Seis candidatos ao Conselho de Educação recebem parecer favorável

Receberam pareceres favoráveis, após sabatina que durou mais de três horas nesta quarta-feira (11/6/08), os nomes de ...

11/06/2008 - 00:01
 

Seis candidatos ao Conselho de Educação recebem parecer favorável

Receberam pareceres favoráveis, após sabatina que durou mais de três horas nesta quarta-feira (11/6/08), os nomes de seis novos membros para o Conselho Estadual de Educação, indicados pelo governador. A Comissão Especial da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, presidida pelo deputado Arlen Santiago (PTB), argüiu os candidatos Terezinha Marlene Porto, Maria Dolores da Cunha Pinto, Márcio Luiz Bunte de Carvalho, João Victor Mendes de Gomes e Mendonça, Oderli Aguiar e Sílvia Nietsche. A relatoria foi dividida entre os deputados Carlin Moura (PCdoB), Ruy Muniz (DEM) e a deputada Rosângela Reis (PV).

Cada um dos candidatos foi sabatinado em razão de sua especialidade, das grandes questões que afetam a educação e como o Conselho Estadual poderia contribuir para resolvê-las. Rosângela Reis perguntou a Terezinha Porto sobre o transporte universitário, e se haveria risco de extinção do ensino noturno. Esta respondeu que apenas os alunos acima de 14 anos podem estudar à noite, e que o número vem diminuindo por causa dos cursos supletivos e de jovens e adultos. Apesar de avaliar que nas periferias e locais mais remotos ainda é grande o número de pessoas que precisam estudar à noite, ela não acredita que haverá demanda pelo ensino noturno por muito tempo.

À candidata Dolores Pinto, Rosângela questionou sobre o ensino de Filosofia e Sociologia, que foi aprovado há mais de dois anos e ainda não foi implantado. Dolores justificou que os pais de alunos receavam que as duas matérias iriam tomar o tempo dos alunos que precisavam estudar matérias requeridas pelo mercado de trabalho. No entanto, o professorado defende essas matérias, porque ajudam a formar a identidade e a consciência crítica dos alunos e apóiam sua postura ética e espírito de cidadania.

Outro tema abordado por Dolores Pinto foi a educação inclusiva para alunos deficientes. Disse que foram visitadas escolas da Inglaterra, Rússia e Cuba, entre outros países, em busca de um modelo de inclusão, que não pode prescindir das escolas especiais, nos casos mais graves de déficit intelectual.

Minas possui o maior número de universidades federais

A candidata Sílvia Nietsche foi questionada pelos deputados Arlen Santiago e Carlin Moura. Santiago perguntou se ela preferia que o governo oferecesse ensino profissionalizante de nível médio ou expandisse para o interior a oferta de cursos de graduação. Sílvia acha que as duas propostas devem ser igualmente consideradas, com prioridade para as escolas agrotécnicas dedicadas às necessidades regionais. Ela lembrou que Minas é o Estado que mais possui universidades federais no Brasil. Quanto à educação à distância, opinou que seria a saída para os que não podem se deslocar, e considera que ainda é acanhada, e poderia ser mais ousada.

Carlin Moura disse que o bom momento da economia pode não ser aproveitado por causa do "gargalo" da educação. Sílvia acrescentou que faltam profissionais principalmente nas engenharias, mas que a Fapemig estaria ajudando os alunos do nível médio a realizar, nas faculdades, as investigações científicas de que necessitam para sua formação. Disse ainda que o governo discute a formação de uma agência reguladora para a educação, nos moldes da Capes, para garantir a qualidade do ensino e interditar instituições incapazes.

O deputado Domingos Sávio (PSDB) condenou a "proliferação absurda" de cursos superiores sem controle de qualidade, e disse que visitou um curso de Pedagogia não-presencial, de má qualidade, mas autorizado por uma portaria ministerial que previa cursos à distância para 120 mil alunos. Ruy Muniz questionou a democracia nas universidades estaduais. Sílvia Nietsche disse concordar com o sistema de lista tríplice submetida à escolha do governador, mas acrescentou que Aécio Neves tem sempre escolhido o mais votado da lista. Muniz revelou ser autor de um projeto de lei de eleição direta para reitor e vice-reitor, com 50% para o corpo docente, 25% para os técnicos administrativos e 25% para os estudantes.

Governo quer aproveitar cursos universitários inconclusos

Ao anunciar a sabatina ao candidato Oderli Aguiar, o deputado Carlin Moura disse que ligou para alunos e professores da Universidade Federal de Viçosa para apurar o perfil do candidato, que os informantes consideram liberal-progressista. Oderli disse que há uma carência de 70% de docentes qualificados na área das ciências exatas, por deficiência das licenciaturas. Revelou que um dos maiores físicos do Brasil admitiu publicamente que sua vocação foi despertada por um bom professor de Física que teve no ensino médio.

Aguiar falou ainda sobre a experiência malograda dos cursos de licenciatura curta que havia há cerca de 40 anos. Disse que o conceito pode ser retrabalhado e que o governo desenvolve a idéia dos "itinerários intermediários", para converter em reopção os cursos de graduação que os alunos abandonam por não terem condições de prosseguir. Falou também sobre o preconceito que existe contra a energia nuclear, que tem usos nobres, como a geração de eletricidade e a radioterapia para o câncer. O deputado Arlen Santiago revelou que há 54 mil pacientes de câncer no Brasil que não podem fazer radioterapia pelo SUS, porque o teto já foi atingido.

Candidato defende cursos de educação à distância

Uma defesa veemente da educação à distância foi feita pelo candidato Márcio Luiz Bunte de Carvalho, que se dedica à Ciência da Computação na UFMG. Ele disse que nos últimos dez anos inspecionou mais de 50 instituições de ensino superior que dão cursos à distância, e que a qualidade é a preocupação principal. Considera esses cursos uma área nobre, mas admite que há também maus exemplos. Disse que até o próximo ano todos os municípios brasileiros terão internet banda larga, abrindo possibilidades para quem não tinha acesso a esses cursos. O Governo Federal estaria regulamentando a graduação à distância, que também deverá ter momentos presenciais.

Quanto ao questionamento de Carlin Moura sobre o escândalo das fundações de apoio à pesquisa desviando fundos em Brasília, Márcio Carvalho disse que essas fundações foram criadas para dar às universidades uma agilidade que não possuem, livrando parte da burocracia. Afirmou que na UFMG não houve abuso.

Extinção de cursos atinge mais a área do Direito

João Victor Mendes de Gomes e Mendonça, professor de História, foi questionado pelo deputado Ruy Muniz sobre a redução de 14 mil vagas no Brasil em faculdades impugnadas por falta de qualidade. Ele respondeu que a preocupação com a qualidade do ensino deve ser não só do Conselho, mas de toda a sociedade, e que esse fato se refere principalmente ao lamentável desempenho de advogados mal formados no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ele propôs que o Conselho faça parceria com os órgãos de classe e seja rigoroso nas avaliações.

Muniz disse que o Sistema Mineiro de Ensino, que enfrenta ação direta de inconstitucionalidade, abrange 150 mil alunos e gera 20 mil empregos diretos. O autor da Emenda à Constituição que criou esse sistema é o deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que estava presente à reunião e falou em defesa de sua iniciativa. Muniz criticou o sistema de franquias de cursos universitários de instituições do Sul que são implantados no Norte de Minas sem as instalações adequadas.

João Victor defendeu o sistema de cotas para negros nas universidades, mas aconselha que seja temporário, e afirmou que o transporte escolar e universitário é considerado o maior problema da educação, que precisa ser resolvido com novos investimentos de todas as esferas de governo. Provocado pelo deputado Carlin Moura, que disse que o Brasil tem 176 faculdades de Medicina, perdendo apenas para a China, e que há grupos estrangeiros comprando ações de universidades privadas, Mendonça manifestou-se vigorosamente também contra a mercantilização do ensino, e pelo expurgo "dos grupos que vislumbram apenas o lucro desenfreado".

O presidente da Comissão, deputado Arlen Santiago, informou que os pareceres sobre os candidatos foram todos favoráveis, e os colocou em votação, com aprovação unânime. Os pareceres vão agora para o Plenário, para aprovação. Depois disso, os membros podem ser nomeados. O Conselho tem 24 membros, e há um projeto em tramitação elevando o número para 30. Carlin Moura criticou que os membros reconduzidos não tenham também que se submeter a sabatina.

Presenças - Deputados Arlen Santiago (PTB), presidente; deputada Rosângela Reis (PV), vice-presidente e relatora; deputados Carlin Moura (PCdoB) e Ruy Muniz (DEM), relatores; deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e Domingos Sávio (PSDB).

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715