Zona Sul de BH terá linha de ônibus
diferenciada
A implantação de uma linha de ônibus de embarque
elevado entre a Praça Sete e o Shopping Belvedere foi um dos novos
projetos citados na reunião conjunta realizada pela Assembléia
Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (26/6/08), para
discutir soluções para o transporte coletivo em Belo Horizonte.
Requerida pelo deputado Eros Biondini (PHS), a audiência reuniu os
deputados das comissões de Participação Popular e de Transporte,
Comunicação e Obras Públicas.
A criação da linha diferenciada na Zona Sul foi
citada pelo coordenador de Projetos Especiais da BHTrans, Célio
Freitas, que também relatou outros projetos planejados pela
Prefeitura de Belo Horizonte, tais como a criação de uma via
circular intermediária entre o Anel Rodoviário e a avenida do
Contorno; e a implantação de um Sistema Inteligente de Transporte
com monitoramento da frota por GPS. Segundo ele, outros projetos
estão previstos no âmbito do Viurbes, sistema de planejamento do
transporte na Capital.
O modelo de embarque elevado para ônibus ganhou
destaque e prestígio no Brasil com a experiência de Curitiba, no
Paraná. O sistema cria faixas exclusivas para ônibus no centro das
avenidas, de forma que o embarque aconteça a partir de plataformas
construídas nos canteiros centrais. A passagem é debitada quando o
passageiro entra na plataforma, o que agiliza o embarque, feito pelo
lado esquerdo do ônibus. A linha da Zona Sul percorrerá as avenidas
João Pinheiro, Cristóvão Colombo e Nossa Senhora do Carmo, e deverá
ser implantada até o final de 2009.
Modelo semelhante já está em implantação na avenida
Antônio Carlos, mas Célio Freitas advertiu que o sistema não pode
ser considerado a solução definitiva para os problemas do trânsito
em Belo Horizonte. "Quando Curitiba implantou, tinha 500 mil
habitantes. É um modelo de média capacidade. Com o volume de
trânsito que temos, nossa situação depende do metrô", afirmou
Freitas. A criação da "nova Contorno", por meio da interligação de
vias intermediárias entre essa avenida e o Anel Rodoviário, também
está prevista para acontecer até 2009. Já o sistema Inteligente de
Transporte prevê que todos os coletivos serão monitorados por GPS, e
terão um "botão de pânico" para comunicar pane mecânica, acidentes
ou assaltos. Com isso, será possível determinar rapidamente a
providência necessária, assim como transmitir a todos os usuários,
por telefone celular, a previsão de chegada de ônibus em um ponto
específico. O sistema, segundo Freitas, deverá estar plenamente
implantado em três anos.
Licitação tem novas regras
Como vencem este ano os contratos da Prefeitura de
Belo Horizonte com as empresas de transporte coletivo, nova
licitação já está em andamento, para um período de 20 anos. O fato
foi questionado pelo deputado João Leite (PSDB). "Hoje há uma
desorganização total do sistema coletivo. Há um número excessivo de
linhas que passam pelo centro. Vamos continuar com este modelo por
mais 20 anos?", questionou o parlamentar. Célio Freitas admitiu que
hoje metade das linhas passam pelo centro, e concordou com o
deputado que é algo excessivo, mas afirmou que o novo edital irá
valorizar as empresas que criarem linhas alternativas, que evitem a
região central. Outro requisito é que o tempo máximo entre as
viagens, aos domingos, seja de 30 minutos.
A assessora técnica do Sindicato das Empresas de
Transporte de Passageiros de Belo Horizonte, Célia Macieira,
destacou que, com os novos contratos, as empresas também começarão a
participar do planejamento e não apenas da execução do sistema de
transporte. "Elas vão assumir essa responsabilidade pelo
planejamento. Não basta disponibilizar ônibus", afirmou. Ela cobrou
uma política pública de valorização do transporte coletivo, com
criação de corredores exclusivos e redução da carga tributária para
o óleo diesel. "Hoje, o preço do óleo diesel aumenta mais que o da
gasolina", questionou.
Uma preocupação demonstrada pelo deputado Eros
Biondini foi relativa à segurança. Ele citou dados da Secretaria de
Estado de Defesa Social que indicam um aumento de 32% no número de
assaltos a ônibus de 2006 para 2007. Sobre essa questão, Freitas
disse que o monitoramento por GPS poderá contribuir para uma
melhora.
Com relação ao transporte coletivo da Região
Metropolitana de Belo Horizonte, que é gerido pelo Estado, uma
licitação foi realizada no final de 2007. De acordo com a técnica do
Sindicato de Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano,
Mônica Gomes, os novos contratos também apresentariam vantagens.
Está em fase de testes a implantação da bilhetagem eletrônica, que
já existe na capital. Até 2010, 30% dos veículos serão adaptados
para portadores de necessidades especiais.
O representante da Associação Brasileira da
Indústria de Hotéis e Presidente da ONG SOS Multas Abusivas, José
Aparecido Ribeiro, queixou-se da qualidade dos veículos usados no
transporte coletivo e sugeriu que uma comissão de deputados vá ao
centro de Belo Horizonte, às 18h30, para experimentar e checar
pessoalmente as condições do serviço. O deputado Eros Biondini, que
presidiu a reunião, afirmou que há intenção dos deputados de checar
o transporte na Capital, tanto o serviço de ônibus quanto o trem
urbano.
Presenças - Deputados Eros
Biondini (PHS), vice-presidente da Comissão de Participação Popular;
Gustavo Valadares (DEM), presidente da Comissão de Transporte;
Carlin Moura (PCdoB), João Leite (PSDB) e Weliton Prado (PT); além
das autoridades citadas na matéria.
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