Parlamento Jovem rejeita redução da maioridade penal

O ponto alto do Parlamento Jovem 2008 foi a discussão de uma proposta que não constará no documento final produzido p...

06/06/2008 - 00:01
 

Parlamento Jovem rejeita redução da maioridade penal

O ponto alto do Parlamento Jovem 2008 foi a discussão de uma proposta que não constará no documento final produzido pelo evento: a redução da idade em que jovens podem ser responsabilizados criminalmente. A proposta, formulada em um encontro preliminar, acabou rejeitada por 47 votos a 30 na reunião final, realizada nesta sexta-feira (6/6/08) no Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. O Parlamento Jovem é um projeto de educação para a cidadania que une a Escola do Legislativo e a PUC Minas, a fim de estimular a participação política e ampliar o conhecimento sobre o Parlamento. O tema escolhido pelos estudantes para ser abordado nos debates deste ano foi "Jovem e violência: Provocador ou vítima?"

A redução da maioridade penal foi uma das 34 propostas elaboradas nos encontros preliminares, que foram organizados em três subtemas: "Violência no cotidiano: Família, escola e comunidade"; "Formação profissional e trabalho: Um projeto para o futuro" e "Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): Direitos e deveres". Durante a votação final nesta sexta-feira (6), 24 propostas anteriores foram mantidas, ainda que com alterações; dez foram aglutinadas ou rejeitadas e outras duas propostas adicionais foram aprovadas, totalizando 26 propostas.

Entre as propostas aprovadas está a ampliação do programa Poupança Jovem, do Governo do Estado, para todas as escolas de ensino médio. O programa garante a alunos de baixa renda uma bolsa de R$ 1 mil para cada ano do ensino médio, a fim de ajudar na continuidade dos estudos. O benefício depende da freqüência e rendimento escolar. Houve também diversas propostas envolvendo projetos culturais voltados para jovens e programas de incentivo a estágios e empregos para jovens.

A discussão da maioridade penal, no entanto, mobilizou a atenção até mesmo das autoridades que abriram o evento. Em entrevistas à imprensa, o ex-secretário adjunto de Defesa Social, Luís Flávio Sapori, disse torcer contra a proposta, por considerar que ela não resolveria o problema da violência. Sapori participou da abertura por ser hoje chefe do Departamento e Coordenador do Curso de Ciências Sociais da PUC Minas.

Também participaram da mesa de abertura do evento o assessor especial da Reitoria da PUC Minas, José Tarcísio Amorim, representando o reitor Dom Joaquim Guimarães; o presidente da Comissão de Participação Popular da ALMG, deputado André Quintão (PT); o professor Wanderley Chieppe Felippe, pró-reitor de Extensão da PUC Minas; o deputado Carlin Moura (PCdoB); o gerente-geral da Escola do Legislativo, Alaôr Marques Júnior; e a professora Haffa Maria Dias, do Colégio Tiradentes, representando as escolas participantes do Parlamento Jovem.

Propostas de jovens já foram incorporadas à legislação

Na abertura do evento, o deputado André Quintão lembrou que diversas sugestões de encontros anteriores do Parlamento Jovem já foram incorporadas ao Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) 2008-11, uma lei votada pela Assembléia para orientar os investimentos públicos no Estado. Ele citou exemplos como investimentos na melhoria da alimentação escolar, ampliação da Escola Integral em Minas e criação de uma ação de acompanhamento social nas escolas do Estado. "Hoje o Parlamento Jovem tem incidência concreta na produção legislativa desta Casa", afirmou o parlamentar.

Quintão lembrou ainda que o projeto, que está em sua quinta edição, começou a ser elaborado em 2003, simultaneamente à implantação da Comissão de Participação Popular, que ele preside. "Os dois são irmãos gêmeos", brincou. É essa a comissão que recebe dos estudantes o documento final aprovado em Plenário, com as propostas do Parlamento Jovem, sendo 15 delas priorizadas.

Falando em nome do reitor da PUC, José Tarcísio Amorim e Wanderley Chieppe elogiaram a pertinência do tema abordado pelo projeto. "É uma experiência que vocês com certeza não vão esquecer, vão levar para o resto da vida de vocês", afirmou Chieppe.

Após a abertura, as autoridades deixaram o Plenário e a reunião passou a ser conduzida pelos 120 estudantes que participam desta edição. São estudantes do Colégio Frei Orlando (unidades Carlos Prates e Alípio de Melo), Colégio Tiradentes (unidades Gameleira e Santa Tereza), Colégio Loyola, Escola Estadual Walt Disney e Escola Santo Tomás de Aquino. Também participam, como monitores, 20 alunos do curso de Ciências Sociais da PUC Minas. Em eventos preliminares, desde março deste ano, os alunos tiveram a oportunidade de debater o tema escolhido com o presidente da Comissão de Segurança Pública da ALMG, deputado Sargento Rodrigues (PDT), e o integrante da Comissão de Direitos Humanos, deputado João Leite (PSDB).

Desde o início do projeto, já são 500 participantes, 23 escolas atendidas e 120 propostas recebidas, tratando de temas como drogas, cotas para minorias em universidades, ética na vida pública e política educacional. Em 2008, a experiência caminhou lado a lado com outro projeto da Assembléia para conscientização política dos jovens: o Expresso Cidadania, que percorreu todas as regiões do Estado oferecendo oportunidades para debate, emissão de títulos eleitorais e carteiras de identidade. Um esquete teatral que integrava as apresentações do Expresso Cidadania animou a reunião do Parlamento Jovem nesta sexta-feira (6).

O gerente-geral da Escola do Legislativo, Alaôr Marques, afirmou que os jovens que já participaram do Parlamento Jovem mostraram disposição para atuar na política de uma forma mais ampla, e alguns já se tornaram líderes estudantis ou comunitários. Isso, para ele, é prova de que o projeto está alcançando seus objetivos. "Esse projeto é uma forma da Assembléia apostar na vontade do jovem de mudar a realidade do País", afirmou Marques, que é um dos coordenadores do evento.

 

 

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