Deputados suspeitam de irregularidade em alienação de terras

O deputado Padre João (PT), em reunião da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial realizada nesta terça-fe...

12/08/2008 - 00:02
 

Deputados suspeitam de irregularidade em alienação de terras

O deputado Padre João (PT), em reunião da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial realizada nesta terça-feira (12/8/08), colocou em dúvida a veracidade de dados referentes a processo de alienação de terras no município de Rio Pardo de Minas (Norte do Estado). O tema seria discutido na reunião com o secretário de Estado extraordinário para Assuntos de Reforma Agrária, Manoel Costa, que viria à Assembléia Legislativa de Minas Gerais para falar sobre projetos desenvolvidos para o setor, este ano. O secretário justificou sua ausência em função de outra reunião com representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Brasília.

O caso questionado por Padre João refere-se ao Projeto de Resolução (PRE) 2.207/08, originado da Mensagem 166/08, do governador. O processo trata de 17 processos de alienação de terras, entre os quais três que foram criticados pelo deputado. A alienação de terras devolutas é um instrumento por meio do qual o Estado vende terras devolutas aos efetivos ocupantes, em geral por preços abaixo do mercado. Terras devolutas são propriedades sem registro regular, que por direito pertencem ao Estado, mas em geral estão ocupadas por posseiros.

Renda duvidosa - O PRE 2.207/08 tramitava em 2º turno na comissão, mas foi retirado de pauta a pedido de Padre João. A proposta beneficia, entre outros, José Carvalho Moreira, que solicita a alienação de 248,8 hectares em seu favor, no município de Rio Pardo de Minas; e Túlio José Mesquita de Carvalho, que solicita 244,8 hectares. Os dois terrenos integram a mesma fazenda, de nome Ponte Nova. De acordo com Padre João, José Carvalho Moreira é promotor aposentado e alegou no processo ter uma renda de R$ 6 mil anuais. Ainda segundo o deputado, Túlio Carvalho é filho de José Carvalho e proprietário de uma empresa de terraplenagem. Ele alegou, no processo, uma renda de R$ 5 mil anuais. Os dois pediram a alienação de áreas próximas ao limite permitido por lei, que é de 250 hectares.

Padre João cobrou esclarecimentos do Instituto de Terras, órgão do Estado vinculado à Secretaria de Estado Extraordinária para Assuntos de Reforma Agrária. "Tem coisa errada aqui. Sabemos que a maioria das pessoas que solicitam a alienação precisam mesmo da terra e por isso não podemos parar o processo. Mas é necessário garantir a lisura e a transparência", afirmou o parlamentar, colocando em dúvida a veracidade das rendas declaradas por pai e filho. Ele ainda lançou suspeitas sobre um terceiro beneficiado cuja área, somada às solicitadas por José Carvalho e seu filho, formaria um terreno contínuo de mais de 730 hectares.

A preocupação de Padre João foi reforçada pelo deputado Antônio Carlos Arantes (PSC). "Temos que refletir sobre o que estamos votando aqui. O que o deputado Padre João afirmou é grave. Trata-se de falsificação de renda. Precisamos chamar novamente o secretário Manoel Costa e verificar, sob risco de sermos tachados mais tarde de omissos ou incompetentes", afirmou Arantes.

O presidente da comissão, deputado Vanderlei Jangrossi (PP), afirmou que novo convite já foi feito ao secretário de Estado extraordinário para Assuntos de Reforma Agrária para participar de reunião na Assembléia Legislativa na próxima terça-feira (19).

Na mesma reunião, foram aprovadas três proposições que dispensam a apreciação do Plenário.

Presenças - Deputados Vanderlei Jangrossi (PP), presidente da comissão; Padre João (PT), vice-presidente; Antônio Carlos Arantes (PSC) e Chico Uejo (PSB).

 

 

 

 

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