Procon será acionado para cobrar da Oi solução sobre internet

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai tentar intermediar...

03/07/2008 - 00:01
 

Procon será acionado para cobrar da Oi solução sobre internet

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai tentar intermediar uma solução para o problema vivido pela comunidade de Acaiaca, que reclama da cobrança de valores elevados pelo acesso à internet. Algumas contas de telefone chegam a R$ 2 mil. Os moradores do município, que fica na Zona da Mata, e de outras cidades da região acusam de propaganda enganosa a Oi (antiga Telemar). Eles participaram, nesta quinta-feira (3/7/08), de reunião da comissão, realizada a requerimento do deputado Padre João (PT). A Oi ficou de analisar os casos novamente, mas não assumiu o compromisso de suspender a cobrança, além de negar a propaganda enganosa.

Como resultado dos debates, os deputados Padre João e Antônio Júlio (PMDB), que presidiu a reunião, apresentaram requerimento de envio das notas taquigráficas ao Procon Estadual para providências visando à suspensão da cobrança. Segundo Padre João, a propaganda no site da Oi é uma "armadilha", pois leva o consumidor a pensar que terá acesso discado grátis e poderá falar e navegar sem limites na internet. O problema é que a Oi não disponibiliza provedor de acesso à internet em Acaiaca, por isso o custo da utilização da linha telefônica é o de uma ligação interurbana - e não de ligação local. Naquele município, ainda não houve a migração da tarifação pelo sistema de pulsos para o de minutos. O requerimento, que ainda será votado, foi apresentado depois de sugestão feita pelo representante do Procon Assembléia, Gilberto Dias de Souza.

O especialista em Regulamentação de Serviços Públicos de Telecomunicações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Gustavo Henrique Rocha Lopes, disse apenas que a comunidade deve formalizar suas denúncias à agência reguladora. Somente depois disso, alegou ele, é que a agência poderá averiguar se o consumidor teve ou não a informação adequada. Segundo Lopes, a reclamação feita pela comunidade até agora foi ao Procon de Ponte Nova.

Para Procon, propaganda é enganosa; Oi afirma que informações são adequadas

Na avaliação do Procon Assembléia, as informações veiculadas no site da Oi, conforme relato do parlamentar e dos moradores, induzem o consumidor a erro. Isso já configuraria a propaganda enganosa, independentemente de ter havido má fé ou não. Para Gilberto Dias de Souza, o fato de o consumidor ir ao site e encontrar vários dados não implica informação adequada. Tendo em vista a natureza coletiva do caso, ele sugeriu que o assunto seja levado ao Ministério Público (MP), que poderá propor ação civil pública visando à comprovação da tese de propaganda enganosa, considerada crime. Além do pedido de suspensão da cobrança até o julgamento do mérito da ação, Souza sugere que se reivindique a retirada do nome dos moradores do cadastro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

O executivo de Relações Institucionais da Oi, Maurício Couto França, rebate a tese de propaganda enganosa. Ele alega que o site é claro ao orientar a pessoa a clicar para obter mais informações sobre os serviços e para aceitá-los. Citou a opção para conferir as cidades onde o discador Oi tem conexão. Isso ocorre em 286 localidades. Nas demais, é necessária a ligação interurbana. França reiterou que o acesso gratuito ao conteúdo da internet não é pela operadora, mas pelo provedor. Sobre a demora de meses no envio da primeira cobrança, ele alegou que a totalização do serviço e seu processamento ocorrem no final de um período, com o resultado na conta seguinte.

França afirmou que é preciso analisar de forma detalhada as contas dos moradores de Acaiaca e região, já que as pessoas, de forma geral, fazem muitas ligações para celulares. Ele também lembrou que, em cidades como Acaiaca, com poucos assinantes, foi permitido o adiamento da migração do sistema de pulsos para minutos. Em contrapartida, enfatizou o representante da Oi, nenhum assinante paga qualquer valor, além do mínimo, para ligações locais de telefone fixo para fixo. Ou seja, não há mais, em Acaiaca, a cobrança de pulsos excedentes na conta. O gerente de Operações da Oi, Luiz Cláudio Beltrão, reiterou as explicações sobre a limitação tecnológica na oferta de alguns serviços em Acaiaca.

Balanço - Ao final da reunião, o deputado Antônio Júlio fez um balanço dos trabalhos, reafirmando que, em muitos casos, a operadora de telefonia não fornece a informação adequada ao consumidor. "A operadora põe o serviço, não avisa como ele é tarifado e facilita a contratação, feita até por crianças. É preciso uma solução para o caso", cobrou. O deputado enfatizou que o mérito de uma reunião como a da comissão é orientar aqueles que têm o poder de decidir. Ressaltou que essa situação é ruim para a própria Oi, que acaba figurando nas listas de reclamações dos Procons.

Moradores relatam suas dificuldades e cobram providências

O morador Itamar Ricardo Pereira, que recebeu conta de R$ 2 mil, foi um dos que fizeram queixas. "Não pedi, não assisti e não autorizei meu filho a ver qualquer pornografia na internet", desabafou, relatando seu espanto ao saber que o filho de 13 anos estava fazendo uso do serviço achando que ele era gratuito. Pereira reafirmou que não tem condições de pagar a conta e cobrou mais rigor na fiscalização da oferta de conteúdos de internet. Nélia Eusébio da Silva, representante da comunidade de Acaiaca, cobrou providências para que as pessoas não fiquem "no prejuízo" e disse que muitos pais tomaram um susto quando constataram a facilidade de acesso à internet.

A Anatel foi criticada por Márcio de Oliveira, da Escola Família Agrícola Professor Paulo Freire, que atende ao município e região. Por conta de problemas na transmissão de dados por telefonia móvel, ele acionou a Anatel diversas vezes e se declarou insatisfeito com a atuação da agência no sentido de punir uma outra prestadora de serviço. Gustavo Lopes alegou, entre outras coisas, o caráter sigiloso de algumas informações.

Presenças - Deputados Délio Malheiros (PV), que presidiu a reunião inicialmente; Padre João (PT) e Antônio Júlio (PMDB).

 

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