Tribunal de Contas presta esclarecimentos à Comissão de Fiscalização

Em esclarecimentos espontâneos prestados nesta quarta-feira (25/6/08) à Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamen...

25/06/2008 - 00:02
 

Tribunal de Contas presta esclarecimentos à Comissão de Fiscalização

Em esclarecimentos espontâneos prestados nesta quarta-feira (25/6/08) à Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o corregedor do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG), conselheiro Antônio Carlos Andrada, repudiou as notícias veiculadas recentemente pela imprensa, de que haveria funcionários e conselheiros envolvidos em emissão de certidões falsas para prefeituras investigadas em fraudes. O comparecimento atendeu a convite através de requerimento apresentado pelo deputado Zé Maia (PSDB), presidente da comissão.

Antônio Carlos Andrada mostrou nota de esclarecimento publicada em jornais da Capital, onde são feitas considerações sobre as acusações de que há ex-funcionários e conselheiros envolvidos com a emissão de certidões para prefeituras suspeitas de fraudes com recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e sob investigação da Polícia Federal, na operação denominada "De volta para Pasárgada". Além das certidões falsas, a imprensa noticiou que o TCEMG estaria beneficiando o Grupo SIM, um dos supostos envolvidos no esquema do FPM, com decisões internas.

Segundo o corregedor, é improvável qualquer fraude na emissão de certidões para prefeituras, "processo totalmente informatizado, alimentado por um banco de dados concebido pelo Departamento de Computação da Universidade Federal de Minas Gerais, e sustentado pela prestação de contas das próprias prefeituras". Esse banco apresenta total confiabilidade, a exemplo do banco da Receita Federal, de acordo com Antônio Carlos Andrada. "Além do mais, toda entrada nele é gravada com o registro da senha do servidor e o tipo de acesso que foi feito. Tal acesso já é restrito a um grupo de servidores de alto nível, que deixa sua 'marca', nesse acesso", complementou. Para ele, se houver falsificação das certidões fora do tribunal, aí já é um problema de polícia e não do TCEMG.

Para as certidões fornecidas manualmente, há um processo onde ficam todos os registros da tramitação, bem como todos os envolvidos nele, segundo Antônio Carlos Andrada e cujo teor também vem do banco de dados.

Sobre as denúncias de favorecimento ao Grupo SIM, o conselheiro disse que elas mostram total desconhecimento dos fatos reais. "Na verdade, desde 2004, todas as prefeituras e câmaras municipais que têm contrato com o grupo, que presta consultoria, tiveram suas contas desaprovadas pelo Tribunal, que segue um entendimento sobre necessidade ou não de licitação em alguns contratos, diferente do que defende o Grupo SIM em suas consultorias. Tal divergência foi motivo de três ações do grupo junto ao Tribunal de Contas, todas perdidas pelo grupo. Ou seja, na verdade, como conseqüência da decisão do tribunal, o Grupo SIM foi prejudicado, com as prefeituras e câmaras sendo multadas", acrescentou Andrada.

Ele informou ainda que tão logo surgiram as primeiras convocações de servidores pela Polícia Federal, foi constituído um grupo de sindicância que, no entanto, não consegue nenhuma informação da PF, apesar de o TCEMG ter feito tal solicitação oficialmente, em requerimento aprovado pelo Plenário da instituição. "Não sabemos o motivo pelo qual estamos sendo investigados, quem está sendo investigado, o que atinge toda o tribunal".

De acordo com números apresentados por Andrada, o tribunal analisou 19.500 processos no ano passado, com aplicação de multas no valor de R$ 1,8 milhão, resultando em ações de ressarcimento aos cofres públicos de R$ 1,3 milhão. De janeiro a abril passado, foram analisados 6.514 processos que geraram a aplicação de multas no valor total de R$ 443 mil, com o ressarcimento de R$ 31 mil.

Deputados manifestam preocupação com denúncias

Os deputados Antônio Júlio (PMDB) e Zé Maia (PSDB) foram incisivos em sua defesa ao Tribunal de Contas e em sua preocupação com o "denuncismo" da imprensa. Para eles, as explicações do conselheiro Antônio Carlos foram claras, lógicas e convincentes. Os dois ainda concordaram que Polícia Federal, Ministério Público e imprensa estão sendo usados para atender interesses políticos e econômicos. "Todas as instituições brasileiras estão sendo achincalhadas pela PF, só sobrando, estranhamente, uma figura incólume neste País, num claro e identificado movimento do grupo que quer um terceiro mandado de presidente, que tem ligação com as Farcs (grupo terrorista da Colômbia) e com Cuba, onde há 50 anos não tem uma eleição", afirmou Zé Maia.

Antônio Júlio criticou especialmente as operações da Polícia Federal, "que condena os suspeitos antes de julgá-los". Para ele, o Tribunal de Contas está sendo investigado sem saber pelo quê, o mesmo acontecendo com a maioria dos prefeitos relacionados com a operação "De volta para Pasárgada".

Despreparo - Já o deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) criticou a lentidão na tramitação dos processos no Tribunal de Contas. Segundo ele, há dois anos, tramita um processo da Câmara de Itabirito, sem solução. Antônio Carlos disse que o TCEMG não pode ser um tribunal de exceção; que é preciso assegurar o contraditório aos envolvidos; e que a instituição trabalha sim, com sobrecarga de processos e poucos conselheiros. "São 100 mil processos para sete conselheiros", destacou.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Lafayette de Andrada (PSDB); Antônio Carlos Arantes (PSC), Antônio Júlio (PMDB), Weliton Prado (PT), Rêmolo Aloise (PSDB) e Alencar da Silveira Jr. (PDT). Pelo TCEMG também participaram: a coordenadora da Corregedoria, Joeny Oliveira Souza Furtado, a diretora-geral do TCEMG, Cristina Márcia Mendonça; o inspetor de Controle Externo, Carlos Alberto Borges; e o assessor jurídico do corregedor, Leonardo de Araújo Ferraz.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715