Ex-professores da Fumec pedem reparação por danos morais

As demissões de professores da Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec) no ano passado e a perseguição a alunos...

19/06/2008 - 00:01
 

Ex-professores da Fumec pedem reparação por danos morais

As demissões de professores da Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec) no ano passado e a perseguição a alunos que se manifestaram contra isso foi novamente discutida na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Nesta quinta-feira (19/6/08), representantes dos ex-professores e de alunos pediram providências para a reparação dos danos morais causados pela exposição pública de seus nomes por parte de dirigentes da instituição. Eles participaram da reunião conjunta das Comissões de Direitos Humanos e de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática, a requerimento do deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB), vice-presidente da primeira comissão.

Já na abertura da reunião, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), explicou que a ALMG não tem competência constitucional para intervir diretamente na fundação, mas que a comissão é o espaço adequado para acolher as denúncias. "Tentaremos sensibilizar os responsáveis e cobrar providências das entidades competentes", acrescentou.

A ex-conselheira e ex-professora da Fumec, Renata Guerra, disse que professores e funcionários foram submetidos a um "linchamento moral" a partir das informações do relatório preliminar apresentado pela empresa contratada para fazer auditoria da instituição. A auditoria que, segundo Renata Guerra, está sob suspeita, foi feita por uma empresa americana. Apesar de a empresa ter escritório em Belo Horizonte, o serviço foi contratado, em 2006, da sede de São Paulo. Segundo ela, o relatório foi lido diante dos alunos e da imprensa, e os nomes de vários funcionários da instituição foram expostos sem que eles tivessem tido o direito de se defender.

Renata Guerra disse que, a partir desse episódio, novas demissões ocorreram na universidade. Os funcionários acusados de corrupção foram demitidos sem justa causa, o que, segundo a ex-professora, seria uma contradição. Ela também disse que, dois meses depois da auditoria, os auditores saíram da empresa. Hoje a Fumec passa por um "momento de exceção", em que as normas estatutárias e regimentais estão sendo relativizadas, segundo Renata Guerra. "Queremos discutir os aspectos técnicos do relatório com as pessoas competentes para isso", afirmou, referindo-se às conclusões do documento que ela considera equivocadas.

Direitos violados - O deputado João Leite (PSDB) lamentou o que estão fazendo com os professores e alunos, e disse que o sofrimento deles deve servir como ensinamento, porque as pessoas ainda não sabem o que são os direitos humanos. "Todos os dias no Brasil a violação dos direitos humanos é celebrada com a exposição dos dramas humanos na televisão", criticou. Ele disse ser favorável às auditorias, desde que elas sejam sigilosas. "Espero que o Ministério Público puna os responsáveis por essa exposição tão vil", defendeu.

TJMG deve julgar pedido de intervenção na Fumec

O pedido de intervenção na Fumec está para ser julgado pela 15ª Câmara do Tribunal de Justiça de Minas Gerais a qualquer momento, conforme informação do ex-professor da Fumec, Getúlio Neuremberg de Faria Távora. "O que aconteceu na Fumec foi um golpe de Estado", afirmou. Segundo ele, no final de 2007, ocorreram 41 demissões somente na Faculdade de Ciências Humanas e mais de cem, se forem consideradas as dispensas ocorridas em todas as unidades. No curso de Comunicação Social, foram demitidos 14 dos 30 professores.

Getúlio Neuremberg queixou-se da forma como as demissões ocorreram: nos últimos dias do ano letivo, quando os professores já haviam se comprometido com orientação de monografias; e por telefone. Segundo ele, a direção da instituição fez justificativas em relação à carga horária, ao rendimento e qualificação dos professores e até alegou insuficiência didático-pedagógica em alguns casos.

Liberdade vigiada - Para o estudante Júlio César Lima e Silva Mesquita Cardoso, ex-presidente do Diretório Acadêmico (DA) da Comunicação, a universidade deveria formar profissionais críticos e conscientes. "A Fumec virou um campo de concentração", desabafou. Ele disse que os alunos foram obrigados a retirar os nomes de abaixo-assinados para se matricularem, têm recebido notificações extra-judiciais e os espaços utilizados para sua organização vêm sendo negados. Também foi instalada uma câmera em frente ao DA, entre outras medidas de cerceamento da liberdade de expressão dos estudantes.

O deputado Durval Ângelo afirmou que o Ministério da Educação precisa fiscalizar a universidade para verificar as questões relacionadas à gestão democrática da instituição. De acordo com o parlamentar, os relatos apontam para desrespeito a dispositivos constitucionais quanto à liberdade de expressão e também à Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que fala não só do pluralismo ideológico, mas também do pedagógico. Ele sugeriu que os professores entrem com ações individuais de assédio moral contra a Fumec e sugeriu o envio de ofício à Defensoria de Direitos Humanos, para que se designe um defensor público para acompanhar os processos abertos pelos professores e alunos da Fumec relativos a assédio moral.

Os requerimentos apresentados na reunião não foram votados por falta de quórum. Os deputados pediram, ainda, o envio das notas taquigráficas da reunião ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Direitos Hunanos (CAO-DH), à Secretaria de Ensino Superior do MEC, à Câmara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educação e à Promotoria de Justiça de Tutela das Fundações da Capital e para o Conselho Estadual de Educação, para conhecimento e providências.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos; João Leite (PSDB) e Antônio Júlio (PMDB).

 

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