Participantes de audiência pedem aprovação de substitutivo a PL 1.444/07

A necessidade de conciliar desenvolvimento com preservação ambiental foi defendida pelos representantes do governo es...

06/08/2008 - 00:01
 

Participantes de audiência pedem aprovação de substitutivo a PL 1.444/07

A necessidade de conciliar desenvolvimento com preservação ambiental foi defendida pelos representantes do governo estadual, de órgãos ambientais, prefeituras e ambientalistas em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. A reunião, realizada nesta quarta-feira (6/8/08), foi solicitada pelo deputado Almir Paraca (PT) para debater o Projeto de Lei (PL) 1.444/07, do governador. A proposição flexibiliza o decreto ambiental 20.597, de 1980, que dispõe sobre área de preservação em Lagoa Santa, Pedro Leopoldo e Matozinhos. Os participantes da reunião manifestaram apoio à aprovação do projeto na forma do substitutivo nº 2, também encaminhado pelo Executivo.

"O substitutivo vem reforçar o que defendo, que é a clareza da norma e a preservação do patrimônio da região como um todo", afirmou o deputado Almir Paraca. O deputado disse que o desenvolvimento sustentável é um conceito em construção e também em disputa, porque vários setores divergem quanto ao que seja e como efetivá-lo. "Acredito que seja possível, com esse projeto, acomodar todos os interesses, com uma ocupação equilibrada da área", concluiu.

A superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, disse que o substitutivo nº 2 foi formatado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente com o apoio de Ongs e outras entidades ambientais e defendeu a sua aprovação. Ela afirmou que a região que está sendo contemplada pelo projeto tem sofrido grave degradação ambiental. A ambientalista pediu também urgência na ampliação do contingente da Polícia Militar Ambiental.

APE foi criada como medida compensatória para aeroporto internacional

A história da tramitação do projeto foi lembrada pelo chefe de gabinete do secretário de Meio Ambiente, Augusto Horta, que também defendeu a aprovação do substitutivo nº 2. Segundo ele, a nova proposta garante a proteção ambiental e lista algumas áreas de preservação. Na mesma linha, o assessor da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Eduardo Carlos Jardim Mozelli e o superintendente de Comércio Exterior da mesma secretaria, Acácio Ferreira dos Santos afirmaram que o Decreto 20.597 praticamente engessou o desenvolvimento da região.

Acácio dos Santos disse que a Área de Proteção Especial (APE) de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo e Matozinhos foi criada como medida compensatória à construção do aeroporto de Confins, inaugurado em 1984, assim como a criação do Parque do Sumidouro. Depois, o governo federal criou a Área de Preservação Ambiental Carste de Lagoa Santa.

O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) em Belo Horizonte, Alison José Coutinho, esclareceu que, desde a criação do Instituto Chico Mendes em maio de 2007, as ações de preservação deixaram de ser controladas pelo Ibama. Ele se disse preocupado com o termo "flexibilização" associação ao PL 1.444. "A flexibilização deve significar a conciliação do crescimento com a proteção ambiental", defendeu. Contudo, ele também é favorável ao substitutivo n° 2. A secretária adjunta da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), Maria Coeli Simões Pires, explicou que o objetivo do projeto não seria flexibilizar, mas adequar a legislação estadual à federal, que é menos rígida.

Quanto à política urbana, a secretária informou que o Estado pretende ter o devido cuidado com a área, promovendo a regulação efetiva da região. "Hoje temos a necessidade de criar novas centralidades para a Região Metropolitana de Belo Horizonte devido à saturação do espaço urbano", acrescentou.

Analista ambiental defende unificação de áreas dos decretos estadual e federal

Várias contribuições para o projeto foram apresentadas pelo analista ambiental do Ibama, Ricardo de Magalhães Barbalho. Ele sugeriu, por exemplo, a unificação das áreas mencionadas no decreto federal (APA) e no decreto estadual (APE), com base em estudo feito pela Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM). De acordo com o analista, podem ocorrer injustiças por conta dessa diferença de limites. Ricardo Barbalho citou, por exemplo, uma multa de R$ 1,5 milhão aplicada pelo decreto da APE, seria de R$ 32 mil se fosse utilizado o decreto federal.

Ele também criticou o dispositivo do PL 1.444/07 que pretende transformar em Área de Preservação Permanente tudo o que está na APE e defendeu que sejam priorizadas as áreas de preservação que realmente interessam dentro da APA. Outra crítica feita pelo analista foi quanto à compensação prevista no projeto. Segundo ele, ela extrapolaria os fundamentos legais. "A compensação de área só seria possível nas áreas definidas como de preservação permanente", afirmou.

O vice-prefeito de Confins, Erly Teixeira de Oliveira; o secretário municipal de Turismo e Meio Ambiente de Matozinhos, Leonardo Bernardo Maciel da Purificação; e a assistente administrativa da Prefeitura de Pedro Leopoldo, Silvany Geralda Correia; manifestaram preocupação com o desenvolvimento dos municípios, em vista dos impedimentos legais. No entanto, todos eles defenderam a proteção dos recursos naturais da região. O deputado Fábio Avelar (PSC) considerou importante a padronização dos limites estabelecidos nos decretos federal e estadual. Ele também sugeriu ao relator do projeto, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), que seja estabelecido um prazo para que as prefeituras afetadas pelo projeto possam encaminhar propostas à comissão, além de uma outra audiência para debater o assunto.

Sávio Souza Cruz aceitou as sugestões. Ele também valorizou o processo de participação popular no aperfeiçoamento dos projetos e se disse um crítico ferrenho das leis delegadas. "Se o decreto fosse mudado por lei delegada, teria havido a revogação do artigo que trata da preservação ambiental da região de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo e Matozinhos", afirmou, referindo-se à primeira versão do projeto encaminhada à Assembléia pelo Executivo.

Na fase de debates, foram apresentadas várias denúncias de crimes ambientais na APE de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo e Matozinhos.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Fábio Avelar (PSC), vice; Almir Paraca (PT); Inácio Franco (PV); e Wander Borges (PSB). Além dos convidados citados na matéria, participaram da audiência, o promotor de Justiça de Defesa do Rio São Francisco, Carlos Eduardo Ferreira Pinto; o chefe da Seção de Aviação Civil, Aurélio Tomayno de Melo; o subsecretário de Gestão Ambiental Integrada da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Ilmar Bastos; e o chefe da APA Carste de Lagoa Santa, Ivson Rodrigues.

 

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