Comissões cobram intervenção do Estado em reajuste de medicamentos

A necessidade de uma maior intervenção do governo do Estado e do Ministério Público na regulação dos preços dos medic...

04/06/2008 - 00:01
 

Comissões cobram intervenção do Estado em reajuste de medicamentos

A necessidade de uma maior intervenção do governo do Estado e do Ministério Público na regulação dos preços dos medicamentos foi a conclusão dos deputados das comissões de Saúde e Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa, na reunião conjunta realizada nessa quarta-feira (4/6/08). A audiência, solicitada a requerimento dos deputados Dinis Pinheiro e Dalmo Ribeiro Silva, ambos do PSDB, teve o objetivo de debater o aumento nos preços dos medicamentos praticados pelos laboratórios em percentual acima da inflação, conforme editorial publicado pelo jornal Estado de Minas de 5 de abril desse ano. Estiveram presentes representantes da Secretaria de Estado da Saúde, do Procon Municipal, do Ministério Público e do Sindicato do Comércio Varejista de Medicamentos.

De acordo com Dinis Pinheiro, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos apontou que 208 produtos foram reajustados irregularmente e apresentaram aumentos de até 52% em relação ao ano passado e de até 952% nos últimos dez anos. "Baseado em quê esses reajustes foram feitos, tendo em vista que houve redução tributária e queda do dólar? É preciso que o Ministério Público e o governo fiscalizem mais e mudem essa realidade", disse.

A coordenadora do Procon Municipal de Belo Horizonte, Stael Riani, aponta que é necessário que o poder público abra o mercado e invista mais em pesquisas para que o preço se torne mais acessível ao consumidor. De acordo com ela, o segmento farmacêutico é restrito, o que torna a concorrência menor e o preço mais alto. "Os laboratórios são poucos e não têm o poder de barganha que os órgãos públicos têm para negociar a aquisição de medicamentos. É preciso mais concorrência e desenvolvimento de produtos mais baratos. Por isso, hoje, o consumidor tornou-se refém dos laboratórios", alertou.

O representante do Sindicato do Comércio Varejista de Medicamentos, Lázaro Luiz Gonzaga, concorda que é necessária a livre concorrência e um maior investimento em pesquisas para que o preço caia, mas cobra do poder público a regulamentação da Lei 14.131, de 2001, que reduz o ICMS dos medicamentos de 18% para 12%. Sobre o tema, o presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Mosconi (PSDB) afirmou que a comissão está a par da situação e irá solicitar providências ao Poder Executivo.

Secretaria de Saúde afirma que preços praticados caíram em relação a 2007

O superintendente de Gestão da Secretaria de Estado da Saúde, Jorge Luiz Vieira, disse que os preços praticados pelo Estado, por meio da "Farmácia de Minas", são inferiores aos registrados no ano passado. Segundo ele, isso se deu pela mudança na estratégia de aquisição dos medicamentos, que foram feitos por compra conjunta com o Estado de São Paulo.

Em sua fala, Vieira afirmou ainda que o índice de falta de medicamentos caiu drasticamente e que o volume adquirido aumentou. De acordo com ele, a Farmácia de Minas oferece, hoje, 70 diferentes medicamentos, o que, no entanto, ainda é insuficiente para atender toda a população. "A secretaria não está alheia à situação e o monitoramento de preços tem sido feito. Muito já foi feito e a situação é bem melhor que registrada num passado recente, mas admito que há muito a ser melhorado", disse.

O representante do Ministério Público, Paulo César Marques Neves, alertou para a falta de recursos técnicos que respaldem o órgão na efetiva investigação do aumento abusivo de preços. Segundo ele, para saber o custo real do medicamento e determinar se os reajustes são ou não justificáveis, é necessário um quadro técnico amplo e bem estruturado, que ainda não existe. Ele lembrou também que é preciso que haja uma atuação mais forte do governo em campanhas de educação para o consumo de remédios, já que a automedicação e a cultura do consumo excessivo ainda são observadas no País. O também promotor Antônio Joaquim Fernandes, fez coro às palavras do colega quanto ao marketing exagerado feito pelas indústrias do setor, mas sugeriu à ALMG que atue no sentido de fortalecer o poder de compra de medicamentos por parte dos municípios. "Se aumentarmos a distribuição por parte do poder público, poderemos oferecer preços mais acessíveis à população de baixa renda", ponderou.

Qualidade e monopólio - Os deputados Délio Malheiros (PV), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, e Arlen Santiago (PTB) destacaram a necessidade da preocupação com qualidade dos medicamentos, tanto quanto com os preços praticados. Para eles, a solução é complexa, mas é preciso que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério Público apurem denúncias de produtos sem efeito que vêm sendo comercializados no Brasil. Na opinião de Santiago, o problema dos preços e da falta de qualidade é reflexo do poder da indústria farmacêutica. "O setor tem um poder de indústria bélica e é uma fonte de corrupção. Os preços estatais são diferenciados e os profissionais são corrompidos pelas multinacionais que têm a força financeira nas mãos", lembrou o parlamentar.

Os deputados Hely Tarqüínio (PV), Carlos Pimenta (PDT) e Doutor Rinaldo (PSB) também acreditam que é preciso uma maior intervenção do Estado no setor farmacêutico. Para eles, o fortalecimento das farmácias populares, a livre concorrência, a educação para o consumo, a maior fiscalização da qualidade pela Anvisa e a regulamentação da lei que reduz o ICMS dos medicamentos podem reduzir o problema. "É uma guerra em várias frentes. A ALMG, o Procon, o Ministério Público, o governo do Estado e a população devem estar integrados e juntos para a situação possa melhorar ano a ano", concluiu Tarqüínio.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente da Comissão de Saúde; Hely Tarqüínio (PV), vice; Carlos Pimenta (PDT); Doutor Rinaldo (PSB); Délio Malheiros (PV), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor; Walter Tosta (PMN); Dinis Pinheiro (PSDB); e Antônio Genaro (PSC), além dos convidados citados na matéria.

 

 

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