Médicos cobram tratamento para hipertensão pulmonar

Especialistas e representantes do Ministério Público cobraram, durante a reunião conjunta das Comissões de Saúde e de...

02/07/2008 - 00:03
 

Médicos cobram tratamento para hipertensão pulmonar

Especialistas e representantes do Ministério Público cobraram, durante a reunião conjunta das Comissões de Saúde e de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais desta quarta-feira (2/7/08), a urgente normatização de protocolos de atendimento a pacientes de hipertensão arterial pulmonar por parte da Secretaria de Estado de Saúde (SES). A reunião debateu a situação desses pacientes e colheu sugestões para melhorias na rede de saúde no que se refere à efetividade dos diagnósticos e tratamento da doença. O requerimento que solicitou a reunião foi de autoria do deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos.

Segundo o pneumologista e diretor técnico do Hospital Júlia Kubitschek, Frederico Tadeu Assis Campos, há um alto índice de diagnósticos equivocados, que motivam, por via judicial, a indevida medicação de pacientes de hipertensão pulmonar. Para ele, além do problema do acesso do paciente ao tratamento, a prescrição errada gera risco à saúde e um custo alto e desnecessário ao Estado. "Temos um centro de referência que atende e encaminha corretamente os pacientes, mas é preciso que a rede estadual implante o protocolo adequado, que já é adotado em outros Estados", pediu. Para isso, Campos propôs à SES que seja redigido e validado o protocolo até o final do mês de agosto. " Mais que isso, pedimos que a Secretaria atue no sentido de cessar a cassação das liminares dos mandatos de segurança, pois tal prática, interrompe o tratamento dos pacientes que ganharam na justiça o direito de utilizar a medicação necessária, trazendo enormes prejuízos para a sua saúde devido ao chamado efeito "rebote", disse.

O também pneumologista Renato Maciel fez coro às palavras do colega e lembrou que a maior angústia dos especialistas em hipertensão pulmonar é a dispensa dos medicamentos dos pacientes que precisam, assim como a prescrição aos que não precisam. "Os protocolos existem há muito tempo, mas ainda não estão em prática no Estado. A SES é bem intencionada, mas as decisões têm sido muito morosas", alertou.

A coordenadora da Promotoria de Saúde de Belo Horizonte, promotora Josely Ramos Pontes, chamou atenção também para a "juridicialização" do atendimento aos pacientes da doença. De acordo com ela, por não haver sido implantado, em Minas Gerais, o protocolo que regulamenta o tratamento, há diversos casos de pacientes que recorrem à Justiça para ter acesso aos medicamentos. Para ela, o Estado precisa agir mais objetivamente no sentido de solucionar o problema. "Não há explicação técnica do governo, que força a cassação das liminares e interrompe o tratamento dos doentes. O grande gargalo é a assistência farmacêutica, que é falha", afirmou.

Estado propõe criação de comissão temática para melhorar o sistema

O coordenador do Núcleo de Doenças Complexas da SES, Carlos Dalton Machado, concorda que os principais desafios são a melhoria no acesso ao diagnóstico, a correta prescrição e distribuição dos medicamentos, além da melhoria na gestão do atendimento. Para ele, o ponto de partida é a formulação do protocolo de atendimento, produzido por meio de uma comissão temática, formada por especialistas, gestores e sociedade civil, para que sejam definidas as responsabilidades e a atuação do sistema. Para tanto, propôs a criação de pólos de atenção para estudos sobre a doença, a implantação de centros de referência e a definição de profissionais de referência. "Queremos garantir a correta avaliação clínica dos pacientes e a disponibilização da melhor tecnologia de tratamento, sem desperdício para o Estado e com o mínimo impacto para a economia familiar", disse.

Resultado - Os deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente da Comissão de Saúde, e Durval Ângelo tiveram requerimento aprovado para a realização de visita das comissões ao secretario de Saúde, Marcus Pestana, para entregar um ofício que solicita a inclusão do protocolo de atendimento das ações do Núcleo de Doenças Complexas, assim como já ocorre em outros Estados. O requerimento foi emendado pelo deputado Carlos Pimenta (PDT), que pediu também a criação de um centro de referência para melhorar a qualidade do atendimento dos pacientes, no que se refere ao diagnóstico e prescrição de medicamentos.

Os deputados Hely Tarqüínio (PV) e João Leite (PSDB) também cobraram uma solução sistêmica por parte de Estado, para se que criem diretrizes para o atendimento aos pacientes de hipertensão arterial pulmonar. "Temos que seguir o exemplo de São Paulo, que já adotou o protocolo adequado, para reduzirmos a 'juridicialização' do processo", sugeriu Tarqüínio.

Ao final da reunião, o deputado Carlos Mosconi disse que o Estado deve se estruturar para enfrentar o problema e acatou a sugestão do deputado Durval Ângelo, para que as comissões estabeleçam um prazo até o final de setembro para que seja feita nova visita ao secretário de Saúde, para verificar o que foi feito. "Precisamos transformar a necessidade em política pública permanente, para que a saúde seja desburocratizada", concluiu.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente da Comissão de Saúde; Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos; Hely Tarqüínio (PV), João Leite (PSDB), Carlos Pimenta (PDT), Rêmolo Aloise (PSDB) e Ruy Muniz (DEM).

 

 

 

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