Parlamento Jovem 2008 tem sessão final no Plenário, na sexta (6/6)

O Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais promete ficar lotado nesta sexta-feira (6/6/08), a partir das 13...

28/05/2008 - 00:04
 

Parlamento Jovem 2008 tem sessão final no Plenário, na sexta (6/6)

O Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais promete ficar lotado nesta sexta-feira (6/6/08), a partir das 13h30, com a presença de cerca de 120 jovens do ensino médio de sete escolas públicas e particulares da Capital e de 20 alunos do curso de Ciências Sociais da PUC Minas, que atuam como monitores. Eles virão à ALMG para a sessão final do Parlamento Jovem 2008, projeto de educação para a cidadania que une Escola do Legislativo e PUC Minas, a fim de estimular a participação política e ampliar o conhecimento da casa legislativa. O tema estudado é Jovem e violência: provocador ou vítima?, que recebeu 35 propostas, a serem votadas no Plenário.

Ao completar sua quinta edição, o projeto coleciona números: 500 participantes, 23 escolas atendidas e uma centena de sugestões. Mas a riqueza da iniciativa não se restringe às estatísticas, sendo revelada principalmente no aprendizado que o projeto proporciona. É o que destacam estudantes, professores da universidade e do ensino médio e servidores da Assembléia. O ganho de qualidade começa com o formato do evento. No Parlamento Jovem, os estudantes elegem um tema, estudado ao longo do semestre, e formulam propostas que são reunidas num documento-base, a ser votado em Plenário, na sessão final. A dinâmica é semelhante à de um seminário legislativo - maior evento institucional da ALMG. As propostas são analisadas pela Comissão de Participação Popular, subsidiando ações parlamentares.

A coordenadora do projeto pela ALMG, Eugênia Kelles, servidora da Escola do Legislativo, lembra que o projeto de 2004 não é o mesmo de agora. Naquele, os estudantes atuavam como parlamentares. Hoje não há mais simulação, pois os alunos atuam como sociedade organizada. Esse é um diferencial com relação a iniciativas de outras casas legislativas em que os estudantes são levados a atuar como deputados. "O importante é a população se preparar para vir ao Parlamento. O projeto possibilita o conhecimento de realidades distintas, pois trabalhamos com escolas públicas e particulares, e o encontro de vivências diferentes por meio do debate", completa Eugênia.

O gerente-geral da Escola do Legislativo, Alaôr Messias Marques Júnior, ressalta que a ALMG tem se empenhado, desde os anos 1990, em contribuir com ações de sensibilização dos jovens para a participação política. O Parlamento Jovem é uma iniciativa de destaque nesse contexto e tem inspirado pesquisas. Em 2008, está sendo acompanhado pelo professor Mário Fuks, do Departamento de Ciências Políticas da Fafich/UFMG, que desenvolve projeto sobre o PJ. Ele quer saber o seu impacto na aquisição de informações e de valores democráticos pelos adolescentes.

Escolas - Participam dessa edição: Colégio Frei Orlando/Alípio de Melo; Colégio Frei Orlando/Carlos Prates; Colégio Loyola; Colégio Tiradentes PMMG/Gameleira; Colégio Tiradentes PMMG/Santa Tereza; Escola Estadual Walt Disney e Escola Santo Tomás de Aquino.

Violência no cotidiano, ECA e formação profissional na pauta dos debates

A versão final do documento a ser votado em Plenário tem 35 propostas. O tema foi subdividido em três, para facilitar o trabalho: Violência no cotidiano: família, escola e comunidade; Formação profissional e trabalho: um projeto para o futuro e Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): direitos e deveres.

Entre as propostas apresentadas, destacam-se: criação de projetos culturais, profissionalizantes e esportivos que aproveitem o espaço das escolas estaduais; redução da maioridade penal para 16 anos; e criação de campanhas que divulguem o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a fim de mudar a visão de que a norma "passa a mão na cabeça dos meninos e meninas", mostrando que há responsabilização daqueles em conflito com a lei e quais os direitos garantidos pelo Estado.

Também foi sugerida a criação de um banco de idéias de políticas públicas para que jovens possam encaminhar proposições à Comissão de Participação Popular, trabalhando de forma unificada com o Conselho da Juventude. Outras propostas pedem a ampliação: do programa Poupança Jovem para todas as escolas estaduais de ensino médio; de sistemas prisionais alternativos, como as Apacs e do programa Escola Integral. Os estudantes também querem a implantação de cursos profissionalizantes em todas as escolas de ensino médio.

Passo a passo - Para se capacitarem a formatar suas propostas, os estudantes do ensino médio tiveram a ajuda de professores e dos servidores da ALMG. Os trabalhos de preparação tiveram início em 2007, quando alunos da PUC Minas começaram a ser treinados para atuar como monitores. Ao longo deste semestre, houve palestras de especialistas e oficinas de formação política para os universitários; de ferramentas de pesquisa; de entrosamento, funcionamento do blog do projeto e de redação para monitores e estudantes do ensino médio.

Alunos, professores e deputados fazem balanço dos trabalhos

Os depoimentos dos participantes demonstram o resultado positivo do Parlamento Jovem. O deputado João Leite (PSDB), que representou o presidente da ALMG, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), na solenidade de lançamento, em março, destaca que essa é uma oportunidade para o estudante conhecer o Legislativo, apresentando sugestões para aprimorar a democracia.

O presidente da Comissão de Participação Popular, deputado André Quintão (PT), promoveu, em 2007, experiência interessante. Ele avaliou as propostas com os estudantes, mostrando como se dá a análise das sugestões pela comissão, e destacou que os alunos podem e devem acompanhar todo o processo.

A professora Beth Marques, uma das coordenadoras pela PUC Minas, revela que a meta é fazer com que os estudantes sejam autônomos e ampliem o senso crítico, indo além das necessidades do seu grupo. "Eles são desafiados a perceber o mundo de forma alargada e a fazer proposições que pensem a maioria." Na avaliação dela, a percepção da complexidade da democracia, com a aceitação das "regras do jogo", é importante resultado do PJ.

Ana Maria de Paula Lana Souza, professora do Colégio Frei Orlando, que participa do projeto há duas edições, destaca mudanças no comportamento dos estudantes. Antes tímidos, eles agora avançam na articulação das idéias, desinibição e atenção ao noticiário e às questões políticas. "Na sala, a postura é crítica; eles querem saber a razão das coisas", relata.

A estudante Larissa Moreira Sampaio, 17 anos, aluna do 2º ano do Colégio Tiradentes, é "caloura" no projeto. Ela relata que as reuniões de trabalho nos grupos foram momentos importantes. "Aprendemos muito com o projeto e também passamos a ter uma opinião mais crítica da realidade. É uma forma de mudar o que vemos de problemas na vida atual", descreve. Integrante do grupo que estudou o ECA, ela defende que, nos cursos de Direito, os universitários tenham disciplinas ou atividades com foco no estatuto, pois muitos o desconhecem.

Protagonismo no PPAG - Em 2007, alguns estudantes tiveram presença destacada na elaboração do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), projeto do Executivo que estabelece metas gerenciais e de captação de recursos e que é responsável por dar visibilidade às políticas públicas. A tramitação na Assembléia acontece de forma participativa, com a presença dos diversos grupos de interesse em audiências públicas propositivas.

Entre os estudantes que quiseram saber mais sobre o PPAG, estão Isabela Nobre Souza, 18 anos, e Túlio Almeida Lage, 17 anos, ambos do 3º ano do Colégio Frei Orlando e participantes do Parlamento Jovem há duas edições. Isabela foi relatora do grupo de trabalho que discutiu, no PPAG, o tema Protagonismo Juvenil.

Ela faz elogios ao PJ, afirmando que o contato com os deputados demonstrou que eles não vêem os jovens como "inferiores", mas pessoas com idéias fundamentadas e que podem fazer muito pelo bem-comum. "É preciso participar da vida pública; não basta colocar a pessoa no poder", ensina Isabela, que, empolgada, está pensando em prestar vestibular para Ciências Sociais. Para Túlio, que desconhecia o PPAG, a experiência foi muito legal. "O resultado é melhor quando a comunidade participa e quer incluir seus projetos", conclui.

 

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