Assembléia vai comemorar centenário da imigração
japonesa
A colônia nipo-brasileira em Minas Gerais recebe,
no próximo dia 21/8/08, quinta-feira, uma série de homenagens da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais pelo transcurso do primeiro
século da imigração japonesa para o Brasil. O requerimento foi feito
pelo deputado Chico Uejo (PSB), descendente dos agricultores
japoneses que se fixaram em São Gotardo, e pela deputada Cecília
Ferramenta (PT), que representa o Vale do Aço, região que recebeu
importantes empreendimentos japoneses, como a Usiminas e a
Cenibra.
Segundo o deputado Chico Uejo, a colônia de São
Gotardo é a mais numerosa de Minas, e a solenidade vai oferecer o
ensejo de estreitar as relações com as demais colônias. "A visita do
Príncipe Naruhito ao Brasil honrou muito a comunidade
nipo-brasileira e a tornou mais motivada. Gostaríamos de reunir as
16 colônias mineiras em uma federação que nos fortalecesse e nos
permitisse manter as tradições da cultura japonesa de forma
integrada", disse o deputado.
Cecília Ferramenta, por sua vez, deseja homenagear
a colônia japonesa de Ipatinga, pelo grande impulso que seus
investimentos deram à região. "A construção da Usiminas foi o
primeiro investimento que os japoneses fizeram no exterior depois da
Segunda Guerra Mundial. A Associação Nipo-Brasileira de Ipatinga
desenvolve um importante trabalho de preservação da cultura
japonesa, com apresentação de danças, realização de festas e
exposições de bonsai e ikebana", destaca a
deputada.
Plantio de cerejeira e apresentação de
taiko
As homenagens começam às 18h30 horas do dia 21, com
o plantio de uma cerejeira no jardim da Assembléia, próximo à
entrada do Salão Nobre. No Plenário, a partir das 19 horas, o
presidente da Assembléia, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), vai
condecorar com a Medalha de Honra ao Mérito o cônsul-geral do Japão
no Rio de Janeiro, Masahiro Fukukawa. Receberão placas comemorativas
o cônsul honorário do Japão em Minas, Dr. Rinaldo Campos Soares, e
os representantes das colônias colônias nipo-brasileiras instaladas
em Minas.
Haverá uma apresentação de taiko (tambores)
por um grupo de São Gotardo. Estão previstas ainda uma exposição de
fotos, de origamis (dobraduras com preces e pedidos) e uma
mostra de decoração tanabata.
Nikkeis hoje somam 1,5
milhão de pessoas
No início do século XX, o Japão vivia uma séria
crise demográfica. Com o fim do feudalismo, o campo empobreceu e as
cidades ficaram saturadas. O Brasil, por outro lado, carecia de
mão-de-obra agrícola, principalmente depois que o Governo da Itália
suspendeu a migração de trabalhadores daquele país.
Já havia japoneses dispersos pelo Brasil, mas a
primeira grande leva de trabalhadores rurais chegou de Kobe ao Porto
de Santos em 18 de junho de 1908, a bordo do navio Kasato Maru: 781
pessoas, divididas em 165 famílias, que foram enviadas aos cafezais
do Oeste paulista. Nos sete anos seguintes, chegaram 3.434 famílias,
totalizando 14.983 pessoas.
Com o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, a
entrada de japoneses foi proibida nos Estados Unidos, e eles
passaram a ser hostilizados na Austrália e no Canadá. Entre 1917 e
1940, vieram 164 mil japoneses para o Brasil. Hoje, seus
descendentes, chamados nikkei, somam mais de 1,5 milhões. A
primeira geração dedicou-se exclusivamente ao trabalho agrícola, e
muitos sequer aprenderam a falar português, porque esperavam voltar
para o Japão.
Esse sonho ficou distante para a segunda geração,
por causa da Segunda Guerra Mundial, que lhes fechou a possibilidade
de regresso e acarretou severas restrições quando o Brasil declarou
guerra ao Japão. A terceira geração, a partir de 1960, migrou
parcialmente para os centros urbanos, integrou-se à vida brasileira
e buscou formação universitária, principalmente nas áreas de
Ciências Biológicas e Exatas.
|