Audiência aponta soluções para problema de água em Santa Luzia

Uma audiência de comissão da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (19/6/08), conseguiu resultad...

19/06/2008 - 00:03
 

Audiência aponta soluções para problema de água em Santa Luzia

Uma audiência de comissão da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (19/6/08), conseguiu resultados concretos para solucionar o problema de centenas de moradores do bairro Casa Branca e outros de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que ainda não têm ligação de água. Foi o debate promovido pela Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte por iniciativa do deputado Fábio Avelar (PSC), que trouxe dezenas de moradores ao Teatro da ALMG. Essas pessoas vivem em loteamentos irregulares antigos e sofrem com a falta de acesso a serviços essenciais como água, luz e esgoto.

A reunião colocou frente a frente Ministério Público local, prefeitura do município e Copasa, e como resultado, ficou definido que os moradores devem procurar a prefeitura para obter o número oficial de seus imóveis. A seguir, devem protocolar na Copasa o pedido para efetivar a ligação de água. Se a companhia não efetuar a obra, a medida a ser tomada será uma ação civil pública para exigir o fornecimento. Essa orientação de como agir foi dada depois que o promotor de Defesa do Consumidor Carlos Eduardo Dutra Pires, de Santa Luzia, contestou a Copasa. Ele afirmou que o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado em 2002 entre a empresa e a Procuradoria-Geral de Justiça não tem validade para o município. A Copasa alega que, segundo o TAC, está impedida de instalar seus serviços em loteamentos irregulares em todo o Estado.

Além do bairro Casa Branca, que existe há mais de 30 anos, sofrem com o problema moradores dos bairros Castanheira, Recanto Maquiné, Três Corações, Parque Boa Esperança, Chácara do Sossego e Fazenda Alcobaça, entre outros.

Deputados consideram debate um instrumento para fundamentar ação dos moradores

Para o deputado Fábio Avelar, que vem tentando resolver o problema há alguns anos em parceria com a comunidade, a audiência teve resultados positivos. "Tudo o que foi dito está registrado nas notas taquigráficas, que serão remetidas às associações de moradores para subsidiar suas reivindicações", ressaltou. Ele disse ainda que a comissão vai acompanhar os desdobramentos desse caso. Na avaliação do deputado, a audiência é emblemática, pois, ao apontar uma solução para o problema de Santa Luzia, abre caminho para saída semelhante em várias cidades da RMBH.

"O TAC é perverso, pois imobiliza a companhia de saneamento e cria uma certa comodidade na empresa para não investir. Precisamos de agilidade e criatividade", cobrou ele, que chegou a sugerir, na reunião desta quinta (19), um termo aditivo ao TAC a fim de não abarcar loteamentos implantados antes de 2002. Avelar preocupou-se em demonstrar, por outro lado, que esse instrumento é importante para proteger o meio ambiente e coibir os loteamentos clandestinos.

O autor do requerimento da reunião foi apoiado pelos deputados Antônio Júlio (PMDB) e Délio Malheiros (PV), presidente da comissão. Para Antônio Júlio, o TAC deveria tomar um caminho inverso: obrigar o poder público a levar água para o bairro Casa Branca e outros. Ele também criticou a ausência dos vereadores do município no debate.

Para Malheiros, é possível ajuizar uma ação contra a Copasa para obrigá-la a instalar a rede de água. Nesse processo, o Ministério Público local se manifestará formalmente e o juiz analisará se o TAC tem validade. Ele também fez um alerta: o de que às vezes esse instrumento é firmado sem ouvir a parte mais interessada. Para o morador Arlem Caetano dos Reis, do bairro Três Corações, o TAC se revelou, neste caso, "uma desculpa da Copasa e da prefeitura para não levar água às localidades".

Representante da Copasa diz que encaminhará questão ao departamento jurídico

O promotor de Defesa do Consumidor Carlos Eduardo Dutra Pires, de Santa Luzia, enfatizou que o TAC mencionado pela Copasa não teria validade para aquele município, pois foi assinado por promotores de Belo Horizonte. Na avaliação dele, aqueles que se dizem empresários vendem os loteamentos, e também as prefeituras se isentam das penalidades e os cidadãos acabam sendo vítimas mais uma vez.

Já o chefe do Departamento Operacional da RMBH da Copasa, João Andrade, afirmou que a companhia tem condições técnicas de levar água às localidades, mas enfatizou que é preciso aguardar que medidas legais regularizem a situação dos loteamentos clandestinos. Ao repercutir as declarações do promotor, informou que remeterá o caso ao departamento jurídico da companhia - que entende ser o TAC válido para todas as comarcas de Minas. O diretor de Obras da prefeitura de Santa Luzia, Reinaldo Martins Ferreira, limitou-se a dizer que "como técnico da prefeitura, me confesso incompetente", e lamentou o fato de as pessoas estarem na situação de falta d'água.

A presidente da Associação Comunitária do Bairro Casa Branca, Rosiney Luzia dos Santos Andrade, relatou o drama das comunidades. Segundo ela, a água vem de caminhão-pipa duas vezes por semana e acaba no mesmo dia. "Quem não tem cisterna usa água contaminada, dividida com os animais. É impossível viver sem água no século 21; ainda mais num bairro com mais de 30 anos de existência, comprovado por documentação. Teremos que pagar por isso?", questionou.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Délio Malheiros (PV), presidente; Fábio Avelar (PSC), Antônio Júlio (PMDB), Célio Moreira (PSDB) e Weliton Prado (PT), além do deputado federal Elismar Prado (PT-MG).

 

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