Deputados intercedem a fim de buscar solução para diretores de escola

Uma nova rodada de discussões entre diretores de escolas, entidades de classe e Secretaria de Estado de Educação (SEE...

25/06/2008 - 00:01
 

Deputados intercedem a fim de buscar solução para diretores de escola

Uma nova rodada de discussões entre diretores de escolas, entidades de classe e Secretaria de Estado de Educação (SEE), com a intermediação dos deputados, deverá acontecer nos próximos dias. A proposta foi apresentada pelo deputado Célio Moreira (PSDB) nesta quarta-feira (25/6/08), durante reunião da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Ele pediu uma audiência pública para discutir a situação dos diretores de escola, que lotaram o Auditório e reivindicaram reajuste imediato e isonomia salarial com outras categorias, plano de carreira, incentivos e aposentadoria especial, com 25 anos de contribuição.

Números - Segundo a Associação dos Diretores de Escolas Oficiais de Minas Gerais (Adeomg), o piso salarial do diretor com maior classificação, dedicação integral e nível superior é de R$ 1.112,01 (após reajuste de 5% concedido em 2007). A entidade apresentou ainda um estudo comparativo com outras categorias. Enquanto o reajuste salarial para os diretores foi de 15,5% no período de 2005 a 2008, o reajuste cumulativo para o professor da educação básica foi de 39,5%; para o especialista (orientador e supervisor) foi de 23,4%; e para o analista educacional (inspetor) foi de 77,4%. O índice de 15,5% refere-se também aos últimos 12 anos (de 1996 a 2008).

Em resposta às reivindicações dos diretores, a subsecretária de Gestão de Recursos Humanos da SEE, Maria Eliana Novaes, admitiu que o salário do diretor está defasado, mas não acenou com nenhum índice de reajuste. Disse apenas que esse debate já está ocorrendo no Governo e que a Secretaria está consciente de que é preciso uma solução rápida para o problema. As negociações envolvem também a vice-governadoria e a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag). Respondendo a questionamentos sobre reajustes diferenciados aplicados à educação, Eliana Novaes alegou que as diferentes campanhas salariais tentaram corrigir defasagens em relação a outras carreiras. "O momento atual é do diretor", pontuou, depois de vários dirigentes usarem a palavra.

O deputado Célio Moreira disse acreditar numa saída negociada, com "soluções plausíveis e urgentes". Ele pediu o apoio dos demais parlamentares e cobrou a correção de injustiças, destacando que o diretor é a liderança institucional impessoal na busca de uma gestão democrática e participativa da escola. Em seu requerimento, ele lembra que os professores de educação básica, após nove anos e quatro meses sem aumento, tiveram o salário reajustado em outubro de 2005. Os diretores e analistas só receberam esse benefício em janeiro de 2006. Naquele ano, outro reajuste para professores, especialistas e analistas não contemplou os diretores. Só em setembro de 2007 os diretores receberam 5% de aumento, estendido aos demais profissionais da educação básica.

A subsecretária informou que a maior parte dos cerca de 3,6 mil diretores de escolas estaduais em Minas está no grupo que tem salário um pouco melhor: entre R$ 1.516,00 e R$ 1.668,00, incluída a gratificação que lhes cabe. Ela admitiu que a situação da categoria se agravou a partir da implantação do piso salarial de R$ 850,00 para o professor, que acabou beneficiando aqueles professores com menos tempo de casa. Ao elogiar o trabalho do diretor, Eliana Novaes afirmou que sua função é estratégica para a administração pública, pois, além de levar a imagem institucional do Estado à comunidade, esse profissional tem o papel de condução pedagógica e de gestão pública, tendo que administrar a escola com inteligência e parcimônia.

Diretores consideram salário "de miséria" e fazem reivindicações

A presidente da Adeomg, Maria Natalícia, classificou de salário "de miséria" o recebido pelos diretores e queixou-se: "quanto mais falamos, menos somos ouvidos". Na opinião dela, falta boa vontade para resolver a questão. A dirigente disse que é difícil conseguir uma audiência com representantes do Executivo, além de cobrar resultados de um debate realizado em março na Assembléia sobre o mesmo assunto. "Queremos justiça", destacou.

Ela foi apoiada por Mário de Assis, assessor parlamentar da Associação de Professores Públicos de Minas Gerais (APPMG), para quem o diretor é "pára-raio social", pois acaba sendo a referência da comunidade para resolver todo tipo de assunto. Na reunião, a entidade cobrou mudanças na Constituição Federal para que os diretores possam ter aposentadoria especial, ou seja, com 25 e não com 30 anos de contribuição, a exemplo dos professores. Lei federal de 2006 incluiu, entre as funções de magistério, as atividades educativas de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico.

A diretora Maria Auxiliadora Damasceno, de Lavras, Sul de Minas, resumiu várias reivindicações. Cobrou isonomia salarial com os inspetores (que teriam tido reajuste de 50,10% em 2007) e a criação de política remuneratória com data-base anual, com efeitos retroativos a 1º/5/07.

Deputados apresentam sugestões

O deputado Carlin Moura (PCdoB) fez críticas ao Governo, afirmando que a tradução do compromisso com a educação passa também pelo aspecto remuneratório. Avaliou que a busca de uma saída esbarra em uma questão prática, que é a disponibilidade financeira e orçamentária. Para Moura, o resultado das negociações entre diretores e Governo deveria estar refletido no Projeto de Lei (PL) 2.392/08, do governador, que contém a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2009. O prazo para apresentação de emendas é esta sexta-feira (27). Ele avaliou que, enquanto Minas avança em arrecadação, se retrai nas despesas com pessoal.

Outra sugestão do parlamentar, a ser formalizada em requerimento, é que seja criado um grupo de trabalho com a participação da Comissão de Educação e das entidades de classe, a fim de formatar uma proposta global a ser levada ao Executivo, a partir dos temas abordados na audiência.

Ao repercutir a fala de Carlin Moura, a subsecretária Eliana Novaes admitiu não saber se é possível uma intervenção na LDO, mas se disse empenhada na proposição de emendas ao Orçamento para 2009 - a ser analisado no segundo semestre. A vice-presidente da comissão, deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), que presidiu a reunião desta quarta, avaliou como positivo o evento, destacando a importância do debate "na casa do povo". Já o deputado Domingos Sávio (PSDB), que compartilhou com Célio Moreira elogios à administração Aécio Neves, cobrou atenção para os diretores e disse ser um contra-senso que estes não tenham valorização pelo menos equivalente à de outras categorias do serviço público.

Projeto que institui a Bolsa-Atleta está pronto para Plenário em 2º turno

A Comissão de Educação analisou em 2º turno o PL 532/07, do deputado Carlin Moura, que institui a Bolsa-Atleta no Estado e que agora está pronto para o Plenário. O relator, deputado Vanderlei Jangrossi (PP), opinou pela aprovação na forma como foi votado em 1º turno.

O valor da bolsa será fixado em decreto do Executivo, que também determinará a forma de prestação de contas dos recursos recebidos. Esse benefício mensal, pelo prazo de um ano, será concedido a atletas das modalidades olímpicas e paraolímpicas reconhecidas, respectivamente, pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COI) e pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro, bem como aos atletas das modalidades esportivas vinculadas ao COI e ao Comitê Paraolímpico Internacional. A concessão da bolsa não vai gerar vínculo entre beneficiados e administração estadual.

A Bolsa-Atleta poderá ser concedida às seguintes categorias: atleta estudantil, destinada aos estudantes que participem com destaque dos jogos escolares e universitários brasileiros; atleta nacional, relativa aos atletas que tenham participado de competição em âmbito nacional; atleta internacional, relativa àqueles que tenham participado de competição no exterior; e atleta olímpico e paraolímpico, relativa aos que tenham participado de jogos olímpicos e paraolímpicos.

Como solicitar - Para pleitear o benefício, o atleta deverá preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos: ser domiciliado e ter residência fixa em município do Estado há, pelo menos, dois anos; ter a idade mínima de 14 anos para obter as bolsas-atleta nacional, atleta internacional e atleta olímpico e paraolímpico e ter a idade mínima de 12 e máxima de 16 anos para obter a bolsa-atleta estudantil; estar em plena atividade esportiva; não receber nenhum tipo de patrocínio de pessoas jurídicas, públicas ou privadas; não receber salário de entidade de prática desportiva; ter participado de competição esportiva em âmbito municipal, estadual, nacional ou no exterior no ano imediatamente anterior àquele em que tiver sido pleiteada a concessão da bolsa-atleta; e estar regularmente matriculado em instituição de ensino pública ou privada.

Quem conquistar medalhas nos jogos olímpicos e paraolímpicos nesse período será indicado automaticamente para renovação das bolsas.

Educação física - A deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM) pediu prazo para dar parecer de 2º turno sobre o PL 1.716/07, da deputada Gláucia Brandão (PPS), que dispõe sobre a prática de educação física nas escolas públicas e privadas do Sistema Estadual de Educação.

Presenças - Participaram da reunião a deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), vice-presidente, que presidiu a reunião; Carlin Moura (PCdoB), Vanderlei Jangrossi (PP), Domingos Sávio (PSDB) e Célio Moreira (PSDB), além do vice-presidente da Adeomg, Rafael Maria de Oliveira.

 

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