Conflitos estudantis e rurais levam deputados a Montes Claros

Acusações de violência excessiva da Polícia Militar contra estudantes que participaram de protesto em Montes Claros (...

20/06/2008 - 00:01
 

Conflitos estudantis e rurais levam deputados a Montes Claros

Acusações de violência excessiva da Polícia Militar contra estudantes que participaram de protesto em Montes Claros (Norte de Minas), no dia 24 de abril, serão investigadas pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. A requerimento da deputada Ana Maria Resende (PSDB) e dos deputados Durval Ângelo (PT), Luiz Tadeu Leite (PMDB) e Carlin Moura (PCdoB), a comissão realizará reunião com convidados na Câmara Municipal de Montes Claros, na quinta-feira (26/6/08), às 9 horas. Logo em seguida, às 11 horas, a comissão discute no mesmo local a violência agrária em municípios do Norte de Minas. A Câmara fica na Avenida Doutor João Luiz de Almeida, nº 40, no bairro Vila Guilhermina.

O confronto no dia 24 de abril aconteceu depois que a Polícia Militar foi chamada para desocupar o hall de entrada da prefeitura de Montes Claros, que havia sido tomado por centenas de estudantes que reivindicavam o meio passe no transporte coletivo. Os estudantes se recusavam a sair antes de serem atendidos pelo prefeito Athos Avelino. Segundo o depoimento dos estudantes, homens da tropa de choque e do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) utilizaram bombas de efeito moral, spray de pimenta, cães e até mesmo balas de borracha na desocupação.

Ainda de acordo com os representantes estudantis, o confronto deixou 23 feridos por balas de borracha e estilhaços de bombas. Uma estudante de treze anos foi hospitalizada com um corte no peito, provocado por estilhaço. O engenheiro agrônomo Frederico Lima, ex-coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Viçosa (DCE-UFV), foi mordido por um cão e teve seu braço ferido por uma bala de borracha. Algumas pessoas teriam sido empurradas do alto de uma escadaria na prefeitura, sofrendo ferimentos. Foram presos 20 estudantes, mais tarde liberados.

Para discutir causas e providências relativas ao confronto, estão convidados o prefeito de Montes Claros, Athos Avelino; o ouvidor de Polícia, Paulo Vaz Alkimim; a secretária de Educação, Esportes e Lazer de Montes Claros, Dagmá Brandão Silva; o vereador Lipa Xavier; o comandante da 11ª Região da Polícia Militar, coronel Heli José Gonçalves; a representante do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais, Celina Areas; o major da PM Ronaldo Silveira de Alcântara; e o estudante Daniel Ferreira Coelho, diretor da União Estadual dos Estudantes.

Violência agrária também é tema de reunião

Também da Câmara Municipal de Montes Claros, a partir das 11 horas, a Comissão de Direitos Humanos realiza audiência pública para esclarecer os conflitos agrários ocorridos em Rio Pardo de Minas e Nova Porteirinha, que envolvem trabalhadores rurais sem-terra, e em São José da Ponte, Varzelândia e Verdelândia, que envolvem quilombolas. O requerimento para a realização do evento é do presidente da comissão, deputado Durval Ângelo, que atende pedido da Comissão Pastoral da Terra (CPT). A reunião acontece logo após debate a respeito do confronto entre estudantes e policiais militares ocorrido em Montes Claros no dia 24 de abril.

Alguns dos casos que preocupam a CPT envolvem a comunidade quilombola de Brejo dos Crioulos, área de 17 mil hectares que já foi demarcada pelo Incra, mas não foi desapropriada. A indefinição mantém o clima de tensão e confronto entre os quilombolas e latifundiários. São 300 famílias descendentes de escravos que vivem nas margens do Rio Arapuim, na divisa dos municípios de São João da Ponte e Varzelândia.

A CPT acusa policiais militares da região de atuarem em defesa dos latifundiários com intimidações e ações ilegais. Em 2007, famílias da Fazenda Vista Alegre teriam sido atacadas e expulsas por milícia armada, que feriu dois quilombolas a tiro. Também há acusações de despejos ilegais em Janaúba e de intimidações feitas por policiais à paisana.

Em Rio Pardo de Minas, os problemas envolvem um grupo de militantes sem-terras que, desde 2007, ocupam uma área no município. Eles dizem estar sendo intimidados pela polícia e por policiais que estariam servindo de guardas em fazendas vizinhas.

Estão convidados a debater a questão o superintendente regional do Incra, Marcos Helênio; o desembargador Gercino José da Silva Filho, ouvidor agrário nacional; o procurador de Justiça e coordenador do CAO-Conflitos Agrários, Afonso Henrique de Miranda Teixeira; o diretor-geral do Instituto de Terras (Iter), Luiz Antônio Chaves; o representante da Comissão Pastoral da Terra, Paulo Roberto Faccion; representante do Movimento Trabalhadores Rurais Sem Terra, Cristiano Meireles; representante da Organização pela Libertação dos Sem Terras, Jairo Amorim; representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Pardo de Minas, Elizeu José de Oliveira; e representante da comunidade quilombola Brejo dos Crioulos, José Carlos Oliveira Neto.

 

 

 

 

 

 

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