Além Paraíba perde empresas para o Rio de Janeiro

Empresários, vereadores e membros de associações comerciais e comunitárias de Além Paraíba, na Zona da Mata, reclamam...

10/06/2008 - 00:01
 

Além Paraíba perde empresas para o Rio de Janeiro

Empresários, vereadores e membros de associações comerciais e comunitárias de Além Paraíba, na Zona da Mata, reclamam da perda de 35 empresas da região para o Estado do Rio Janeiro. Eles participaram, nesta terça-feira (10/6/08), de audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizada na Câmara Municipal de Além Paraíba.

Segundo os participantes da reunião, as alíquotas mais baixas de ICMS e os incentivos fiscais oferecidos pelo Estado vizinho têm feito com que a Zona da Mata receba cada vez menos investimentos. De acordo com eles, o ICMS cobrado sobre a receita das indústrias mineiras varia entre 12% e 18%, enquanto nos 32 municípios fluminenses limítrofes de Juiz de Fora o imposto cobrado seria de 2%. Pelo menos 15 empresas de Além Paraíba teriam se transferido para o Rio de Janeiro por conta dos incentivos fiscais. Um dos exemplos é a Zamboni Atacadista, que ainda mantém a sede da empresa na cidade (porque o proprietário é da lá), mas concentra seus negócios no Rio de Janeiro.

O ex-prefeito de Além Paraíba, Fernando Cruz, lamentou a ausência de um distrito industrial na região e alertou: "Corremos o risco de, muito em breve, nos tornarmos cidade-dormitório de Jabapara (RJ)". De acordo com ele, os milhares de jovens que hoje estão nas escolas de Além Paraíba terão de procurar trabalho em outras cidades, porque o município não oferece oportunidades.

O presidente da comissão e autor do requerimento para a audiência, deputado Délio Malheiros (PV), disse que a região, que já foi uma das mais ricas de Minas, está agora totalmente abandonada, vulnerável à guerra fiscal. Como os representantes do Governo do Estado não compareceram à reunião, o parlamentar informou que vai solicitar outra audiência para discutir o assunto em Belo Horizonte, e vai convidar novamente o secretário de Estado de Fazenda, Simão Cirineu Dias.

Deputado defende mudança da política tributária

O deputado Antônio Júlio (PMDB) pediu aos presentes que se mobilizem para participar da audiência em Belo Horizonte, com o objetivo de sensibilizar o governo para que mude a política tributária do Estado. Ele também criticou a política de substituição tributária adotada por Minas Gerais. "O Executivo criou essas regras esquecendo-se que Minas faz divisa com seis Estados. Agora o governo insiste em não modificar essa política tributária terrível que tanto penaliza os empresários de municípios da divisa".

O deputado Sebastião Costa (PPS) afirmou que a solução para a guerra fiscal requer o envolvimento de todos, inclusive prefeituras. Ele lembrou que o Sebrae tem um programa que premia prefeituras que desenvolvem programas para incentivar empreendimentos.

Na opinião do deputado Vander Borges (PSB), a legislação tributária de Minas é tão complexa que não permite ao cidadão acompanhar o que está acontecendo. Ele lembrou que a iniciativa de mudar a legislação tributária é do Executivo, mas o Legislativo vai levar ao governo as reivindicações da região.

Documento - O presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Além Paraíba (Aciape), Lizardo Glicério Filho, entregou documento aos deputados detalhando os problemas enfrentados pelos empresários da região. O documento traz um comparativo entre a legislação tributária de Minas e do Rio de Janeiro, mostrando o prejuízo causado às empresas mineiras. Os parlamentares se dispuseram a apresentar as reivindicações na próxima audiência que discutirá o assunto.

Djalma Pinheiro, contador em Além Paraíba há mais de 20 anos, disse que a guerra fiscal é agravada pela falta de infra-estrutura no município. Segundo ele, muitas empresas que se interessam em se instalar na cidade não encontram terreno com água, luz e esgoto disponíveis. Com a saída das empresas maiores da cidade, segundo ele, o que está segurando a economia municipal são os pequenos comerciantes.

Empresário do ramo de tecnologia, Fernando Junqueira declarou que é obrigado a comprar 90% dos insumos para seus produtos fora de Minas Gerais, e por isso paga 6% a mais de impostos. Ele reclama que tem que fazer isso porque o Estado está defasado no setor de tecnologia.

Presenças - Deputados Délio Malheiros (PV), presidente; Antônio Júlio (PMDB), Vander Borges (PSB) e Sebastião Costa (PPS).

 

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