Combate à violência em escolas é tema de dois projetos de lei

Um debate sobre violência nas escolas mineiras realizado nesta segunda-feira (9/6/08) pela Comissão de Segurança Públ...

09/06/2008 - 00:01
 

Combate à violência em escolas é tema de dois projetos de lei

Um debate sobre violência nas escolas mineiras realizado nesta segunda-feira (9/6/08) pela Comissão de Segurança Pública marcou o início das discussões sobre dois projetos de lei recém-protocolados na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que propõem políticas para combater o problema. O debate foi realizado a requerimento dos deputados Dinis Pinheiro (PSDB) e Délio Malheiros (PV), que também são os autores dos projetos.

A proposta de Malheiros dispõe sobre o Estatuto do Estudante, e trata de questões como segurança, transporte para professores e alunos, informatização e criação de ouvidorias em escolas estaduais. O projeto foi protocolado na Assembléia nesta segunda (9). Já o projeto de Dinis Pinheiro institui a Política de Prevenção à Violência contra Educadores na rede de ensino fundamental e médio do Estado de Minas, e foi protocolado na sexta (6).

Projetos que aproximem a escola da comunidade foram a principal diretriz de combate à violência apontada pela audiência pública realizada nesta segunda (9). O evento lotou o Teatro da Assembléia, sendo necessária a transferência de dezenas de alunos e outros participantes para outras dependências do Legislativo, a fim de que pudessem acompanhar os debates em telões.

Logo no início, Délio Malheiros citou números que assustam, de pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública em Minas Gerais. Eles indicam que 52% dos estudantes mineiros já viram ou ouviram falar de alguém que tenha consumido drogas nas escolas e 27% já viram pessoas armadas nos estabelecimentos escolares. Em contraste, o tenente-coronel Robson Alves Campos Ferreira, chefe da 3ª Seção do Estado Maior da Polícia Militar, apresentou dados que indicam uma queda no número de ocorrências. Os casos de arrombamento a escolas, por exemplo, caíram de 3.206, em 2004, para 2.532, em 2007. O oficial admitiu, no entanto, que a gravidade das ocorrências em escolas tem aumentado. "Antes não se ouvia falar de aluno que sacou arma para professor ou entrou em luta corporal com ele", afirmou Ferreira.

Já Gilson Reis, presidente do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), que congrega os profissionais de escolas particulares, afirmou que é um mito a afirmação de que a violência é um problema típico das redes estadual e municipal. Ele afirmou que está em fase de conclusão uma pesquisa realizada em parceria com a PUC Minas sobre violência na rede privada, e que dados preliminares indicam casos graves, de assédio moral e mesmo sexual.

Programas mostram resultados

Algumas medidas de redução de violência foram elencadas pelo gerente de Projetos Especiais de Educação da Prefeitura de Belo Horizonte, Ismayr Sérgio Cláudio. Uma delas é o Programa Segundo Tempo, implantado em 120 das 220 escolas municipais da Capital, que vêm mostrando bons resultados. "As escolas que abrem as portas nos finais de semana têm uma redução de 58% nos índices de violência. Outros projetos municipais que contribuíram, segundo Cláudio, são a criação da Guarda Municipal, a instituição de núcleos mediadores de conflitos dentro das escolas e sobretudo a Rede pela Paz nas Escolas, que procura conjugar diversas instituições comunitárias para fazer um mapeamento das situações locais de insegurança e coordenar ações de combate.

A Polícia Militar apresentou um vídeo sobre o Programa Educacional de Resistência à Droga (Proerd), criado em 1998, e que já atendeu mais de um milhão de alunos. O foco principal são os estudantes de 4ª a 6ª séries do ensino médio e são desenvolvidas atividades participativas e palestras de conscientização sobre os problemas causados pelas drogas.

A Defensoria Pública apresentou o projeto Fórum para a Paz Escolar (Forpaz), de parcerias com os conselhos tutelares e outras instituições para desenvolvimento de políticas preventivas, com visitas às escolas e preparação de professores. Ele criticou a idéia de criar uma política de combate à violência voltada especificamente à proteção do professor, como defendido pelo deputado Dinis Pinheiro. "A prevenção da violência não pode ser unilateral, não pode visar um só ator, os educadores", afirmou o defensor público da Infância e da Juventude e coordenador do Forpaz, Wellerson Eduardo Loureiro.

O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Sargento Rodrigues (PDT), apontou o esfacelamento da família como a principal causa dos problemas nas escolas. "Os pais estão transferindo para a escola a responsabilidade pela educação dos filhos", afirmou o parlamentar. Ele disse que as instituições precisam se adaptar a essa realidade. "Quando o controle informal da família e outras instituições já não é suficiente, talvez seja necessário criar mecanismos legais para o professor exercer sua autoridade", declarou o deputado. Ele também lamentou a ausência da secretária de Estado de Educação, Vanessa Guimarães, que também não enviou representante.

Entre os participantes da audiência pública, o presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Estadual Central citou caso de escola situada no Conjunto Palmital, em Santa Luzia, que é vizinha a penitenciária. "Os presos se comunicam com os alunos pelas janelas", afirmou. Já a professora Helena Almeida disse que há escolas em Contagem onde o medo de traficantes de drogas é tão grande que os diretores relutam em abrir a instituição para programas como o Proerd.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Délio Malheiros (PV) e Dinis Pinheiro (PSDB). Também participou da reunião a titular da Superintendência de Ensino Metropolitana C, Maria Lúcia Martins da Silva.

 

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