Dnit prevê conclusão da BR-367 em quatro anos

A BR-367 foi projetada ainda no governo Juscelino Kubitschek, para unir Diamantina a Porto Seguro (BA), seguindo ao l...

20/06/2008 - 00:01
 

Dnit prevê conclusão da BR-367 em quatro anos

A BR-367 foi projetada ainda no governo Juscelino Kubitschek, para unir Diamantina a Porto Seguro (BA), seguindo ao longo do Rio Jequitinhonha. Depois de 60 anos, é uma rodovia federal intermitente, com pontes de madeira e trechos sem asfaltamento. Para discutir as responsabilidades pela interrupção da obra e pressionar pela sua conclusão, a Comissão de Transporte, Comunicações e Obras Públicas da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deslocou-se para Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, nesta sexta-feira (20/6/08), a requerimento do deputado Paulo Guedes (PT).

Paulo Guedes disse que pediu essa reunião em solidariedade ao abandono rodoviário em que vive a população de Minas Novas, Chapada do Norte e Berilo. "Sou de São João das Missões, cidade mais pobre de Minas, e também não temos asfalto. Nem Manga, a maior cidade das proximidades, é ligada por asfalto", criticou. O vereador minasnovense Alcides Guedes Filho exibiu um vídeo por ele preparado, mostrando os trechos mais críticos da estrada.

Além de Guedes, que presidiu a audiência, compareceram os deputados Carlos Pimenta (PDT) e Délio Malheiros (PV). O deputado federal Gilmar Machado (PT-MG), da Comissão de Orçamento da Câmara, e o superintendente regional do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (Dnit) atenderam ao convite da comissão, bem como o coordenador regional do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) em Araçuaí, Marco Antônio de Lima.

Pelos esclarecimentos prestados durante a reunião, o convênio para concluir a rodovia vigorava desde 1989, entre o antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) e o DER-MG. Depois de todo esse tempo, os valores ficaram defasados e uma das empreiteiras entrou em estado pré-falimentar. A situação jurídica chegou a tal ponto de impasse que a solução foi rescindir o contrato, e essa decisão foi assinada na última quinta-feira (19).

Viaduto-fantasma sobre o Rio Fanado

O retrato da situação da BR-367 está diante dos olhos da população minasnovense: um viaduto de 130 metros, sobre o Rio Fanado, que permitiria retirar o tráfego pesado de dentro da cidade histórica. A obra foi concluída recentemente pela empreiteira, mas os acessos, chamados "encabeçamentos", foram danificados pela erosão. O representante do DER-MG anunciou na reunião que estão assegurados R$ 1,1 milhão para recuperá-los e concluí-los.

Cerca de R$ 300 milhões serão necessários para transfomar a BR-367 no corredor de transporte para o qual foi projetada, para permitir deslocamentos turísticos, o escoamento da produção de café de Capelinha, a movimentação de cargas de eucalipto e incrementar as oportunidades de desenvolvimento trazidas pela Usina Hidrelétrica de Irapé.

"O problema da BR-367 não é falta de dinheiro, mas as questões jurídicas, ambientais e licitatórias para o reinício das obras. Há dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para isso. O Dnit vai assumir a obra e conseguir as licenças ambientais necessárias", disse o deputado federal Gilmar Machado.

Prazo de quatro anos é inaceitável, segundo deputado

No entanto, o engenheiro Carlos Rogério Caldeira, do Dnit, prevê que a obra só poderá ser iniciada dentro de um ano, e levará mais três para ser concluída inteiramente, com asfaltamento do trecho Minas Novas-Virgem da Lapa (70 km) e Jacinto a Salto da Divisa (60 km), além da recuperação de outros trechos já asfaltados que não têm acostamento. Segundo ele, o processo de licitação dos projetos de engenharia pode começar em julho, mas demandarão um ano para serem concluídos. Fernando Guimarães Rodrigues acrescentou que há prazos e medidas compensatórias a serem cumpridas para o licenciamento ambiental.

Esse cronograma preocupa o deputado Carlos Pimenta, que deseja maior agilidade no processo. "Dentro de quatro anos não tem mais presidente Lula, nem PAC, nem governador Aécio Neves. A população não pode esperar tanto tempo", criticou. Pimenta questionou a falta de projetos de engenharia, que deveriam existir dentro do convênio entre DNER e DER-MG.

Os engenheiros explicaram que trechos críticos, como aquele entre Berilo e Virgem da Lapa, necessitam de projetos rodoviários inteiramente novos, porque se trata praticamente de uma estrada vicinal. Pimenta requereu uma audiência com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e o diretor-geral do Dnit, com o intuito de agilizar o processo, e outra para obter do DER-MG o compromisso de dar manutenção na estrada até o início das obras definitivas.

O deputado Délio Malheiros disse que acaba de conseguir ambulâncias do Governo do Estado para Minas Novas e cidades próximas, mas elas vão trafegar em estradas precárias. "Se o IPVA e parte do seguro obrigatório fossem destinados para as estradas, e se os caminhões não trafegassem com excesso de peso, todas estariam em ótimas condições", observou o deputado.

Diversas lideranças civis e políticas das cidades afetadas pela interrupção da BR-367 foram ao microfone de aparte apresentar críticas, apelos e sugestões, entre elas vereadores, vice-prefeitos, prefeitos e lideranças classistas de Minas Novas, Berilo, Chapada do Norte, Almenara e Angelândia.

Presenças - Deputados Paulo Guedes (PT), que presidiu a reunião; Délio Malheiros (PV) e Carlos Pimenta (PDT). Também participaram da reunião o vereador Orelino Souza, de Minas Novas; e o prefeito de Capelinha, Gerson Fernandes.

 

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