Comissão enfrenta resistências em visita a unidades prisionais

Nas duas visitas programadas para esta segunda-feira (30/6/08), a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislat...

30/06/2008 - 00:01
 

Comissão enfrenta resistências em visita a unidades prisionais

Nas duas visitas programadas para esta segunda-feira (30/6/08), a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais encontrou problemas para realizar seu trabalho. Primeiramente, no Centro de Internação Provisória Dom Bosco (Ceip), na Capital, a direção informou ao presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), que a equipe da TV Assembléia não poderia fazer filmagens das instalações e dos menores presos. Apenas repórteres e o fotógrafo poderiam entrar, o que não foi aceito pelo parlamentar. Depois, na entrada da Penitenciária Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, comunicaram que somente ele, sem qualquer assessor, poderia entrar no local. Durval indignou-se com a postura da direção, que para ele refletia a posição do Governo do Estado, e afirmou que pediria providências à Presidência e à Procuradoria da ALMG.

A diretora-geral do Ceip, Maria Gleide Souza, apoiada pelo titular da Subsecretaria de Medidas Socioeducativas (Suase), Ronaldo Araújo Pedron, explicou que a negativa em relação à entrada da TV se deveu a motivos humanitários e de segurança. "Seria constrangedor para os adolescentes que estão aqui e para as famílias que os visitam. Além disso, a presença da TV pode provocar tumultos na unidade", disse ela. Indignado, Durval Ângelo concedeu entrevista a repórteres da imprensa local, declarando que a atitude do governo representava um cerceamento do trabalho da ALMG. "A Comissão de Direitos Humanos não se submete. Se aceitarmos isso, estaremos abrindo mão do nosso direito de fiscalizar", respondeu ele.

Superlotação - Antes da negativa no Ceip, o deputado, acompanhado da assessoria da ALMG, havia se reunido com diretores da entidade, que prestaram as informações solicitadas pela comissão. Sobre o problema de superlotação, Maria Gleide informou que a unidade, com 36 alojamentos, estaria com cerca de 110 adolescentes (a capacidade é de 67). Quanto aos menores que estavam no local há mais de 45 dias, contrariando o Estatuto da Criança e do Adolescente, Gleide disse que mais ou menos a metade deles estaria nessa condição irregular. Ela informou ainda que a reincidência na unidade era de aproximadamente 50%. A dirigente também declarou que o Ceip estava passando por reformas, com o objetivo de melhorar a infra-estrutura dos alojamentos, muito antiga, segundo ela.

Dutra Ladeira só permite entrada do deputado, sem equipe

Na Penitenciária Dutra Ladeira, logo na portaria, o diretor-adjunto da unidade, Leonardo Caetano, depois de fazer e receber ligações de seus superiores, informou que somente o deputado poderia entrar na unidade prisional, sem assessores e equipe de imprensa. Visivelmente irritado, Durval Ângelo novamente falou com jornalistas da imprensa que o acompanhavam até o local. Ele disse que estava decepcionado com a atitude do Estado. "Há mais de 14 anos faço visitas a estabelecimentos prisionais. Sempre entramos, nunca fomos barrados", reclamou. Ele explicou que a captação de imagens pelo fotógrafo e pela TV Assembléia e o registro dos fatos pelos repórteres da ALMG eram instrumentos de trabalho da comissão e, por isso, não poderia abrir mão deles. O parlamentar acrescentou que há mais de um ano, a comissão vem denunciando torturas e maus tratos dentro da Dutra Ladeira e nenhuma providência foi tomada. "A falta de transparência está muito clara. Estão querendo esconder coisas dentro dessa penitenciária", lamentou.

Tortura - Do lado de fora da unidade, a mãe de um preso, Maria Rosilda Pereira, de 54 anos, denunciou que seu filho estaria isolado dentro da penitenciária, sofrendo torturas. "Meu filho está de castigo, sem roupa, sem colchão, e dizem que estão dando chineladas na cara dele", afirmou ela, emocionada.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão. Da reunião no Ceip, participaram também os diretores Josué de Oliveira Carvalho (Atendimento), Leonardo Ricardo de Oliveira (Segurança) e a superintendente de Medidas Privativas de Liberdade, Arlinda Márcia Guimarães de Faria.

 

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