão.

Requerimentos - Foram aprovados dois requerimentos: um do deputado Délio Malheiros (PV) e outro de Carlos Pimenta. O primeiro solicita uma audiência pública para discutir um possível surto de leishmaniose viceral em algumas cidades, que segundo o deputado, só neste primeiro semestre, matou oito pessoas. E o segundo requerimento pede uma audiência pública em conjunto com a Comissão de Defesa do Consumidor para discutir o uso indiscriminado de aparelhos celulares e o aumento da incidência de câncer no cérebro.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), Ruy Muniz (DEM), Carlin Moura (PCdoB), Sargento Rodrigues (PDT) e Ademir Lucas (PSDB), além dos três convidados citados no texto.

 

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