Ausência da Anatel prejudica debate sobre ponto extra de TV a cabo

A ausência de representantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em audiência pública da Comissão de Def...

24/06/2008 - 00:01
 

Ausência da Anatel prejudica debate sobre ponto extra de TV a cabo

A ausência de representantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta terça-feira (24/6/08) para debater as resoluções que tratam do ponto extra gratuito pelas operadoras de TV a cabo foi criticada pelos participantes da reunião. De acordo com o presidente da comissão, deputado Délio Malheiros (PV), que juntamente com o deputado Célio Moreira (PSDB) propôs a audiência, o debate ficou prejudicado por essa razão. "Continuo achando que a agência trabalha para defender as empresas", afirmou.

O coordenador-geral do Procon Assembléia, Marcelo Barbosa, informou que o Procon tem recebido muitas reclamações contra a Net e a Sky, e que não há registros contra a Oi TV. Os usuários denunciam a cobrança por ativação do ponto extra de TV a cabo e a recusa de instalação do ponto adicional no período em que está vigorando a resolução da Anatel que impede a cobrança do serviço.

No dia 9 de junho, a Anatel publicou a Resolução 505, com efeito retroativo a 2 de junho, suspendendo por 60 dias a eficácia dos artigos 30, 31 e 32 do Regulamento de Proteção e Defesa dos Direitos dos Assinantes de Televisão por Assinatura (Resolução 488, de 2007). Esses dispositivos permitiam à prestadora a cobrança por instalação, ativação e manutenção da rede interna relativos a ponto extra. Ficou mantido o artigo 29 da mesma resolução, que diz que a utilização do ponto extra sem ônus é um direito do assinante.

Net confirma que continua cobrando por ponto adicional

Marcelo Barbosa informou que a cobrança vem sendo feita à revelia da determinação da Anatel, e que a orientação do Procon aos usuários é de que registrem ocorrências e paguem as contas normalmente. A advogada da Net Serviços, Carolina Soares, disse que o entendimento da empresa é de que o ponto extra é um novo serviço, com funcionamento autônomo em relação ao ponto principal, que acarreta custos para a empresa e conforto adicional para o usuário, por isso deve ser pago.

Além disso, a advogada argumentou que a empresa está aguardando nova definição da Anatel, que está sendo questionada pelas operadoras por meio de ação que tramita na Justiça Federal de Brasília. As operadoras querem o direito de continuar cobrando pela manutenção dos pontos adicionais, independentemente das resoluções. "Estamos cobrando pelo ponto adicional para que o assinante não seja onerado caso a resolução seja suspensa", explicou. Segundo Carolina Soares, o mesmo argumento serve para justificar o motivo da suspensão de novas instalações de pontos extras.

A advogada defendeu que a cobrança nunca foi vedada por lei e que passou a ser regulamentada pela Resolução 488. "O artigo 29 diz que é gratuito e o 30, que a empresa pode cobrar pelo serviço", afirmou. Segundo ela, a TV a cabo não é um serviço essencial e está no âmbito privado, cabendo intervenção mínima do Estado sobre a atividade.

A opinião da advogada da Net não convenceu o deputado Délio Malheiros. Ele lembrou que quando há dúvidas quanto à interpretação da legislação, o Código de Defesa do Consumidor determina que seja adotado o entendimento mais favorável ao consumidor. Carolina Soares ainda argumentou que a Anatel não pode criar obrigações que contrariem a lei federal nem interferir em contratos antigos. Quanto a isso, o deputado Délio Malheiros ponderou que a Anatel costuma editar regulamentos que contradizem a lei em benefício da empresa. "Podem continuar confiando na Anatel que ela é excelente para defender as empresas", ironizou.

O deputado Célio Moreira reforçou a necessidade de a Anatel participar dos debates sobre essa questão e disse que a comissão deve solicitar ajuda da Câmara dos Deputados ou do Senado para que a agência se posicione. Da mesma forma, o deputado defendeu o envolvimento dos Ministérios Públicos Estadual e Federal. O coordenador do Procon, Marcelo Barbosa, informou que encaminhou ofício aos MPs.

Procedimento diferente - A empresa Oi TV adotou medida diferente da utilizada pela Net, conforme afirmou o gerente de Relações Institucionais da empresa, José Luiz Gattas Hallak. Ele disse que a Oi optou por não cobrar pelo ponto extra até que a Anatel esclareça definitivamente qual deve ser o procedimento adotado pelas prestadoras.

O deputado Délio Malheiros questionou ainda os representantes das empresas sobre o atendimento feito ao consumidor por telefone e reclamou da dificuldade encontrada pelo usuário para fazer o cancelamento da assinatura, contando experiência pessoal. "Fiquei uma 1h45min para conseguir o cancelamento, depois de falar com seis atendentes", contou. Marcelo Barbosa também comentou a proposta do Ministério da Justiça de regulamentação dos Serviços de Atendimento ao Consumidor (SACs).

Presenças - Participaram da reunião os deputados Délio Malheiros (PV), presidente; Antônio Júlio (PMDB); e Célio Moreira (PSDB). Também participaram da reunião o gerente geral da Oi TV, Iuri Araújo de Mendonça; e o advogado da Net Serviços, José Henrique Cançado Gonçalves.

 

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