Autoridades do Vale do Aço pedem mais recursos para a saúde

Problemas como falta de leitos hospitalares e de investimentos em atenção básica à saúde atingem não só os municípios...

29/05/2008 - 00:04
 

Autoridades do Vale do Aço pedem mais recursos para a saúde

Problemas como falta de leitos hospitalares e de investimentos em atenção básica à saúde atingem não só os municípios de regiões mais carentes de Minas Gerais. Prefeitos, secretários de saúde e moradores da Região Metropolitana do Vale do Aço, uma das mais prósperas do Estado, também reclamam do sistema de saúde e pedem mais recursos para o setor. Todos os presentes à audiência pública realizada pelas Comissões de Saúde e do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (29/8/08), na Câmara Municipal de Ipatinga, lamentaram a não regulamentação da Emenda à Constituição nº 29. A norma define percentuais a serem aplicados na saúde por União, Estados e municípios.

A votação do Projeto de Lei Complementar 306/08, que regulamenta a Emenda 29, na Câmara dos Deputados, foi adiada para a próxima terça-feira (3). Como não existe a regulamentação, aguardada desde 2000, União e Estados não estariam investindo os percentuais exigidos. Já os municípios, segundo os prefeitos, são obrigados a gastar o que não têm com a saúde, porque são pressionados diretamente pela população. Pela emenda, a União deveria aplicar em saúde 10% da arrecadação; Estados, 12%; e os municípios, 15%. "Esse já é um percentual alto! Do bolo tributário, os municípios ficam com apenas 14%, enquanto a União detém 64% da arrecadação", disse o prefeito de Belo Oriente, Pietro Chaves. Em seu município, atualmente, ele afirma estar gastando 26% com a saúde.

Déficit - A reunião em Ipatinga foi solicitada pela presidente da Comissão do Trabalho, deputada Rosângela Reis (PV), preocupada com o crescimento populacional do Vale do Aço. Segundo ela, a oferta de serviços de saúde não estaria crescendo na mesma proporção. A região metropolitana é composta por Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso, além do chamado "colar metropolitano", composto por outros 22 municípios.

O diretor da Gerência Regional de Saúde de Coronel Fabriciano, Anchieta Pogialli, mostrou dados sobre programas e investimentos crescentes do Governo do Estado em saúde. Os indicadores que medem o acesso aos serviços e o estado de saúde da população são, em geral, melhores que os de outras regiões do Estado. Ele admitiu, no entanto, que há um déficit de cerca de 700 leitos na macro regional Leste (que engloba as microrregiões de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Caratinga).

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Mosconi (PSDB), um dos autores da Emenda 29 quando deputado federal, lembrou que problemas de gestão e financiamento da saúde atingem todos os municípios brasileiros, em maior ou menor grau. "Temos que regulamentar a emenda e buscar uma solução definitiva para essa questão", disse o deputado.

Investir em atenção básica é a solução

O representante da Secretaria de Estado da Saúde, Anchieta Pogialli, garantiu que o Governo do Estado está concentrando esforços na atenção básica à saúde, como forma de reduzir o número de internações. Os secretários municipais de saúde presentes à reunião também defenderam a necessidade de se investir mais na atenção primária, ampliando a cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF).

Daí surge outro problema discutido durante a audiência: a falta de médicos para o programa. Mesmo com os salários variando entre 6 e 8 mil reais mensais, há carência de médicos. "Os municípios pagam com muito sacrifício, e mesmo assim os médicos vão embora. Acabamos de perder os dois únicos médicos do PSF que tínhamos", disse o prefeito de Mesquita, José Euler. A deputada Rosângela Reis concluiu: "temos que investir em saúde preventiva, os municípios precisam de mais dinheiro".

O deputado Carlos Mosconi alertou ainda que é preciso oferecer formação adequada para que os médicos atuem no interior. De acordo com o coordenador de Extensão da Faculdade de Medicina Uniaço, Vinícius Lana, a preocupação com a atenção básica à saúde já mudou o currículo da instituição. "A faculdade agora prioriza a formação de um médico mais generalista, apto a trabalhar com saúde pública", afirmou.

Mosconi disse que levará ao conhecimento dos demais deputados da Comissão de Saúde os problemas relatados na audiência, para possíveis encaminhamentos. "Vamos continuar percorrendo o Estado, discutindo os problemas e buscando soluções para a gestão e o financiamento da saúde. Há problemas aqui, mas a situação ainda é melhor que a média do Estado", afirmou o presidente da comissão.

Presenças - Deputado Carlos Mosconi (PSDB), presidente da Comissão de Saúde; e deputada Rosângela Reis (PV), presidente da Comissão do Trabalho.

 

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